Novos combates esperam Bernardino Soares

Foram 18 anos na Assembleia da República como deputado, muitos com a responsabilidade de liderar a sua bancada, em representação do Partido Comunista Português. Sexta-feira passada, 18, Bernardino Soares cessou essas funções de deputado para assumir desde anteontem, dia em que tomou posse, a presidência da Câmara Municipal de Loures. Muda o espaço de intervenção política mas inalterada permanece a postura de lutador consequente com princípios e valores em defesa das classes trabalhadoras e das populações, dos interesses nacionais, dos ideais de justiça social e liberdade, pelo socialismo e o comunismo.

Na hora da despedida, após o habitual período regimental de votações e antes de dar por encerrada a sessão plenária, a presidente da Assembleia da República Assunção Esteves fez menção ao facto com um «adeus, até sempre», sublinhado com uma palavra de «profundo reconhecimento» pelo trabalho do deputado do PCP.

Saudação a que se associaram os líderes de todas as bancadas, com Luís Montenegro (PSD) a referenciar a «capacidade de trabalho» do parlamentar comunista e a reconhecer nele «um espírito construtivo» e uma «notável capacidade de diálogo e de abertura».

«Apesar do mundo de divergências que separam os grupos parlamentares de CDS e PCP, gostava de reconhecer a competência, a inteligência, a capacidade de trabalho e o sentido de humor particular de Bernardino Soares», realçou Nuno Magalhães, sublinhando em particular o seu «sentido de Estado» e acção «em defesa do prestígio» da AR. Retomando uma ideia expressa por Luís Montenegro, o responsável da bancada do CDS-PP disse ainda que «se há de facto um deputado que representa a lealdade parlamentar é o deputado Bernardino Soares». «O não é não – e muitas vezes disse-me não, como se deve imaginar –, o sim é sim», testemunhou Nuno Magalhães, que se despediu com um «até já...», antevendo vir a encontrar o agora edil de Loures «nos corredores da AR a pressionar os grupos parlamentares para resolver problemas do seu concelho e dos seus munícipes».

Heloísa Apolónia (PEV), Pedro Filipe Soares (BE) e Alberto Martins (PS) enalteceram ainda em Bernardino Soares características como a «inteligência», «coerência», «empenho», «seriedade» «frontalidade», «capacidade de compreensão e diálogo».

Agradecendo as palavras de estima que lhe foram dirigidas, Bernardino Soares, que a todos cumprimentou, actuais e anteriores deputados, fez uma referência particular aos funcionários, no plenário e nas comissões, «sem os quais o Parlamento não funcionaria».

Definindo como «muita rica e intensa» a sua experiência nestes anos como deputado do PCP, disse ainda ter procurado «sempre dar o melhor para dignificar o regime democrático e o Parlamento», sublinhando ser essa uma atitude «cada vez mais importante no momento em que este é atacado por diversas vias».

«Gostaria de me despedir com a mesma frase com que o meu camarada Octávio Teixeira terminou há uns anos: “tive muita honra em ser deputado”», foram as palavras finais de Bernardino Soares, que viu a câmara render-lhe uma ovação de pé.

 



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