Devolução de hospitais às Misericórdias

Destruir pedra a pedra

Foi re­jei­tado pela mai­oria PSD/​CDS-PP, com a abs­tenção do PS, o pe­dido do PCP de ces­sação de vi­gência do de­creto-lei que trans­fere hos­pi­tais do SNS para as Mi­se­ri­cór­dias. En­trega que no en­tender do PCP cons­titui a mais re­cente etapa de um pro­cesso de des­man­te­la­mento do SNS, do qual o PS não está isento de culpas, como frisou a de­pu­tada co­mu­nista Carla Cruz, que lem­brou o papel de an­te­ri­ores go­vernos (como o de Só­crates) em de­ci­sões que le­varam a en­cer­ra­mentos e perda de ser­viços de pro­xi­mi­dade, à re­dução de ho­rá­rios de fun­ci­o­na­mento das uni­dades de saúde ou à en­trega da gestão dos hos­pi­tais aos grandes grupos eco­nó­micas através das par­ce­rias pú­blico-pri­vadas.

En­ca­rando esta de­vo­lução de hos­pi­tais como uma «au­tên­tica pri­va­ti­zação» em que os di­nheiros pú­blicos neles in­ves­tidos para equi­pa­mentos e me­lho­rias são «agora dei­tados fora», a de­pu­tada co­mu­nista re­jeitou ainda o ar­gu­mento fa­la­cioso da ale­gada «van­tagem fi­nan­ceira para o Es­tado» de tal ope­ração. O que há é a «des­res­pon­sa­bi­li­zação do Es­tado re­la­ti­va­mente às suas obri­ga­ções de as­se­gurar di­rec­ta­mente o acesso à saúde», rei­terou.

E in­sistiu que estas trans­fe­rên­cias «le­varão à perda de qua­li­dade, à des­truição de postos de tra­balho, à re­ti­rada de di­reitos dos tra­ba­lha­dores e à re­dução de va­lên­cias».

Fal­si­fi­ca­ções

À de­pu­tada do CDS Te­resa Ca­eiro, que con­si­de­rara que as pre­o­cu­pa­ções do PCP são mo­vidas por es­tritas ra­zões ide­o­ló­gicas, res­pondeu Carla Cruz fri­sando que as pre­o­cu­pa­ções da sua ban­cada são com as «con­di­ções em que são pres­tados os cui­dados de saúde e as con­di­ções de cum­pri­mento dos di­reitos dos pro­fis­si­o­nais que os prestam».

Ora o que este de­creto lei mostra é que estas «con­di­ções não estão sal­va­guar­dadas», as­se­verou, fa­zendo notar ainda que «só uma gestão pú­blica dos hos­pi­tais é que ga­rante o cum­pri­mento da Cons­ti­tuição e do di­reito à saúde nela con­sa­grado».

Já muito pouco po­lida foi a in­ter­venção do PSD no de­bate, pela voz de Carla Ro­dri­gues. De­pois de enal­tecer a po­lí­tica de saúde do Go­verno, fa­lando em «ex­ce­lentes re­sul­tados», en­ve­redou por um ataque pri­mário ao PCP, a quem acusou de «pre­con­ceitos» vá­rios, de querer «tudo no Es­tado, nada fora do Es­tado». Des­cor­tinou mesmo um «pre­con­ceito com o sector so­cial e com as Mi­se­ri­cór­dias em par­ti­cular», porque, na sua douta ex­pli­cação, «estas nas­ceram do pre­ceito cristão da ca­ri­dade e o PCP não só não pra­tica como abo­mina tudo o que seja cristão».

A res­posta à la­men­tável fal­si­fi­cação quanto à po­sição de sempre do PCP nesta ma­téria não se fez es­perar. Ex­cluindo, em be­ne­fício da dú­vida, ra­zões de má fé, Carla Cruz su­bli­nhou que «só por ig­no­rância» é que a de­pu­tada do PSD pôde dizer o que disse sobre a re­lação do PCP com os cris­tãos.

E acusou o Go­verno de estar a trans­ferir para ou­tros a rup­tura que está a pro­vocar no SNS, da qual saem pe­na­li­zados os utentes que «estão a so­frer e vão so­frer ainda mais com estas trans­fe­rên­cias».

 



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