Revolta no 5 de Outubro
Com recurso à greve ou em iniciativas públicas, a CGTP-IN e os trabalhadores fizeram do segundo feriado roubado, este ano, uma jornada de forte luta contra a política que tira do trabalho para dar ao capital.
Em Portugal os dias de trabalho são mais do que na Alemanha ou na Bélgica
Pela primeira vez, o dia de aniversário da República não foi feriado nacional. A CGTP-IN e os seus sindicatos, que para este 5 de Outubro apelaram à resistência e à luta, contra a imposição de trabalho gratuito e a desvalorização geral das remunerações dos trabalhadores, apresentaram pré-avisos de greve, em vários sectores, de modo a dar cobertura legal a todos os que preferiram não trabalhar nestas condições.
Para colocar o protesto à vista da população, em geral, foram realizadas diversas iniciativas, das quais a Intersindical destacou: uma concentração, de tarde, no Jardim Público da Covilhã, com intervenção de Armando Farias, da Comissão Executiva da central; uma acção pública, de manhã, na Rua de Santa Catarina, no Porto, com João Torres, da Comissão Executiva da Inter; uma concentração na Placa Central do Funchal, à tarde; apresentação de pré-avisos de greve pelos sindicatos da Hotelaria do Sul e do Norte (abrangendo, respectivamente, as empresas Eurest, Itau, Solnave, Gertal e Uniself, e o sector dos refeitórios) e pelo Sindicato Nacional dos Trabalhadores da Administração Local.
«Contra o roubo dos feriados, vamos continuar a lutar para derrotar este Governo, pela convocação de eleições antecipadas e por uma verdadeira mudança de políticas, que promovam o desenvolvimento económico e o progresso social do País», apelou o STAL, num comunicado em que deu conta do desenvolvimento da jornada no sector. O sindicato lembrou que, aos quatro feriados roubados pelo Governo, somam-se ainda três dias de férias, igualmente suprimidos, o que significará trabalhar gratuitamente sete dias, este ano – quando Portugal é já um dos países em que se trabalha mais dias por ano. Refere o STAL, como exemplo, que no nosso País há mais 43 dias de trabalho do que na Alemanha e mais 27 do que na Bélgica, mas os salários dos portugueses representam um terço do valor médio registado nestes países.
Em muitas empresas do âmbito sindical da Fiequimetal (indústria e ambiente), os trabalhadores recorreram à greve, neste «dia de trabalho à borla, que vai direitinho para os bolsos do patrão», como a federação denunciou.
A greve do pessoal das cantinas e refeitórios, explorados pela ITAU, teve também por objectivo exigir a aplicação do contrato colectivo de trabalho, garantir a defesa dos direitos dos trabalhadores e reivindicar o aumento dos salários. Foram convocadas concentrações à porta dos hospitais de Abrantes, Portalegre e Elvas.
Foi convocada greve para as 22 lojas do Pingo Doce, no Algarve. O CESP/CGTP-IN, que estima o roubo de cada feriado em cerca de 40 euros, por trabalhador, juntou outros objectivos à luta do 5 de Outubro, como a defesa de direitos e o cumprimento do contrato colectivo pelo patronato, especialmente no que se refere à organização dos horários de trabalho.
A Federação dos Sindicatos de Transportes e Comunicações, alertando que brevemente será necessário voltar ao protesto, para defender os feriados de 1 de Novembro e 1 de Dezembro, apontou 5 de Outubro como um dia de luta, a dar início a uma semana de acções nas empresas públicas do sector:
– a greve no Metropolitano de Lisboa, anteontem, que paralisou a circulação e durante a qual os trabalhadores decidiram voltar a parar no dia 15;
– uma iniciativa conjunta de sindicatos ferroviários de Portugal e de Espanha, ontem, em Lisboa;
– o final da «Onda contra a privatização dos CTT», também ontem, na capital;
– e uma vigília de representantes dos trabalhadores de todo o sector, na Praça Luís de Camões, amanhã, entre as nove e as 18 horas.