Libertar o País da armadilha da dívida

As responsabilidades do PS

Pela voz do de­pu­tado Edu­ardo Ca­brita, que bem se es­forçou também ele por des­locar o centro do de­bate para ou­tras ma­té­rias – des­cor­tinou até uma ale­gada «es­tra­tégia anti-eu­ro­peia» na acção do PCP e não re­sistiu em agitar pa­pões em torno das con­sequên­cias de uma «saída do euro» –, o PS pro­curou ainda des­va­lo­rizar a ini­ci­a­tiva do PCP ale­gando não trazer esta no­vi­dade.

A res­posta veio pronta por in­ter­médio de Paulo Sá que tratou de lhe re­cordar que em 2010 e 2011, es­tando a dí­vida por­tu­guesa sob o fogo de um ataque es­pe­cu­la­tivo, com os cha­mados «mer­cados» a co­brar juros ele­va­dís­simos, o PCP apre­sentou um pro­jecto de re­ne­go­ci­ação da dí­vida que era em si al­ter­na­tivo ao me­mo­rando da troika. E o que fez então o go­verno PS? Queixou-se do ataque es­pe­cu­la­tivo mas não tirou daí ila­ções. E em vez de dizer basta, optou por se sub­meter ao me­mo­rando da troika.

«Tinha al­ter­na­tiva nos moldes pro­postos pelo PCP mas pre­feriu con­jun­ta­mente com o PSD e o CDS-PP não be­liscar os in­te­resses dos cre­dores, sub­meter-se aos in­te­resses destes e as­sinar o me­mo­rando da troika, e o re­sul­tado foi que a dí­vida cresceu de forma as­sus­ta­dora», re­cordou o de­pu­tado co­mu­nista.

Fa­lando das causas do en­di­vi­da­mento, ainda em res­posta a Edu­ardo Ca­brita, Paulo Sá não deixou de lem­brar as par­ti­cu­lares res­pon­sa­bi­li­dades dos go­vernos PS neste ca­pí­tulo, no­me­a­da­mente quanto ao aban­dono do apa­relho pro­du­tivo e à pri­va­ti­zação de sec­tores bá­sicos da eco­nomia, fac­tores que con­tri­buíram – e muito – para o au­mento da dí­vida.

Men­tiras

Ao de­pu­tado Telmo Cor­reia, que acu­sara o PCP de ter nestes anos apre­sen­tado pro­postas que au­men­ta­riam a des­pesa pú­blica, res­pondeu ainda Paulo Sá con­fir­mando ter ha­vido de facto essas pro­postas. A di­fe­rença, acres­centou, é que foram sempre acom­pa­nhadas por ou­tras pro­postas que au­men­tavam a re­ceita através da justa tri­bu­tação dos grupos eco­nó­micos e fi­nan­ceiros. Essa sim é a re­a­li­dade, frisou, dei­xando vin­cado que o PCP não con­tri­buiu para as PPP nem para os con­tratos SWAPP nem para as con­ces­sões das em­presas pú­blicas, entre ou­tras pre­bendas ao ca­pital.

Des­men­tida com ve­e­mência foi, por outro lado, a afir­mação do de­pu­tado do CDS-PP de que há três anos teve de ser as­si­nado o me­mo­rando da troika para pagar sa­lá­rios. «Não é ver­dade e o se­nhor sabe-o muito bem», afirmou Paulo Sá, que rei­terou que a as­si­na­tura do me­mo­rando teve por ob­jec­tivo ime­diato ga­rantir, isso sim, que «aqueles que nos anos an­te­ri­ores ti­nham es­pe­cu­lado com a dí­vida pú­blica iriam re­ceber o pro­duto da sua agi­o­tagem até ao úl­timo cên­timo».

 



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