Estado da Nação comprova necessidade de interromper caminho de ruína nacional

Ataque feroz aos direitos

Bem co­nhe­cida e sen­tida pela ge­ne­ra­li­dade dos por­tu­gueses é a po­lí­tica de cortes nos sa­lá­rios e nas pen­sões, nos apoios so­ciais aos idosos, às cri­anças, aos jo­vens, aos de­sem­pre­gados. Uma linha de ac­tu­ação es­tra­té­gica que ganha novos con­tornos agora também com a «ca­du­ci­dade da con­tra­tação co­lec­tiva, a ten­ta­tiva de au­mento e des­re­gu­la­men­tação dos ho­rá­rios de tra­balho, a ge­ne­ra­li­zação da pre­ca­ri­e­dade».

Mas nada me­lhor para re­duzir a pó a pro­pa­ganda go­ver­na­mental do que os exem­plos con­cretos que ilus­tram os efeitos desta po­lí­tica sobre a vida das pes­soas.

Foi o que fez no de­bate o de­pu­tado e di­ri­gente co­mu­nista Fran­cisco Lopes ao re­latar casos que ilus­tram as con­sequên­cias da po­lí­tica de en­cer­ra­mentos e de de­gra­dação geral dos ser­viços, no con­texto mais amplo dos ata­ques à ad­mi­nis­tração pú­blica e aos di­reitos dos tra­ba­lha­dores e das po­pu­la­ções.

Con­frontou o pri­meiro-mi­nistro, em con­creto, com o se pas­sara ainda na an­te­vés­pera (30 de Junho), na Se­gu­rança So­cial, em Lisboa, onde pes­soas que che­garam antes das 9 horas da manhã aca­baram por ser aten­didas só às 16h00, ou seja ti­veram de es­perar sete horas para con­tactar com os ser­viços. «É a isto que chama, como re­feriu na sua in­ter­venção, um Es­tado ágil?», per­guntou Fran­cisco Lopes, antes de abordar a si­tu­ação cada vez mais grave do Ser­viço Na­ci­onal de Saúde, o qual, de­nun­ciou, está a ser «gol­peado um pouco por todo o País».

En­ten­dendo que com esta po­lí­tica está a ser ne­gado o di­reito à saúde, deu como exemplo as si­tu­a­ções de do­entes que são «au­ten­ti­ca­mente aban­do­nados nas ur­gên­cias, es­pe­rando horas e horas para serem aten­didos». Mas são também, exem­pli­ficou, as «ca­rên­cias e a falta de meios de toda a ordem, ao ponto de até as al­mo­fadas para a cama dos in­ter­nados as fa­mí­lias terem que levar para os hos­pi­tais».

«Era a isto que se re­feria quando fa­lava na sua in­ter­venção de mo­der­ni­zação dos ser­viços?», voltou in­quirir com ironia o par­la­mentar do PCP, que não deixou de com­parar esta dra­má­tica re­a­li­dade com a «rédea solta» que o Go­verno con­tinua a con­ceder ao grande ca­pital.

Fu­gindo de forma os­ten­siva as ques­tões iden­ti­fi­cadas, e sem re­futar ne­nhuma das acu­sa­ções de que foi alvo, Passos Co­elho, na res­posta, de­pois de se li­mitar a dizer que «gastou mais com a área da saúde do que qual­quer go­verno» (de­vido a ter sal­dado dí­vidas an­te­ri­ores), não re­sistiu a ca­ri­ca­turar as po­si­ções do PCP, su­ge­rindo que este gos­taria era de que não se pa­gasse «essas dí­vidas» e que se «con­ti­nu­asse» a au­mentá-las, na «saúde» e em «tudo o que no Es­tado dê para gastar».




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