Estado da Nação comprova necessidade de interromper caminho de ruína nacional

Foguetes no País que sofre

O «fim da crise» tantas vezes pro­cla­mado pelo Go­verno e pela mai­oria PSD/​CDS-PP não re­siste a uma com­pa­ração sim­ples com a re­a­li­dade. Foi para esse enorme fosso que se­para a pro­pa­ganda da vida con­creta das pes­soas que o de­pu­tado co­mu­nista An­tónio Fi­lipe chamou a atenção, su­bli­nhando que «o País sofre lá fora e o Go­verno deita fo­guetes aqui dentro».

E foi por haver tantas pro­cla­ma­ções de que a «crise já passou» e de que vem agora aí o «El Do­rado» que o de­pu­tado do PCP re­solveu per­guntar pelas me­didas que estão en­se­jadas para ali­viar a brutal carga que foi im­posta aos por­tu­gueses.

«Será que o Go­verno de­sistiu dos cortes sa­la­riais e vai repor os sa­lá­rios de que os tra­ba­lha­dores se viram pri­vados nos úl­timos anos?» per­guntou An­tónio Fi­lipe, no­tando, pelo con­trário, que em cima da mesa o que está é o pro­pó­sito do Go­verno de «fazer tudo o que puder para manter in­to­cados os cortes sa­la­riais que impôs aos por­tu­gueses».

«E os re­for­mados po­derão as­pirar, agora que o Go­verno anun­ciou o fim da crise, a que cesse a po­lí­tica de cortes nas re­formas?», ques­ti­onou de novo o par­la­mentar do PCP, não vendo também aqui qual­quer res­posta po­si­tiva. Ao invés, acres­centou, não se vis­lumbra da parte do Exe­cu­tivo qual­quer in­tenção de re­cuar nessa me­dida iníqua que foi a im­po­sição da con­tri­buição ex­tra­or­di­nária de so­li­da­ri­e­dade aos re­for­mados.

Re­pe­tida a per­gunta vá­rias vezes, tantas quantas os sec­tores ou ca­madas da po­pu­lação que têm sido gol­pe­ados por esta po­lí­tica – a edu­cação, o Ser­viço Na­ci­onal de Saúde, as pres­ta­ções so­ciais –, An­tónio Fi­lipe en­con­trou sempre para todas elas a mesma res­posta, isto é, não se an­tevê qual­quer me­lhoria nas con­di­ções de fi­nan­ci­a­mento de qual­quer uma das áreas so­ciais e, di­ver­sa­mente, o que se anuncia são novos cortes em tudo o que é res­pon­sa­bi­li­dade so­cial do Es­tado.

Idem para os di­reitos dos tra­ba­lha­dores, já que não se ob­serva qual­quer in­tuito de parar a ofen­siva. O que está na calha, ad­vertiu, é o ob­jecto de­cla­rado de en­fra­quecer a con­tra­tação co­lec­tiva e fra­gi­lizar ainda mais a re­lação dos tra­ba­lha­dores pe­rante o pa­tro­nato.

O de­pu­tado co­mu­nista trouxe igual­mente para pri­meiro plano o sa­lário mí­nimo na­ci­onal, não tendo dei­xado passar em claro o facto de nem uma pa­lavra sobre o as­sunto ter sido dita pelo Go­verno. Mas ad­mitiu que à me­dida que se apro­ximam as elei­ções, mais do que certo, venha a ser dito que é ne­ces­sário pro­ceder ao seu au­mento, «em­bora para mais tarde e se houver con­di­ções para isso».

An­tónio Fi­lipe re­gistou por fim a cir­cuns­tância de não ter ha­vido ne­nhum anúncio quanto à baixa do IVA na res­tau­ração. «Nem uma pa­lavra sobre isso», frisou.

E re­cu­sando a tese do pri­meiro-mi­nistro de que é pre­ciso em­po­brecer para que o País possa sair da crise, en­fa­tizou que o «País não pode estar me­lhor se os por­tu­gueses es­ti­veram pior».

 



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