Os cães de guarda e os donos do canil

José Casanova

Hen­rique Mon­teiro é um jor­na­lista-tipo da nova ordem co­mu­ni­ca­ci­onal con­ge­mi­nada após a der­rota do so­ci­a­lismo na URSS e na Eu­ropa de Leste. É um da­queles es­cribas que Serge Ha­limi de­finiu como «os novos cães de guarda»: jor­na­listas da «re­ve­rência», da «co­ni­vência», do «mer­cado», cujas opi­niões es­sen­ciais coin­cidem sempre, «mi­la­gro­sa­mente», com as do dono do canil - o grande ca­pital.

Como muitos dos seus co­legas, Mon­teiro co­meçou es­quer­dista-de-punho-le­van­tado-e-re­vo­lução-já!, após o que foi fazer re­vo­lução para outro lado, vindo a as­sentar ar­raiais no Ex­presso – que, aliás, lhe as­senta muito bem.

En­quanto voz do dono, tem como alvos pre­fe­ren­ciais os alvos do dono, entre eles o PCP, os seus di­ri­gentes e mi­li­tantes; os sin­di­catos e os di­ri­gentes sin­di­cais… - ou seja, todos os que, sabe-se bem porquê, o dono do canil odeia.

Na úl­tima edição do Ex­presso, a pre­texto do caso de uma dama que se di­vertiu a «brincar aos po­bre­zi­nhos» - e que ele con­si­dera ter sido ví­tima da «po­lícia do pen­sa­mento» da blo­gos­fera! - Mon­teiro meteu a mão no velho baú do an­ti­co­mu­nismo e, à sua ma­neira, sacou lá de dentro, a es­ta­fada cas­sete do co­mu­nismo igual a fas­cismo – «igual­dade» que ao dono do animal in­te­ressa que seja re­pe­tida e re­pe­tida, já que, assim, mata dois co­e­lhos com uma só ca­ja­dada: ataca o co­mu­nismo e bran­queia o fas­cismo.

Re­corde-se, a pro­pó­sito, que a dita «igual­dade» vai mesmo a ca­lhar com a ope­ração em curso de bran­que­a­mento do fas­cismo, le­vada a cabo por essa outra ma­tilha de «cães de guarda» que são os his­to­ri­a­dores do sis­tema.

Re­corde-se, ainda, que o dono do canil – o ac­tual ou qual­quer seu an­te­pas­sado – só co­meçou a fingir-se an­ti­fas­cista após a der­rota do fas­cismo… e sempre foi an­ti­co­mu­nista…

E re­corde-se, fi­nal­mente, que os co­mu­nistas ocu­param, sempre e em todo o mundo, a pri­meira fila da luta contra o fas­cismo – e que sem a acção do Exér­cito Ver­melho e do povo da União So­vié­tica, o nazi-fas­cismo teria muito pro­va­vel­mente al­can­çado o seu ob­jec­tivo de do­mínio do mundo. O que em nada in­co­mo­daria os donos do canil nem, por ar­rasto de trela, os seus «cães de guarda».




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