Alterações à Lei Tutelar Educativa

Resposta integrada e inclusiva

Foram apro­vados na ge­ne­ra­li­dade, bai­xando à co­missão por 45 dias, os pro­jectos de lei do PCP, PS, PSD e CDS-PP sobre a re­visão da lei tu­telar edu­ca­tiva. A pas­sagem dos dois di­plomas das opo­si­ções foi con­se­guida através da abs­tenção dos par­tidos da mai­oria go­ver­na­mental que, por sua vez, viram os seus textos ob­terem a mesma re­ci­pro­ci­dade de todas as res­tantes ban­cadas. Já um pro­jecto de re­so­lução do PCP re­co­men­dando ao Go­verno a mo­ni­to­ri­zação da apli­cação da Lei Tu­telar Edu­ca­tiva foi chum­bado pela mai­oria PSD/​CDS-PP, com a abs­tenção do PS.

A de­pu­tada Maria Paula Car­doso (PSD) jus­ti­ficou as al­te­ra­ções avan­çadas pelo seu par­tido ba­se­ando-se nas «fa­lhas» que disse terem sido de­tec­tadas no «acom­pa­nha­mento dos jo­vens no meio tu­telar e no seio fa­mi­liar, na le­gis­lação do in­ter­na­mento, no cum­pri­mento su­ces­sivo das me­didas».

Entre as suas pro­postas está o au­mento de três para seis meses da du­ração mí­nima de in­ter­na­mento de jo­vens em re­gime aberto e se­mi­a­berto, bem como a dis­pensa de de­núncia por parte do ofen­dido para a in­ter­venção tu­telar edu­ca­tiva.

«Pre­venção, in­ter­venção, acom­pa­nha­mento», cons­ti­tuem, por sua vez, as três di­men­sões que devem in­te­grar a res­posta a fe­nó­menos de vi­o­lência e cri­mi­na­li­dade ju­venil, no en­tender do PCP, que desde a pri­meira hora é crí­tico quanto ao re­gime apro­vado em 1999 por en­tender que as­senta numa «con­cepção au­to­ri­tária e se­cu­ri­tária».

Isto «sem perder de vista o equi­lí­brio das me­didas pe­nais», afirmou a de­pu­tada co­mu­nista Rita Rato, para quem a grande aposta está na «pre­venção e na rein­serção so­cial, ac­tu­ando a mon­tante e a ju­sante do fe­nó­meno cri­mi­no­ló­gico».

Bem vin­cado ficou assim o dis­tan­ci­a­mento do PCP re­la­ti­va­mente a quantos «pensam que re­primir é bom», como anotou Rita Rato, se­gura que está de que a res­posta aos pro­blemas da cri­mi­na­li­dade ju­venil, da in­dis­ci­plina e da vi­o­lência tem ne­ces­sa­ri­a­mente de ser «ampla e in­te­grada».

Pro­blemas e di­fi­cul­dades na Lei Tu­telar Edu­ca­tiva que a par­la­mentar do PCP iden­ti­ficou cla­ra­mente, as­si­na­lando, no­me­a­da­mente, a in­su­fi­ci­ência de meios hu­manos para acom­pa­nha­mento efec­tivo do jovem e sua fa­mília, a falta de abor­dagem in­te­grada e trans­versal nas vá­rias di­men­sões (eco­nó­mica, so­cial, cul­tural, edu­ca­tiva e for­ma­tiva), ine­xis­tência ou di­fi­cul­dade de acom­pa­nha­mento re­gular do jovem após o fim do pro­grama tra­çado.

Daí também a im­por­tância da cri­ação junto dos tri­bu­nais – esta era uma das me­didas avan­çadas no di­ploma co­mu­nista – de equipas mul­ti­dis­ci­pli­nares que ava­liem a efi­cácia e re­sul­tado da exe­cução da me­dida e acom­pa­nhem a sua exe­cução. Para que a lei con­tenha uma «di­mensão mais in­clu­siva do acom­pa­nha­mento» dos jo­vens e haja uma «hu­ma­ni­zação do re­gime», como su­bli­nhou Rita Rato.




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