Jerónimo de Sousa em Évora

Tempo de duras lutas

A en­cerrar os tra­ba­lhos da 8.ª As­sem­bleia da Or­ga­ni­zação Re­gi­onal de Évora do PCP, Je­ró­nimo de Sousa apelou à me­mória e lem­brou aquelas que são as «causas mais fundas» que con­du­ziram à sub­missão do País à «troika es­tran­geira do FMI e as­so­ci­ados», com o seu pacto de agressão, e à grave crise que hoje se vive: as mais de três dé­cadas e meia de po­lí­tica de di­reita, pra­ti­cada por PS, PSD e CDS.

Para o Se­cre­tário-geral do Par­tido, foi essa po­lí­tica que fa­vo­receu a «re­cons­ti­tuição e fa­vo­re­ci­mento dos grandes grupos eco­nó­micos e dos la­ti­fun­diá­rios, que con­duziu ao de­fi­nha­mento do apa­relho pro­du­tivo na­ci­onal, a uma maior de­pen­dência do País face ao ex­te­rior e ao acu­mular de dé­fices es­tru­tu­rais que tor­naram o País cada vez mais vul­ne­rável». E que é pre­ci­sa­mente a mesma que pro­moveu a «venda ao des­ba­rato do pa­tri­mónio do País, com as pri­va­ti­za­ções, e apoiou a eco­nomia de ca­sino, que es­can­carou as portas às prá­ticas es­pe­cu­la­tivas do grande ca­pital fi­nan­ceiro e às suas ne­go­ci­atas». Exemplo pa­ra­dig­má­tico disto é a im­plosão do Grupo Es­pí­rito Santo, que «flo­resceu pro­te­gido e apoiado pelos su­ces­sivos go­vernos».

A par­tilha de res­pon­sa­bi­li­dades pela si­tu­ação do País e o facto de todos, sem ex­cepção, pre­ten­derem no es­sen­cial pros­se­guir a po­lí­tica de di­reita leva a que, acres­centou o di­ri­gente co­mu­nista, tentem «sa­cudir a água do seu ca­pote» e levem a cabo «grandes ma­no­bras de ilu­si­o­nismo tendo já como ho­ri­zonte as elei­ções que sabem que se apro­ximam»: o PS pro­cu­rando passar a ideia de que a si­tu­ação do País se deve ao facto de PSD e CDS «terem ido além da troika, como se o pró­prio pro­grama, que todos as­si­naram com a troika, não fosse de uma enorme gra­vi­dade, pelo seu con­teúdo anti-so­cial e an­ti­po­pular»; e os par­tidos do Go­verno ten­tando res­tringir a si­tu­ação do País aos «gastos ex­ces­sivos dos úl­timos go­vernos do PS».

Já os anún­cios de di­versos mi­nis­tros sobre au­mentos sa­la­riais e re­du­ções de im­postos para um fu­turo pró­ximo não passam de «pré-cam­panha elei­toral».

Ta­refas ime­di­atas e de­ci­sivas

«O rumo de des­truição do País tem que ser in­ter­rom­pido», afirmou Je­ró­nimo de Sousa, acres­cen­tando que en­curtar o tempo de exis­tência deste Go­verno, «nem que seja um mês, nem que seja um dia, se tornou um im­pe­ra­tivo na­ci­onal». Der­rotar o Go­verno PSD-CDS é, ga­rantiu, a «ta­refa das ta­refas que se apre­senta para o fu­turo ime­diato a todos os que não se con­formam com o rumo de des­ca­labro eco­nó­mico, so­cial e na­ci­onal que está em curso».

Os pró­ximos tempos serão, pois, de uma «grande exi­gência para todos os que as­piram a um novo rumo para o País; serão tempos de luta, mas igual­mente de de­ci­dido com­bate po­lí­tico e de­núncia de todas as ma­no­bras que, a co­berto de um apa­rente pro­jecto al­ter­na­tivo e de mu­dança ou de uma dis­si­mu­lada de­fesa dos in­te­resses na­ci­o­nais, pre­param saídas de sal­vação da po­lí­tica de di­reita». Assim, sa­li­entou o di­ri­gente do Par­tido, «tão im­por­tante como de­mitir este Go­verno PSD/​CDS é ga­rantir a der­rota da po­lí­tica de di­reita». O PS, com Se­guro ou com Costa, «não está em con­di­ções nem pre­tende as­se­gurar» qual­quer mu­dança real, su­bli­nhou.

Je­ró­nimo de Sousa sa­li­entou, em se­guida, a de­ter­mi­nação do PCP em cons­truir no País uma po­lí­tica pa­trió­tica e de es­querda, ape­lando aos por­tu­gueses para que con­tri­buam com a sua de­cisão e a sua von­tade para este ob­jec­tivo. De­pois de se re­ferir à grande acção na­ci­onal que o PCP lan­çará nos pró­ximos dias, que tem como lema «A força do povo, por um Por­tugal com fu­turo» (ver pá­ginas cen­trais) e visa a afir­mação da al­ter­na­tiva, o di­ri­gente do Par­tido apelou à dis­po­ni­bi­li­dade e ca­pa­ci­dade de ini­ci­a­tiva e de in­ter­venção dos co­mu­nistas: «temos sido a grande força que, en­fren­tando di­fi­cul­dades e obs­tá­culos, di­na­miza a re­sis­tência, age e pro­move a rup­tura, di­na­miza a luta de massas, a al­ter­na­tiva, o Par­tido com que os tra­ba­lha­dores e o povo podem sempre contar». Por tudo isto, acres­centou, «somos o Par­tido ne­ces­sário e in­dis­pen­sável que se impõe re­forçar».

A ter­minar, Je­ró­nimo de Sousa lem­brou que o PCP é «por­tador das so­lu­ções e do pro­jecto al­ter­na­tivo, contra o ca­pi­ta­lismo, pela de­mo­cracia avan­çada, o so­ci­a­lismo e o co­mu­nismo». Os com­bates que aí vêm serão duros, afirmou, «mas nós temos con­fi­ança que, unidos e com a luta do nosso povo, se­remos ca­pazes de abrir um ca­minho novo para Por­tugal».




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