Origens e responsabilidades no «caso BES»

«Es­tamos pe­rante mais uma grande ope­ração de dre­nagem de di­nheiros pú­blicos para um grupo pri­vado», e os tra­ba­lha­dores e pen­si­o­nistas «serão de novo o alvo do Go­verno, para pa­garem os des­mandos de uma po­lí­tica que, vi­sando a re­cons­ti­tuição de mo­no­pó­lios pri­vados, re­produz também todo um pro­cesso de fraudes, cor­rupção e cli­en­te­lismo que está in­ti­ma­mente as­so­ciado ao modo de pro­dução ca­pi­ta­lista», co­mentou a CGTP-IN, numa nota de im­prensa que pu­blicou no dia 14, a pro­pó­sito do «caso BES». 
Exige-se «uma ri­go­rosa e cé­lere ave­ri­guação das causas e das res­pon­sa­bi­li­dades eco­nó­micas e po­lí­ticas que con­du­ziram a esta si­tu­ação», bem como «di­li­gên­cias con­du­centes à in­ves­ti­gação cri­minal, de forma a levar os res­pon­sá­veis por este es­quema frau­du­lento ao banco dos réus», fa­zendo-os pagar com o seu pa­tri­mónio os pre­juízos dos seus ne­gó­cios.
De­pois de as­si­nalar que a si­tu­ação é «muito mais grave e pre­o­cu­pante que aquela que o Go­verno e o Banco de Por­tugal querem fazer crer», a Inter cri­tica que «a gestão do co­lapso do Grupo Es­pí­rito Santo (GES) con­tinue en­volta numa nuvem de opa­ci­dade e in­cer­teza». Apesar disso, fica ex­posta «a res­pon­sa­bi­li­dade do Go­verno, do Banco de Por­tugal e da CMVM num pro­cesso de com­pro­me­ti­mento pro­míscuo que visa salvar os in­te­resses dos grandes ac­ci­o­nistas».
«Se não for tra­vada a ac­tual po­lí­tica», avisa a cen­tral, «nem os in­te­resses do País estão acau­te­lados, nem os tra­ba­lha­dores e o povo estão a salvo de mais uma pe­sada fac­tura», como su­cedeu com a SLN e o BPN, com o BPP, o BPI, o BCP e o Banif, que be­ne­fi­ci­aram de avul­tadas in­jec­ções de ca­pital pú­blico.
A CGTP-IN con­ta­bi­liza um total de 8400 mi­lhões de euros do erário pú­blico in­jec­tados no BES: 3500 mi­lhões de euros para fazer face a ne­ces­si­dades ime­di­atas do BES, mais 4900 mi­lhões do Fundo de Re­so­lução, cujo valor é em­pres­tado pelo Es­tado. Esta si­tu­ação é ina­cei­tável, tal como o se­cre­tismo da ope­ração.
É igual­mente ina­cei­tável, para a Inter, que «o pri­meiro-mi­nistro con­tinue “a ba­nhos” e o Pre­si­dente da Re­pú­blica se man­tenha alheado e po­li­ti­ca­mente au­sente», de­pois de ambos terem sido «tão lestos a pro­palar a es­ta­bi­li­dade e se­gu­rança da­quela ins­ti­tuição fi­nan­ceira pri­vada, ga­ran­tindo até que de ne­nhum modo se­riam apli­cados fundos pú­blicos no BES».
A CGTP-IN vai «lutar para im­pedir que sejam os por­tu­gueses a pagar os pre­juízos pri­vados» e ga­rante «pros­se­guir o com­bate pela de­missão deste Go­verno e a con­vo­cação de elei­ções an­te­ci­padas, pela rup­tura com a po­lí­tica de di­reita, por uma nova po­lí­tica, de es­querda, e so­be­rana».
Na nota é ainda de­nun­ciada a «pressão sobre os mais de 23 mil as­sa­la­ri­ados di­rectos do uni­verso GES», ten­tando im­putar-lhes «custos de uma gestão da­nosa, frau­du­lenta e cor­rupta».




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