«O PCP é uma sólida realidade na sociedade portuguesa. Partido que confia no povo e no qual grande parte do povo confia. Partido que olha o seu futuro com confiança, porque com confiança olha o futuro do povo português e de Portugal»(1)

O Partido que não é igual

Margarida Botelho (Membro da Comissão Política)

O PCP de­sem­penha hoje na so­ci­e­dade por­tu­guesa um papel ne­ces­sário, in­dis­pen­sável e in­subs­ti­tuível. Pela acção per­ma­nente e quo­ti­diana em de­fesa dos in­te­resses do povo e do País, pelo com­bate firme e per­sis­tente à po­lí­tica de di­reita, pelo em­penho na uni­dade da classe ope­rária, na for­mação de uma vasta frente so­cial de luta, no for­ta­le­ci­mento das or­ga­ni­za­ções e mo­vi­mentos uni­tá­rios de massas, o PCP é uma força in­dis­pen­sável na re­sis­tência e na luta contra o pacto de agressão. Pelo seu pro­jecto e pro­postas, o PCP é também uma força in­dis­pen­sável à con­cre­ti­zação da al­ter­na­tiva.

Tra­balho, ho­nes­ti­dade, com­pe­tência é uma forma de estar na po­lí­tica

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Vi­vemos tempos em que dia a dia se somam ra­zões e exem­plos que re­forçam ideias que a classe do­mi­nante quer fazer valer: os par­tidos são todos iguais; no fim en­tendem-se todos; andam lá para se en­cher; en­ganam o «Zé Po­vinho». É uma ver­da­deira cam­panha ide­o­ló­gica que pre­tende anular o es­pí­rito crí­tico e im­pedir que as massas dis­tingam os po­si­ci­o­na­mentos, pro­postas e per­cursos de cada um dos par­tidos por­tu­gueses.

O facto de o PCP e da CDU se dis­tin­guirem do lo­daçal em que ul­ti­ma­mente mer­gu­lhou a vida po­lí­tica por­tu­guesa é um ele­mento de­ci­sivo do pres­tígio do Par­tido. Quantas vezes já ou­vimos pes­soas, de­sa­cre­di­tadas da po­lí­tica, dos po­lí­ticos ou até do voto, re­co­nhecer que o PCP e a CDU são di­fe­rentes?

Tra­balho, ho­nes­ti­dade, com­pe­tência é mais do que a con­signa da CDU no Poder Local. É uma forma de estar na vida e na po­lí­tica. O ine­gável valor do tra­balho e da obra do PCP nas au­tar­quias é in­dis­so­ciável do es­tilo de tra­balho, da de­di­cação aos in­te­resses do povo, da em­pe­nhada in­ter­venção e luta pela me­lhoria das suas con­di­ções de vida, da pro­funda iden­ti­fi­cação entre os ob­jec­tivos do PCP e os in­te­resses po­pu­lares.

Ho­nes­ti­dade, com­pe­tência e trans­pa­rência no de­sem­penho das fun­ções, re­cusa de be­ne­fí­cios pes­soais, en­trega e de­di­cação aos in­te­resses das po­pu­la­ções, rigor na con­duta, nos pro­ce­di­mentos, na gestão e no exer­cício dos cargos são ele­mentos que ca­rac­te­rizam a ac­tu­ação dos eleitos co­mu­nistas. O prin­cípio es­ta­tu­tário de não ser pre­ju­di­cado nem be­ne­fi­ciado no exer­cício de cargos pú­blicos traduz a con­cepção de que o Par­tido é o pri­meiro e prin­cipal ti­tular do man­dato e é uma afir­mação con­creta de de­sa­pego ao poder e re­cusa de pri­vi­lé­gios.

Para os co­mu­nistas, estes prin­cí­pios são justos mo­tivos de or­gulho e co­esão. Para a ge­ne­ra­li­dade dos tra­ba­lha­dores e do povo, no en­tanto, o co­nhe­ci­mento de que é esta a ati­tude cí­vica, moral e ética dos co­mu­nistas e de muitos ou­tros can­di­datos e eleitos da CDU está longe de estar ad­qui­rido. Até há quem, de tão es­cal­dado, não acre­dite que seja ver­dade.

Moral e ética

Álvaro Cu­nhal re­fere n’ «O Par­tido com Pa­redes de Vidro» que o «pro­fundo con­traste, evi­den­ciado no dia-a-dia da vida eco­nó­mica, so­cial e po­lí­tica, entre a amo­ra­li­dade das forças re­ac­ci­o­ná­rias e a moral dos co­mu­nistas actua como um im­por­tante factor de des­cré­dito das pri­meiras e da cres­cente con­fi­ança no Par­tido». Talvez não seja exa­gero dizer que esta afir­mação se tornou mais ver­da­deira nos úl­timos tempos – basta pensar como se com­por­taram nas úl­timas duas se­manas os mem­bros do Go­verno e o Pre­si­dente da Re­pú­blica.

Nessa obra, Álvaro Cu­nhal re­fere a so­li­da­ri­e­dade, a ajuda re­cí­proca, a ab­ne­gação, a ge­ne­ro­si­dade, a com­ba­ti­vi­dade, a de­ter­mi­nação, a ca­pa­ci­dade de sa­cri­fício, a dis­ci­plina, o amor ao povo e a de­di­cação aos seus in­te­resses, a isenção pes­soal, o tra­balho es­for­çado para o bem comum, a ver­dade na aná­lise dos factos e na in­for­mação, o res­peito pelo ser hu­mano, como ele­mentos éticos e mo­rais da ide­o­logia e da prá­tica dos co­mu­nistas. Moral e ética que re­sultam na­tu­ral­mente dos ob­jec­tivos da nossa luta eman­ci­pa­dora e que são mo­tivo de atracção e res­peito pelo ideal co­mu­nista. Moral e ética que tanta falta fazem ao País.

Num tempo em que o pacto de agressão das troikas ins­titui como re­gras o ódio aos tra­ba­lha­dores e ao povo, o abuso do poder, a ar­bi­tra­ri­e­dade, o agra­va­mento da ex­plo­ração, o em­po­bre­ci­mento, as fraudes, a cor­rupção, o roubo, faz ainda mais falta um par­tido in­de­pen­dente. Par­tido da classe ope­rária e de todos os tra­ba­lha­dores, par­tido da ver­dade e da es­pe­rança – o PCP.

 

1Da in­tro­dução de «O Par­tido com Pa­redes de Vidro», de Álvaro Cu­nhal

 



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