Estudantes belgas exigem educação para todos

Contra cortes e aumentos

Em protesto contra os cortes dos orçamentos das universidades e o aumento das propinas, milhares de estudantes belgas manifestaram-se, dia 2, em Bruxelas.

Propinas sobem 30% para cobrir corte no financiamento

As restrições orçamentais de cinco por cento e o brutal aumento das propinas em 30 por cento provocaram a ira dos estudantes belgas, sobretudo da comunidade flamenga, parte do país onde as medidas foram já aplicadas.

A eles juntaram-se jovens da comunidade francófona por solidariedade e pela necessidade de unir forças, já que em breve medidas semelhantes serão aplicadas também pelas autoridades da Valónia e Bruxelas.

Na Flandres, para compensar o corte de 80 milhões de euros nas universidades, as propinas aumentaram de 600 euros para 950 euros.

As autoridades regionais da Valónia e de Bruxelas também cortaram os orçamentos da Educação no montante de 300 milhões de euros, atingindo o ensino Primário e Secundário.

Em perspectiva estão medidas de «harmonização» que visam o Superior. Segundo o ministro valão, Jean-Claude Marcourt, o aumento não será tão acentuado como na Frandres, uma vez que na sua região as propinas já atingem os 835 euros. Daí que, apontou, o alinhamento deverá ser feito em torno dos mil euros.

Austeridade, não

O protesto estudantil atingiu proporções inesperadas. Eram esperados cerca de 1500 manifestantes. Apareceram mais de quatro mil, convocados pela Associação de Estudantes Flamengos (VVS) com o apoio da Federação Estudantil francófona.

As palavras de ordem não se distinguem das que são gritadas nos diferentes países sujeitos às políticas de austeridade: «a educação é um direito, não um privilégio», «não brinquem com o nosso futuro».

Segundo o presidente da VVS, Bram Roelant, a luta é para continuar: «Formamos um muro. Formamos uma resistência. Formamos uma linha. É preciso formar esta linha por toda a parte e repetir – austeridade sobre o nosso futuro, não!»

Com o mesmo propósito, os estudantes lançaram uma petição, intitulada «Não poupem à custa do nosso futuro, pela educação de qualidade para todos», que foi subscrita por 20 mil jovens.

Representados na jornada, o Partido do Trabalho da Bélgica e a sua organização de juventude COMAC lembram que, em contraste com os cortes no ensino, o governo federal belga decidiu adquirir aviões militares norte-americanos no montante de quatro mil milhões de euros. Recentemente, a Bélgica envolveu-se nas guerras do Iraque e da Síria, enviando seis bombardeiros para a Jordânia. Outras medidas, como os benefícios fiscais às empresas, no valor de 500 milhões de euros, mostram que as políticas de austeridade apenas têm um sentido, reduzir os direitos sociais e o poder de compra dos trabalhadores.




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