Fundos estruturais e de investimento da UE

Aprofundar o fosso e o rumo neoliberal

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No dia 20, foram apro­vados os re­gu­la­mentos dos fundos es­tru­tu­rais e de in­ves­ti­mento da União Eu­ro­peia – também eles com os votos fa­vo­rá­veis dos de­pu­tados dos par­tidos que cons­ti­tuem a troika na­ci­onal (PS, PSD e CDS) – que, para o PCP, «não apre­sentam so­lu­ções para in­verter o fosso cres­cente entre os mai­ores be­ne­fi­ciá­rios do mer­cado in­terno da UE e das po­lí­ticas co­muns e os países com eco­no­mias mais frá­geis, como Por­tugal». Estes fundos, her­deiros dos an­tigos «fundos es­tru­tu­rais e de co­esão», so­frem uma re­dução global de 8,4 por cento para a co­esão eco­nó­mica, so­cial e ter­ri­to­rial face ao quadro fi­nan­ceiro an­te­rior (2007-2013). Para além disso, os seus ob­jec­tivos e o seu âm­bito são mais res­tri­tivos.

De­nun­ci­ando a chan­tagem per­ma­nente sobre países e re­giões – so­bre­tudo (mas não só) aqueles, como Por­tugal, que se en­con­tram su­jeitos a uma in­ter­venção ex­terna –, pa­tente nas ame­aças de cortes nos pro­gramas ou sus­pensão de pa­ga­mentos em função do não cum­pri­mento dos di­tames das ins­ti­tui­ções co­mu­ni­tá­rias, como a Co­missão Eu­ro­peia, os de­pu­tados do PCP de­nun­ciam a acen­tu­ação destes fundos à es­tra­tégia «Eu­ropa 2020» e à sua agenda ne­o­li­beral. Os ob­jec­tivos, acres­centam, são «pro­mover o in­ves­ti­mento em infra-es­tru­turas pri­vadas ou a pri­va­tizar», e ainda pro­mover as par­ce­rias pú­blico-pri­vadas. Se a na­tu­reza de classe da União Eu­ro­peia era já clara, estas op­ções vêm torná-la trans­pa­rente.

Os de­pu­tados do PCP vo­taram contra estas op­ções e apre­sen­taram um con­junto de pro­postas de al­te­ração aos ob­jec­tivos te­má­ticos dos fundos, de modo a que pu­dessem in­cidir na pro­moção do tra­balho com di­reitos, na de­fesa dos ser­viços pú­blicos, na va­lo­ri­zação da agri­cul­tura, pescas e aqui­cul­tura – de modo a as­se­gurar a so­be­rania e se­gu­rança ali­men­tares dos es­tados-mem­bros –, e dos apa­re­lhos pro­du­tivos dos países mais dé­beis e de­fi­ci­tá­rios. João Fer­reira e Inês Zuber ba­teram-se ainda pela cla­ri­fi­cação do ca­rácter pú­blico da pro­pri­e­dade e gestão das infra-es­tru­turas a fi­nan­ciar.

Por ina­cei­tável e an­ti­de­mo­crá­tica de­ter­mi­nação do pre­si­dente do Par­la­mento Eu­ropeu, estas pro­postas não che­garam se­quer a ser vo­tadas.

 



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