De que estão à espera?
«Bando de garotos» tornou-se adjectivação corriqueira do Governo de Passos Coelho, sendo de igual uso e prestança «mentirosos», «farsantes», «demagogos», «aldrabões», «incompetentes», «corruptos», «ignorantes», «idiotas», «reaccionários», «criptofascistas», «aventureiros» e por aí fora.
Tudo lhes assenta e tudo têm atraído, desde que tomaram posse há cerca de dois anos. Porventura, ter-lhes-á faltado o epíteto de «cavalos» - ou «bestas», mais a contento do vernáculo -, cujo aqui fica lavrado, mas com anotação: não se trata de umas bestas quaisquer, mas as do Apocalipse, elles mêmes. O rasto de devastação que impuseram às vidas do povo e do País lhes certifica a cooptação bíblica e, desgraçadamente, a isso se resume toda a governança passista: a destruição sistemática e sistematizada dos direitos, liberdades e garantias conquistados pelos portugueses com a Revolução de Abril. O resto, é conversa de chacha.
Pois este «bando de garotos» que, apropriadamente à condição, avançaram de ranchada a abocanhar o poder como se não houvesse dia seguinte, chegaram dois anos depois ao repúdio da pátria e ao ponto, sem retorno, onde já não há quem se atreva a defender-lhes a pele, tirando os acólitos do uso que, entretanto, já nem mesmo na AR se atrevem à antiga basófia dos raciocínios de escada abaixo, como dizia o Camilo dos seus críticos.
A desumanidade de Passos, Portas e C.ª desembocou numa inacreditável bambochata onde os «dois líderes», a fingir ambos, e sempre à vez, que cada um está zangado com o outro para, também cada um, tirar do outro hipotéticas e futuras vantagens eleitorais - enquanto os reformados e os pensionistas do País (mais de três milhões) agonizam no pavor de nada saberem sobre o que lhes vai acontecer às reformas e pensões que estes dois milhanos, alegremente, nas últimas semanas têm andado a boatar estarem mais ou menos em causa, conforme a réplica ou contra-réplica que vão exibindo em público.
Todavia, os supracitados epítetos com que o País, à boca cheia, vai albardando o Governo Passos/Portas diz tudo sobre o rotundo desprestígio em que mergulhou, mas está longe de tudo dizer sobre o estado lastimável a que se chegou.
O estado vegetativo de um Governo onde ninguém manda senão à sorrelfa, lançando medidas pela Comunicação Social mascaradas de «fugas» e que, sucessivamente, avançam e recuam até desaparecerem no éter, enquanto, de concreto, o que prossegue são as malfeitorias irradiando do Ministério das Finanças e espraiando-se pela Saúde, pelo Ensino e pela Segurança Social com minúcia inexorável e maldosa, cortando aqui, ali e acolá, a torto e a direito e fazendo tábua rasa do povo e do País.
Em rigor, quem ainda mantém de pé esta abantesma é a inacreditável cumplicidade do Presidente da República e a, há muito, incompreensível imobilidade do PS.
De que estão os socialistas à espera para ajudarem a travar esta catástrofe?