Líbia «somalizada»
O assassínio, sexta-feira, 18, do comandante da polícia militar líbia provocou a intensificação dos combates entre milícias afectas ao poder instalado e congéneres que o contestam ou promovem o secessionismo. Informações difundidas por agências noticiosas e pela al-Arabiya indicam que Ahmed al-Barghathi, um dos primeiros oficiais a assumir a insurreição armada contra o regime liderado por Muammar Kadhafi, no início de 2011, foi abatido a tiro quando saía de sua casa, em Benghazi.
Barghathi é o 80.º oficial de alta patente a ser executado por grupos armados na Líbia desde o início da agressão da NATO ao país. Também na semana passada, um outro chefe militar foi assassinado por mercenários na cidade de Derna. Horas depois da morte de Barghathi, um terceiro militar de topo escapou ileso a uma tentativa de homicídio.
A violência dos últimos dias foi precipitada pela ofensiva desencadeada pelas forças fiéis ao governo em resposta ao sequestro, por algumas horas, do primeiro-ministro Ali Zaidan.
Segundo sustenta Chris Stephen no Guardian, a iniciativa das autoridades desencadeou o avolumar dos conflitos armados entre as centenas de brigadas que dominam e reclamam pedaços do território e os respectivos recursos.
Trípoli e Benghazi são palco de choques entre contingentes de «senhores da guerra» que ameaçam mergulhar todo o território numa guerra civil declarada. Neste última cidade, ainda na semana passada, as facções que reclamam a independência da região da Cirenaica instalaram mesmo um parlamento próprio.