Hollande perde maioria absoluta no parlamento

Cortes dividem socialistas

O pa­cote dito de «es­ta­bi­li­dade» foi apro­vado, dia 29, pelo par­la­mento francês por 265 votos a favor, 232 contra e 67 abs­ten­ções. Hol­lande de­fronta agora uma opo­sição in­terna.

Es­pectro da aus­te­ri­dade ameaça fran­ceses

Apesar de o grupo ini­cial de con­tes­ta­tá­rios se ter re­du­zido face às pres­sões in­ternas de que «nem um voto de­veria faltar», 41 de­pu­tados do grupo so­ci­a­lista de­sa­fi­aram a dis­ci­plina, op­tando por se abster na vo­tação final.

As me­didas do pri­meiro-mi­nistro Ma­nuel Valls pas­saram, mas o PS francês perdeu pelo ca­minho a mai­oria ab­so­luta na As­sem­bleia Na­ci­onal.

Nas se­manas an­te­ri­ores à sessão, mais de uma cen­tena de de­pu­tados so­ci­a­listas ti­nham lan­çado um apelo ape­lando a um «con­trato da mai­oria» que não de­frau­dasse os com­pro­missos com os elei­tores du­rante a cam­panha elei­toral de há dois anos.

É certo que grande parte deles não agiram em con­sequência, mas a opo­sição in­terna con­tinua a afirmar-se e até já foi criado o site na In­ternet «so­ci­a­listas contra a aus­te­ri­dade», a que ade­riram cerca de 3500 di­ri­gentes e mi­li­tantes do PS de todo o país.

Com a «mai­oria» di­vi­dida, o pre­si­dente Hol­lande e o seu go­verno po­derão em breve pre­cisar dos votos da di­reita e do centro para fazer passar os seus di­plomas.

Quanto à Frente de Es­querda, os seus de­pu­tados re­cu­saram li­mi­nar­mente o plano de cortes. Como ex­plicou, Pi­erre Lau­rent, se­cre­tário na­ci­onal do PCF e se­nador, «os 50 mil mi­lhões de euros de cortes drás­ticos que o vosso plano prevê nos ser­viços pú­blicos do Es­tado, nos re­em­bolsos e nas pres­ta­ções da se­gu­rança so­cial e nos or­ça­mentos das au­tar­quias lo­cais não são uma aposta no fu­turo, um tram­polim para a re­cu­pe­ração da França. Bem pelo con­trário, trata-se de um desses planos dra­má­ticos de aus­te­ri­dade im­postos em todos os países da Eu­ropa».

Uma pro­fissão de fé

Ne­gando todas as evi­dên­cias, Fran­çois Hol­lande de­clarou, no do­mingo, 4, ao Journal do Di­manche, que os cortes so­ciais anun­ci­ados pelo seu novo go­verno marcam a se­gunda fase do seu man­dato, du­rante a qual es­pera con­se­guir uma re­cu­pe­ração mais só­lida da eco­nomia e so­bre­tudo do em­prego.

Apesar do efeito re­ces­sivo das re­centes me­didas apro­vadas, o pre­si­dente francês mostra-se con­ven­cido de que «esta fase deve tra­duzir-se num cres­ci­mento mais forte, numa maior com­pe­ti­ti­vi­dade e numa re­dis­tri­buição do poder aqui­si­tivo com uma re­dução dos im­postos».

De­fen­dendo po­si­ções que antes cri­ti­cava, o chefe de Es­tado as­se­gura que o seu plano res­ta­be­le­cerá a com­pe­ti­ti­vi­dade das em­presas graças à im­por­tante re­dução das con­tri­bui­ções so­ciais das em­presas.

Tendo já en­trado na his­tória como o pre­si­dente mais im­po­pular de França, Hol­lande quer ser jul­gado no final de 2017 pelo in­di­cador do em­prego, as­su­mindo pu­bli­ca­mente que não se re­can­di­da­tará caso não haja uma re­dução sig­ni­fi­ca­tiva do nú­mero de de­sem­pre­gados.

Para já é o seu par­tido que se afunda nas son­da­gens, ocu­pando a ter­ceira po­sição, atrás da di­reita do UMP e da ex­trema-di­reita da Frente Na­ci­onal, ambos a dis­pu­tarem o pri­meiro lugar com 22 a 23 por cento das in­ten­ções de voto cada.




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