Orçamento do agravamento suscita respostas de luta

Manifestação nacional amanhã

Con­vo­cada pela Frente Comum de Sin­di­catos da Ad­mi­nis­tração Pú­blica, a ma­ni­fes­tação na­ci­onal de tra­ba­lha­dores da Ad­mi­nis­tração Pú­blica que se re­a­liza esta sexta-feira, em Lisboa, re­pre­senta um ponto alto na luta contra o Or­ça­mento pro­posto pelo Go­verno para 2015 e contra a po­lí­tica de di­reita que nele surge agra­vada.

Esta luta é também pelos ser­viços pú­blicos de qua­li­dade e aces­sí­veis a todos

A re­a­li­zação da ma­ni­fes­tação foi de­ci­dida no dia 6, pela co­missão co­or­de­na­dora da Frente Comum, e mo­bi­lizou desde então di­ri­gentes e de­le­gados sin­di­cais das mais de três de­zenas de or­ga­ni­za­ções que in­te­gram a es­tru­tura mais re­pre­sen­ta­tiva dos tra­ba­lha­dores dos vá­rios sec­tores da Ad­mi­nis­tração Pú­blica – cen­tral, re­gi­onal e local. Para per­mitir a par­ti­ci­pação dos tra­ba­lha­dores na ma­ni­fes­tação foram apre­sen­tados pré-avisos de greve.
Nas Grandes Op­ções do Plano para 2015, como ob­servou a Frente Comum, prevê-se a con­ti­nu­ação dos bru­tais ata­ques des­fe­ridos contra os tra­ba­lha­dores e contra os ser­viços pú­blicos nos úl­timos três anos, com e sem troika es­tran­geira.

À luz do do­cu­mento que o Go­verno apre­sentou no Par­la­mento, ficam des­feitas quais­quer ilu­sões de pro­messas pré-elei­to­rais. Nas GOP está claro o ob­jec­tivo de pros­se­guir os ata­ques em 2015, agra­vando-os nas suas li­nhas fun­da­men­tais:

cortes su­ces­sivos nos sa­lá­rios e nas pen­sões;
mais 72 mil des­pe­di­mentos por via de «res­ci­sões» e da «re­qua­li­fi­cação», cuja in­cons­ti­tu­ci­o­na­li­dade a Frente Comum re­a­firma;
per­sistir na im­po­sição da se­mana de 40 horas e no des­res­peito pela con­tra­tação co­lec­tiva.

De­pois da al­te­ração, para pior, da le­gis­lação la­boral que vi­gora na Ad­mi­nis­tração Pú­blica, e pe­rante o au­mento da pre­ca­ri­e­dade, a grave falta de pes­soal em todos os sub­sec­tores e o en­cer­ra­mento de ser­viços pú­blicos por todo o País, a Frente Comum con­si­dera que há mo­tivos de sobra para que os tra­ba­lha­dores con­ti­nuem a sua luta contra este Go­verno e esta po­lí­tica.
A con­cen­tração de amanhã está mar­cada para as 15 horas, no Marquês de Pombal, se­guindo a ma­ni­fes­tação até à As­sem­bleia da Re­pú­blica.
 

Greve na Saúde 

Os tra­ba­lha­dores das car­reiras de as­sis­tente téc­nico, as­sis­tente ope­ra­ci­onal, téc­nicos su­pe­ri­ores de saúde e téc­nicos de di­ag­nós­tico e te­ra­pêu­tica, ao res­pon­derem à greve de dia 24 com uma adesão média entre 80 e 90 por cento, «ex­pres­saram de forma bem con­victa» o seu apoio às exi­gên­cias de 35 horas como du­ração má­xima se­manal do tra­balho e de cum­pri­mento da lei, em par­ti­cular na re­gu­la­men­tação dos ho­rá­rios.
A Fe­de­ração Na­ci­onal dos Sin­di­catos dos Tra­ba­lha­dores em Fun­ções Pú­blicas e So­ciais, que pro­moveu a jor­nada da pas­sada sexta-feira, voltou a de­nun­ciar que ocor­reram, nos dias an­te­ri­ores à greve, «as mais va­ri­adas pres­sões» por parte de con­se­lhos de ad­mi­nis­tração dos ser­viços de Saúde. Mas os tra­ba­lha­dores «res­pon­deram com re­do­brada von­tade» e «não com­pa­re­ceram ao ser­viço, fa­zendo com que em muitos lo­cais, as ur­gên­cias fun­ci­o­nassem apenas com os ser­viços mí­nimos», en­quanto ou­tros ser­viços não es­sen­ciais foram en­cer­rados. Na nota que di­vulgou du­rante a tarde, a fe­de­ração saudou quem fez greve e exortou ao pros­se­gui­mento da luta «pelas 35 horas se­ma­nais de tra­balho, pela re­gu­la­men­tação dos ho­rá­rios, pelo di­reito à car­reira, contra a pre­ca­ri­e­dade e pela es­ta­bi­li­dade de em­prego e em de­fesa do Ser­viço Na­ci­onal de Saúde».
No Hos­pital de São José, a ma­ni­festar a so­li­da­ri­e­dade do PCP aos tra­ba­lha­dores em greve, es­teve a de­pu­tada co­mu­nista Paula Santos.
 

