Relatório branqueia fascismo
A deputada do PCP no Parlamento Europeu, Inês Zuber, apresentou em conjunto com outros deputados da Esquerda Unitária uma opinião minoritária a ser anexa à proposta de relatório da Comissão da Cultura e Educação sobre «A memória histórica na cultura e na educação da UE».
O documento insere-se numa «inaceitável operação de alteração da verdade histórica, banalizando o nazismo e branqueando o papel e natureza política e ideológica deste regime».
Esta tentativa de reescrever a história, cujo aspecto central é a equiparação do fascismo ao comunismo, como sublinhou a deputada, constitui «um insulto aos mais de 20 milhões de cidadãos soviéticos que morreram para libertar a Europa do nazi-fascismo e às gerações de comunistas que deram a vida e lutaram contra os diversos regimes fascistas no Sul da Europa para que os seus povos conquistassem a liberdade».
O relatório, que promove a revisão da história, defende o financiamento pela UE de «falsos estudos científicos em que as conclusões históricas a retirar estão previamente definidas».
Para os deputados do PCP trata-se de «uma tentativa de criminalizar os movimentos e partidos comunistas que existem hoje e cujo projecto, de profunda crítica e rejeição do projecto de integração capitalista na Europa, tem um potencial de atracção cada vez maior».
Ofensiva ideológica
Entre outras «preciosidades» de manipulação da história, o referido documento insiste em colocar em pé de igualdade «o nacional-socialismo e o comunismo», considerando que «não é possível a sua comparação e graduação em termos de melhor ou pior».
Mas vai mais longe, declarando, sem qualquer base científica, que «a apresentação, durante um período longo, do massacre de Katyn como um crime alemão constitui um exemplo clássico de mentira histórica».
Empenhado em contrabalançar a pesada memória que os povos guardam dos crimes do nazi-fascismo, o texto considera ainda «inaceitável» «a perspectiva de "dois pesos e duas medidas" no julgamento e crítica do comunismo e do nacional-socialismo».
E, em defesa desta visão, o relatório solicita «o auxílio dos estados-membros em favor de programas ambiciosos de ensino da história», realçando ainda o «papel primordial» que «os meios de comunicação podem desempenhar» na promoção desta «verdade histórica, tanto através do relato correcto dos acontecimentos históricos como da concessão de fundos suficientes destinados às produções históricas e aos programas de história educativos».
O autor do relatório sugere ainda a utilização de fundos comunitários para fins de autêntica propaganda ideológica, através da divulgação de «acontecimentos ou personalidades susceptíveis de servirem de exemplo e de inspirarem inúmeras gerações de europeus».