França corta 10 mil milhões

O governo francês prepara-se para apresentar cortes na despesa de dez mil milhões de euros no orçamento para 2014, mas garante aos sindicatos que não aumentará a idade da reforma nem alterará o cálculo das pensões pelo menos até 2020.

O executivo gaulês, que começou, na segunda-feira, 26, a auscultar os sindicatos sobre a «reforma» do Estado, promete ainda que os pensionistas não irão perder poder de compra e que serão concretizadas as propostas sindicais para majorar as pensões das mulheres e dos trabalhadores de profissões penosas.

Todavia, os sindicatos estão conscientes das fortes pressões do patronato e das instâncias europeias que reclamam alterações radicais no sistema de pensões.

Determinados a defender o direito à aposentação e o que resta das chamadas funções sociais do Estado, a CGT e a FO já convocaram uma jornada nacional de luta para 10 de Setembro.

No interior do Partido Socialista levantam-se também vozes que questionam as políticas de austeridade e se erguem em defesa do sistema de pensões.

Um apelo subscrito por 300 socialistas, entre os quais figuram dez membros do Bureau Nacional e 20 membros do Conselho Nacional do partido, recusa qualquer agravamento das pensões de reforma: «Nem um trimestre a mais, nem um euro a menos».

O texto recorda que foi o PS, com outros partidos, que consagrou há 30 anos o direito de reforma aos 60 anos. Mas desde 1993 sucessivas alterações têm limitado o direito à reforma e o valor das prestações. Hoje, a pensão média em França é de 993 euros por mês.

Os signatários recusam ainda a ideia de que o aumento da esperança de vida se deve traduzir num aumento da idade da reforma: «É falso», afirmam notando que «cada activo hoje produz cinco vezes mais do que em 1949».

E acrescentam: «A França nunca foi tão rica e nunca a riqueza esteve tão mal distribuída. Em 1982, os dividendos representavam 3,2 por cento do Produto Interno Bruto. Em 2011 ascenderam a 9,3 por cento do PIB. Trata-se de 180 mil milhões de euros por ano que são pagos aos accionistas, a maior parte dos quais irá gerar novas bolhas especulativas em vez servir para financiar as pensões e aumentar os salários», sublinha o texto.




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