Tri­bu­nais
e PJ

Na se­gunda-feira, na co­marca de San­tarém, também teve adesão quase total a greve que o Sin­di­cato dos Fun­ci­o­ná­rios Ju­di­ciais está a pro­mover desde dia 1 e até ao fim deste mês. Na sexta-feira, nas duas co­marcas do Porto, o pre­si­dente do SFJ in­dicou à agência Lusa que a adesão es­teve pró­xima dos 95 por cento, lem­brando que par­ti­ci­pação idên­tica se ve­ri­ficou nas 18 co­marcas então já abran­gidas pela luta. Fer­nando Jorge, que também é membro da Co­missão Exe­cu­tiva da CGTP-IN, su­bli­nhou que o ob­jec­tivo da greve – que iria con­ti­nuar nas co­marcas de Se­túbal (an­te­ontem), Viana do Cas­telo (ontem), Vila Real (hoje) e Viseu (amanhã) – é levar o Mi­nis­tério da Jus­tiça a ad­mitir mais ofi­ciais de Jus­tiça e avançar com a ne­go­ci­ação do es­ta­tuto pro­fis­si­onal.
Os fun­ci­o­ná­rios de in­ves­ti­gação cri­minal da Po­lícia Ju­di­ciária en­traram em greve ao tra­balho su­ple­mentar, no dia 22, com adesão ele­vada. Sem data para ter­minar, esta forma de luta des­tina-se a exigir que seja ini­ciada a re­visão do es­ta­tuto de car­reira, que de­veria ter sido re­a­li­zada em 2008. Uma pro­lon­gada greve, nos mesmos moldes e pelo mesmo ob­jec­tivo, foi in­ter­rom­pida em Ja­neiro, mas desde então não se con­cre­tizou o com­pro­misso da mi­nistra de en­cetar ne­go­ci­a­ções.




Mais artigos de: Trabalhadores

EGF deve ficar pública

No dia 23, em Lisboa, sin­di­catos, tra­ba­lha­dores, utentes e eleitos lo­cais exi­giram ao Go­verno que recue na pri­va­ti­zação da em­presa que do­mina dois terços do sector de re­sí­duos só­lidos.

Seguros pelo contrato

As se­gu­ra­doras têm que cum­prir o con­trato co­lec­tivo em vigor e au­mentar os sa­lá­rios con­ge­lados há quatro anos, exi­giram os tra­ba­lha­dores frente à as­so­ci­ação pa­tronal do sector.

Luta na Galp Energia

Uma «tribuna pública de denúncia, protesto e luta» teve lugar no dia 27, segunda-feira, ao fim da manhã, junto à sede da Galp Energia, que nessa altura anunciava lucros de 236 milhões de euros, contados em Setembro, o que representa um aumento...

Alerta pela EMEF

O Sindicato Nacional dos Trabalhadores do Sector Ferroviário e a Comissão de Trabalhadores da EMEF decidiram realizar uma série de plenários e outras acções de contacto, para discutir com o pessoal da empresa de manutenção do Grupo CP a resposta a dar à...

Compensações via armador

As compensações financeiras pela proibição total da pesca da sardinha, que o Governo decidiu atribuir aos pescadores, durante um máximo de 90 dias (quando a interdição pode prolongar-se por quatro ou cinco meses), serão efectuadas por transferência...

Eleições na CIL

A 27 de Novembro vai ter lugar a eleição da Comissão Coordenadora das Comissões de Trabalhadores da Região de Lisboa (CIL), para um mandato de três anos. Oficialmente promovido pelas comissões de trabalhadores da Exide (ex-Tudor), da EMEF e da CP, que subscrevem a...