Mentiras no ISS

Para pro­cu­rarem con­tra­riar os efeitos da pro­vi­dência cau­telar in­ter­posta pelos sin­di­catos e ini­ciar, a 30 de De­zembro, a no­ti­fi­cação dos quase 700 tra­ba­lha­dores em vias de des­pe­di­mento, o Go­verno e o Ins­ti­tuto da Se­gu­rança So­cial au­men­taram a «es­ca­lada de men­tiras e ile­ga­li­dades», desde logo no «in­te­resse pú­blico» que in­vo­caram para co­locar aqueles fun­ci­o­ná­rios na «mo­bi­li­dade es­pe­cial», re­de­no­mi­nada de «re­qua­li­fi­cação».
No dia 31, em nota à co­mu­ni­cação so­cial, o Sin­di­cato dos Tra­ba­lha­dores em Fun­ções Pú­blicas e So­ciais do Sul e Re­giões Au­tó­nomas apre­sentou vá­rios fun­da­mentos para aquela acu­sação, di­ri­gida ao con­selho di­rec­tivo do ISS, mas ob­ser­vando que a «pre­ci­pi­tação» deste «não pode ser des­li­gada da co­ber­tura po­lí­tica do Go­verno, que ob­vi­a­mente aposta na po­lí­tica do facto con­su­mado, antes do mi­nistro da tu­tela, Mota So­ares, ser cha­mado a prestar contas na AR, no pró­ximo dia 13».
O sin­di­cato da CGTP-IN lem­brou, no­me­a­da­mente, que:

não houve de­cisão ju­di­cial a anular os efeitos sus­pen­sivos da pro­vi­dência cau­telar,
em­bora a re­a­li­dade de­monstre que há falta de tra­ba­lha­dores, o ISS re­duziu o mapa de pes­soal e o or­ça­mento, para de­pois in­vocar ex­cesso de pes­soal, mas ao mesmo tempo ini­ciou a en­trada de de­sem­pre­gados, em re­gime CEI (con­tratos em­prego-in­serção);
os tra­ba­lha­dores en­vi­ados para a «re­qua­li­fi­cação» têm um corte ime­diato no ven­ci­mento (re­ce­berão apenas 60 por cento) e, se não ti­verem vín­culo de no­me­ação, podem ser des­pe­didos ao fim de um ano, des­tino que mostra ser o pre­ten­dido pelo Go­verno, já que não foi dada qual­quer pos­si­bi­li­dade de in­te­gração noutro ser­viço;
são vi­o­lados di­reitos le­gais de tra­ba­lha­dores por­ta­dores de de­fi­ci­ência;
muitos as­sis­tentes ope­ra­ci­o­nais «re­qua­li­fi­cá­veis», em­bora sejam tra­tados pelo ISS e o Go­verno como «não qua­li­fi­cados», pos­suem «ha­bi­li­tação aca­dé­micas ele­vadas, exer­cendo in­clu­sive fun­ções de téc­nicos e com papel fun­da­mental em áreas tão im­por­tantes como a pro­tecção de me­nores».

«Um Go­verno que mente ao povo não me­rece go­vernar», de­fendeu a Fe­de­ração Na­ci­onal dos Sin­di­catos dos Tra­ba­lha­dores em Fun­ções Pú­blicas e So­ciais, também no dia 31, re­a­fir­mando a exi­gência de de­missão e elen­cando as men­tiras de­tec­tadas neste caso. O Go­verno mentiu ao tri­bunal, quando omitiu que os tra­ba­lha­dores em re­gime de con­trato in­di­vi­dual são des­pe­didos ao fim de um ano na «re­qua­li­fi­cação»; mentiu, ao alegar que no Or­ça­mento do Es­tado não estão ca­bi­men­tadas verbas para pagar aos tra­ba­lha­dores em «re­qua­li­fi­cação», pois eles re­cebem através do INA (uma di­recção-geral do Mi­nis­tério das Fi­nanças); mentiu no Par­la­mento e aos sin­di­catos, quando as­se­gurou que a lei da re­qua­li­fi­cação não ser­viria para des­pedir.
«Os tra­ba­lha­dores atin­gidos por esta ca­tás­trofe que põe em causa as suas vidas têm que con­ti­nuar a res­ponder com fir­meza e com luta a todos os ní­veis», apela a fe­de­ração.

