Mobilização e luta

Ao encerrar de estações de Correios, à perda de qualidade de serviço, à postura arrogante e golpista da administração dos CTT têm respondido a população e seus representantes autárquicos, nomeadamente os da CDU, com a mobilização e a luta firme em defesa do serviço público postal. Lutas que se têm multiplicado em diferentes pontos do País e que assumem as formas mais diversas.

Na Baixa da Banheira (Moita), por exemplo, logo que houve zumzum de que a estação da Baixa da Serra ia fechar de imediato, houve mobilização das pessoas pela Junta de Freguesia e pelo movimento de utentes.

Rogério Santos, do executivo da Junta, relatou que a primeira abordagem teve como destinatários os próprios trabalhadores da estação. A que se seguiu uma série de contactos, desde o sindicato até à Câmara Municipal da Moita, com a contestação a subir de tom e a materializar-se em concentrações junto à estação.

O autarca lembrou ainda que ninguém compreende a intenção que presidiu ao fecho da estação, quando é certo que não obstante a redução de tráfego, alegada pela administração dos CTT, o volume de negócio estaria a aumentar, sendo aquela a que mais clientes movimentava.

O caso de Ervidel (Aljustrel), por seu lado, corresponde a um processo que já dura há nove anos, tantos quantos tem as diligências dos CTT para tentar transferir os serviços para a Junta de Freguesia.

E que esta sempre rejeitou, nunca concordando com o encerramento da estação de correios, como relatou na audição o seu presidente, Manuel Nobre.

A Junta de freguesia foi entretanto surpreendida, quando ainda decorriam conversações entre si e os CTT dentro do prazo estabelecido, com o início de actividade do serviço postal num privado. Pelo meio ficaram acções da população, muitos deles idosos, em defesa da estação de correios, algumas marcadas por factos lamentáveis como foi o da presença de um forte contingente de forças repressivas para intimidar populares pacíficos e ordeiros, muitos de adiantada idade.

Na freguesia de Verderena foi encerrada a estação da Quinta Grande, a maior do concelho, com mais afluência, no coração da cidade, que servia mais de 30 mil pessoas, com transportes colectivos à porta, com espaço para estacionar, com acesso para pessoas com deficiência.

Muitas foram as acções das populações e das autarquias em defesa da estação até ao dia 10 de Maio, uma sexta-feira, dia em que, depois de funcionar normalmente, à noite, foi forrada a papel pardo e esvaziada dos seus móveis durante o fim-de-semana.

Uma operação pela calada da noite, à traição, como sucedeu em outras localidades, que diz bem da qualidade dos seus autores, mas, sobretudo, não demove nem verga os que lutam intransigentemente em defesa de um bem que é de todos.




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