Algarve é o espelho da política de direita

Pobreza, desigualdades e injustiças

De­sem­prego ele­va­dís­simo, pre­ca­ri­e­dade la­boral e sa­lá­rios em atraso, alas­trar das man­chas de po­breza, aban­dono das ac­ti­vi­dades pro­du­tivas na in­dús­tria, na agri­cul­tura e nas pescas, eis al­guns dos traços que marcam a re­a­li­dade al­garvia.

Esta é a po­lí­tica que es­polia os tra­ba­lha­dores e o povo para fa­vo­recer o ca­pital

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Pa­no­rama que só fica com­pleto se se acres­centar o en­cer­ra­mento e fa­lência de inú­meras micro e pe­quenas em­presas, a de­gra­dação dos cui­dados de saúde e da Es­cola Pú­blica, o fecho de ser­viços pú­blicos, o apro­fundar das as­si­me­trias entre o li­toral e o in­te­rior, a con­tínua de­ser­ti­fi­cação e des­po­vo­a­mento das áreas ser­ranas.

Este é o re­trato do Al­garve que o de­pu­tado co­mu­nista Paulo Sá deu a co­nhecer na pas­sada se­mana ao ple­nário da AR e que teve por base o ba­lanço do con­tacto di­recto com a re­a­li­dade pro­por­ci­o­nado pela re­cente re­a­li­zação das Jor­nadas Par­la­men­tares do PCP no dis­trito de Faro.

Des­crição da re­a­li­dade sob a forma de de­cla­ração po­lí­tica que gerou vi­sível in­có­modo no de­pu­tado Mendes Bota, do PSD, que viu nela «cores de­ma­siado ne­gras». E quis dar-lhe ou­tras to­na­li­dades in­vo­cando ter sido esta a re­gião onde foi maior a des­cida da taxa de de­sem­prego, onde o «nú­mero de lu­gares de oferta de em­prego cresceu 40 por cento», e onde o tu­rismo também cresceu «em todas as frentes».

País mais de­si­gual

Re­pli­cando, Paulo Sá foi mais longe na crí­tica e as­se­verou que o ce­nário é «mesmo negro» e que o de­pu­tado la­ranja sabe disso. E de­mons­trou-o apon­tando al­guns dos prin­ci­pais pro­blemas que afectam a re­gião e que no es­sen­cial não di­ferem do que se passa no resto do País, em con­sequência das po­lí­ticas de di­reita, «agra­vadas agora com a apli­cação do pacto de agressão da troika».

Uma po­lí­tica que na sua es­sência, ob­servou, está ori­en­tada para es­po­liar os tra­ba­lha­dores e o povo, be­ne­fi­ci­ando, em si­mul­tâneo e ex­clu­si­va­mente, os grandes grupos eco­nó­micos.

E é por isso que os sa­lá­rios e as pen­sões são alvo de es­bulho, os im­postos sobem, as pres­ta­ções so­ciais descem, os di­reitos à saúde e à edu­cação são ofen­didos e os ser­viços pú­blicos ata­cados, e, pa­ra­le­la­mente, como sa­li­entou Paulo Sá, a banca e os grandes grupos eco­nó­micos «vão-se apro­pri­ando de par­celas cres­centes da ri­queza na­ci­onal, seja através dos juros da dí­vida pú­blica, das PPP, das pri­va­ti­za­ções, dos con­tratos SWAP es­pe­cu­la­tivos ou dos inú­meros be­ne­fí­cios fis­cais».

Ora o re­sul­tado, vol­vidos que são dois anos e meio sobre o cha­mado me­mo­rando da troika, é que o «País está mais pobre, agra­varam-se as de­si­gual­dades e in­jus­tiças so­ciais, de­gra­daram-se sig­ni­fi­ca­ti­va­mente as con­di­ções de vida da es­ma­ga­dora mai­oria dos por­tu­gueses».

Esta é a re­a­li­dade dos factos que a mai­oria PSD/​CDS-PP, por maior que seja o re­curso ao ar­ti­fício e à ar­ti­manha, não con­segue iludir.

 

Res­ponder aos pro­blemas

O de­pu­tado Paulo Sá deu exem­plos con­cretos que ilus­tram não só a dura re­a­li­dade em que vivem os al­gar­vios como os efeitos de­sas­trosas para a re­gião da po­lí­tica de di­reita.

Re­flec­tindo esse apu­ra­mento feito nas Jor­nadas, e já abor­dado pelo Avante! em edi­ções an­te­ri­ores, o de­pu­tado co­mu­nista falou da dra­má­tica si­tu­ação de mi­lhares de ma­ris­ca­dores e vi­vei­ristas da Ria For­mosa, fruto da re­cente des­clas­si­fi­cação de áreas de pro­dução de mo­luscos e bi­valves, e de­nun­ciou os fortes im­pactes sobre a eco­nomia re­gi­onal e a vida das pes­soas re­sul­tantes da in­tro­dução de por­ta­gens na Via do In­fante.

Re­a­firmou a re­jeição da sua ban­cada pelo pro­cesso de fusão dos hos­pi­tais de Faro, Por­timão e Lagos num único centro hos­pi­talar, de­nun­ci­ando, por outro lado, os efeitos das po­lí­ticas de des­truição da es­cola pú­blica, vi­sí­veis, em par­ti­cular, no ataque à pro­fissão e à con­dição do­cente, na falta de pes­soal não do­cente e na re­dução dos apoios aos alunos com ne­ces­si­dades edu­ca­tivas es­pe­ciais.

A opção es­tra­té­gica de va­lo­ri­zação da fer­rovia e a im­por­tância da elec­tri­fi­cação da Linha do Al­garve foi igual­mente su­bli­nhada por Paulo Sá, que de­fendeu ainda a im­por­tância da cri­ação da Ad­mi­nis­tração dos Portos do Al­garve, in­te­grando todos os portos co­mer­ciais, de pesca e de re­creio, ma­téria que foi de resto já ob­jecto de pro­postas con­cretas da ban­cada co­mu­nista no Par­la­mento.

Ex­pressa de forma clara foi ainda a pre­o­cu­pação do PCP quanto às po­lí­ticas no plano do tu­rismo, no­me­a­da­mente quanto à «au­sência de uma ver­da­deira es­tra­tégia de de­sen­vol­vi­mento in­te­grado e de ar­ti­cu­lação entre os agentes do sector para a qua­li­fi­cação da oferta e sua pro­moção».

 

 



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