 

Listas ile­gais

O ISS agiu à margem das leis, ao pu­bli­citar as listas no­mi­na­tivas de tra­ba­lha­dores do Ins­ti­tuto da Se­gu­rança So­cial afas­tados para a mo­bi­li­dade es­pe­cial, pro­testou a Fe­de­ração Na­ci­onal de Pro­fes­sores.
A 30 de De­zembro, a Fen­prof re­agiu às duas notas in­for­ma­tivas em que o ISS, na vés­pera, pu­bli­ci­tara a de­cisão de aprovar a lista no­mi­na­tiva e os re­sul­tados do pro­cesso de se­lecção dos tra­ba­lha­dores. «Estas notas in­for­ma­tivas foram di­vul­gadas em mo­mento em que o pro­cesso de re­qua­li­fi­cação se en­con­trava com efi­cácia sus­pensa», uma vez que o Tri­bunal Ad­mi­nis­tra­tivo e Fiscal de Coimbra ad­mitiu «o pe­dido de de­cre­ta­mento da pro­vi­dência cau­telar de sus­pensão de efi­cácia».
A exe­cução do acto sus­penso «foi in­de­vida» porque as listas foram pu­bli­cadas antes de ter sido apre­sen­tada no TAF (às 18h23) a re­so­lução fun­da­men­tada ale­gando in­te­resse pú­blico e porque era ne­ces­sário que o tri­bunal se pro­nun­ci­asse sobre a sus­pensão do acto.
Re­ce­bida a no­ti­fi­cação no dia 2 pela ad­vo­gada sin­dical, esta vai res­ponder aos ar­gu­mentos do Go­verno no prazo de cinco dias. A tí­tulo de in­ci­dente pro­ces­sual, vai ser pe­dida de­cla­ração de ine­fi­cácia da pu­bli­cação das listas, re­velou a Fen­prof.

 

- Des­car­tados dão luta

 




Mais artigos de: Trabalhadores

Descartados dão luta

Para cen­tenas de tra­ba­lha­dores da Ad­mi­nis­tração Pú­blica e do sector pri­vado, passar de 2014 para 2015 exige ac­ções a de­mons­trar que re­cusam com fir­meza ser tra­tados como des­car­tá­veis e estão dis­postos a lutar, unidos e or­ga­ni­zados, pela de­fesa do em­prego e dos di­reitos.

Por justiça nos hotéis

O tu­rismo cresce, mas os sa­lá­rios con­ti­nuam baixos e os di­reitos estão sob per­ma­nente ataque do pa­tro­nato, o que sus­cita pro­testo e luta dos tra­ba­lha­dores, como su­cedeu neste fim de ano.

Combater a instabilidade

A Fen­prof reúne hoje e amanhã (8 e 9) o seu Se­cre­ta­riado Na­ci­onal, es­tando já con­vo­cado, para o dia 17 de Ja­neiro, o Con­selho Na­ci­onal da Fe­de­ração, órgão má­ximo entre con­gressos.

35 horas em Janeiras

Para de­nun­ciar o boi­cote do Go­verno à pu­bli­cação das cen­tenas de acordos ne­go­ci­ados com en­ti­dades do Poder Local, man­tendo as 35 horas se­ma­nais, di­ri­gentes e ac­ti­vistas sin­di­cais can­taram umas Ja­neiras a pro­pó­sito.

Vitória na STCP

A administração e o Governo recuaram na intenção de despedir ilegalmente dez motoristas da Sociedade de Transportes Colectivos do Porto e decidiram que estes, mais os que teriam os contratos a termo concluídos nos próximos meses, passarão a ter contratos efectivos, o que...

Acabaram os cortes

A Fiequimetal/CGTP-IN renovou, para todo o ano de 2015, os pré-avisos de greve ao trabalho suplementar e ao trabalho em dia feriado que, por escala, seja considerado trabalho normal, que mantém desde Agosto de 2012, para que tenham cobertura legal eventuais lutas em empresas que não eliminem os...