O fosso entre alemães

Quase um quarto de século após a «reunificação» da Alemanha, um amplo estudo realizado durante meio ano, pela empresa de sondagens Infratest-dimap, revela que se mantêm grandes disparidades sociais entre as antigas regiões que constituíam a República Democrática Alemã (RDA) e o resto do país.

O estudo, encomendado pela cadeia pública de televisão ARD, teve como objectivo determinar o índice de satisfação da população nos diferentes estados.

Aos mais de 50 mil entrevistados foi pedido que definissem o grau de satisfação com as actuais condições de vida numa escala de zero a dez.

O resultado médio obtido em toda a Alemanha foi de 7,5 valores, o que corresponde a uma satisfação generalizada. Porém, a percepção de bem-estar altera-se significativamente consoante o nível de rendimentos dos inquiridos e o seu local de residência.

Assim, em termos médios, aqueles que auferem rendimentos acima de três mil euros revelam um índice de satisfação de 7,9 pontos. Os que recebem entre 1500 e três mil euros baixam a pontuação para 7,4 e, por último, quem ganha abaixo dos 1500 euros não vai além dos 6,8 pontos.

Discrepâncias da mesma ordem são visíveis entre o Leste e o Oeste. Se na antiga RFA os índices médios oscilam entre os 7,4 e 7,6 (resultado máximo obtido nos estados da Baviera, Baden-Württemberg, Hesse e Renânia do Norte-Vestefália), os valores mais baixos encontram-se todos nas regiões de Leste, onde oscilam entre os sete (valor mais baixo registado nos estados de Brandeburgo e Turíngia) e os 7,2 pontos.

Tais resultados não são propriamente uma surpresa, dado que a restauração do capitalismo no território da RDA provocou a desindustrialização do Leste da Alemanha e lançou milhões no desemprego, condenando parte da população a procurar trabalho noutras regiões ou a sobreviver com magros subsídios de sobrevivência. Para a maioria, a prometida abundância e prosperidade do Ocidente rico transformou-se numa degradação acentuada das condições de vida que tinham durante o socialismo, época em que não havia sopa para os pobres, mas sim trabalho, saúde e educação gratuita para todos.



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