Exploração humana na agricultura
«As políticas agrícolas e comerciais, nacionais e comunitárias, conduzem à destruição da mão-de-obra familiar e incentivam a exploração de mão-de-obra sazonal imigrante (e migrante)», concluíram a Confederação Nacional da Agricultura (CNA), a Confédération Pysanne (Confederação Camponesa/França) e o Sindicato de Obreros del Campo (sindicato de trabalhadores agrícolas de Andaluzia-Espanha), no âmbito de uma visita a Portugal para tratar do tema dos trabalhadores agrícolas imigrantes.
«Esta realidade é fruto de uma política praticada por sucessivos governos e por políticas comunitárias que têm vindo a promover em Portugal, mas também em Espanha e em França, uma agricultura industrializada, concentrada, virada para a exportação, capaz de “competir” nos mercados mundiais, em detrimento da pequena agricultura familiar e do comércio e produções locais», afirma a CNA, denunciando que «este tipo de explorações super-intensivas e industriais recorrem a mão-de-obra imigrante, mal remunerada e sem direitos, nomeadamente através de certos intermediários, os novos “negreiros”».
Em nota de imprensa, a Confederação Nacional da Agricultura afirma ainda que a competitividade da agricultura industrial deve-se em grande parte ao «dumping» financeiro (comercializar abaixo do custo de produção) criado pela concentração de grande parte das ajudas públicas, ao rendimento e ao investimento nestas sociedades, mas também ao «dumping» social, com a sobre-exploração de trabalhadores sazonais imigrantes (e migrantes)», um «fenómeno perverso que se tem agravado com as políticas comerciais da União Europeia, sustentadas na assinatura de tratados de livre-comércio, nomeadamente com países que produzem a baixo preço à custa de mão-de-obra barata e com reduzidos direitos sociais, de que é exemplo Marrocos».