Conservadores vencem legislativas na Bulgária

Protestos continuam

A vi­tória re­la­tiva dos con­ser­va­dores na Bul­gária pa­rece não ter con­ven­cido nin­guém e tudo in­dica que pri­meiro-mi­nistro de­mis­si­o­nário Boiko Bo­rissov terá di­fi­cul­dades em formar go­verno.

Búl­garos exigem com­bate à po­breza e à cor­rupção

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Com quase todos os votos es­cru­ti­nados (99,5%), a for­mação po­pu­lista e con­ser­va­dora Ci­da­dãos para o De­sen­vol­vi­mento Eu­ropeu da Bul­gária (GERB), do ex-pri­meiro-mi­nistro Boiko Bo­rissov, ga­rantiu 30,07 por cento dos votos, à frente do Par­tido So­ci­a­lista (PSB), com 27,6 por cento.

O DPS, o par­tido da mi­noria turca (10,45%) e o ul­tra­na­ci­o­na­lista Ataka (7,39%) foram as res­tantes for­ma­ções a ga­rantir re­pre­sen­tação no par­la­mento de 240 lu­gares, tendo ul­tra­pas­sado o li­miar mí­nimo de quatro por cento dos su­frá­gios.

Os re­sul­tados ofi­ciais ga­rantem 98 de­pu­tados aos con­ser­va­dores, 86 aos so­ci­a­listas, 33 à mi­noria turca e 23 aos ul­tra­na­ci­o­na­listas.

Para já a vo­tação não per­mite a ne­nhuma das for­ma­ções formar um go­verno com mai­oria par­la­mentar, e a crise so­cial e po­lí­tica, de­sen­ca­deada por uma vaga de pro­testos no início do ano, de­verá pros­se­guir.

Foi na sequência das ma­ni­fes­ta­ções do In­verno, pro­vo­cadas pelo exor­bi­tante au­mento da elec­tri­ci­dade, que Bo­rissov se viu obri­gado a de­mitir-se, es­va­zi­ando assim o mo­vi­mento de pro­testo que de­nun­ciou a po­breza e a cor­rupção das elites po­lí­ticas.

Os mo­tivos da con­tes­tação so­cial per­ma­necem in­tactos. Logo na noite das elei­ções, re­a­li­zadas do­mingo 12, vá­rias cen­tenas de ma­ni­fes­tantes con­cen­traram-se frente ao Pa­lácio da Cul­tura em Sófia, onde se reunia a Co­missão elei­toral, para de­nun­ciar «as má­fias no poder».

Apesar de não ter ha­vido re­cla­ma­ções in­ter­na­ci­o­nais sobre a de­mo­cra­ti­ci­dade do su­frágio, as agên­cias no­ti­ci­osas deram conta de prá­ticas de compra de votos. Na vés­pera do es­cru­tínio foram des­co­bertos 350 mil bo­le­tins de votos falsos numa im­pres­sora dos ar­re­dores da ca­pital.

Com mi­séria não há de­mo­cracia

A po­pu­lação há muito que an­seia e luta por po­lí­ticas que com­batam a po­breza e a cor­rupção. Os dados do Eu­rostat re­velam que 22 por cento dos 7,3 mi­lhões de ha­bi­tantes vivem com um sa­lário de 155 euros, en­quanto 49 por cento da po­pu­lação está no li­miar da po­breza.

Neste quadro, al­guns par­tidos apro­veitam-se da mi­séria para con­se­guir votos e a me­lhor forma é pagar por eles. De acordo com uma no­tícia da Efe, emis­sá­rios par­ti­dá­rios vi­si­taram di­fe­rentes lo­ca­li­dades, in­cluindo guetos de po­pu­la­ções ci­ganas, para re­co­lher fac­turas da elec­tri­ci­dade ou da água com a pro­messa de que as pa­ga­riam se os elei­tores vo­tassem «ade­qua­da­mente».

«Nor­mal­mente o com­pro­va­tivo faz-se através de uma fo­to­grafia do bo­letim de voto ti­rada com um te­le­móvel antes de ser in­se­rida na urna. O eleitor também pode re­ceber um bo­letim de voto mar­cado pre­vi­a­mente», ex­plicou à Efe um in­ves­ti­gador que pediu para não ser iden­ti­fi­cado.

«Ofe­re­ceram-me 50 euros para votar num par­tido de­ter­mi­nado. Claro que apro­veitei, é um terço do meu sa­lário mensal e dá jeito ao or­ça­mento fa­mi­liar», afirmou Ivo Ple­venski, ci­dadão de etnia ci­gana, que tra­balha numa com­pa­nhia de lim­pezas.

Nou­tros casos, os po­lí­ticos en­tre­garam entre 500 e mil euros a um ca­cique que de­cide o voto dos elei­tores de vá­rias fa­mí­lias, in­dicou a mesma fonte.

Apesar de a compra de votos cons­ti­tuir um de­lito su­jeito a pena de prisão até seis anos e multas até dez mil euros, até agora nunca nin­guém foi con­de­nado por tal prá­tica.



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