Greves de fim-de-ano no Porto e na Madeira

Por justiça nos hotéis

O turismo cresce, mas os salários continuam baixos e os direitos estão sob permanente ataque do patronato, o que suscita protesto e luta dos trabalhadores, como sucedeu neste fim de ano.

Os patrões só atendem à força da unidade e da luta dos trabalhadores

Numa aparentemente indecifrável contradição, a greve convocada pelo Sindicato da Hotelaria da RA da Madeira foi menorizada pelo patronato, quanto à adesão esperada, mas os seus eventuais «prejuízos» foram empolados até à exaustão nos dias que a antecederam. O sindicato da Fesaht/CGTP-IN foi dando conta dos obstáculos levantados à organização e à concretização da luta, por aumentos salariais que não ocorrem há dois anos e contra graves intenções da associação patronal relativamente ao clausulado do contrato colectivo – tão graves que são classificadas pelos trabalhadores como recuo para as condições da escravatura.
No decurso da paralisação, denunciou o sindicato, houve hotéis que recorreram a empresas de trabalho temporário, para ilegalmente substituírem pessoal em greve. Aos jornalistas, iam dizendo que tudo estava a funcionar normalmente.
No dia 1, o presidente do sindicato anunciou que os representantes patronais tinham aceitado retomar a negociação do contrato colectivo, com uma primeira reunião esta segunda-feira e, provavelmente, negociações ontem e hoje. Para Adolfo Freitas, citado pela agência Lusa, esta foi «o efeito mais relevante» da greve.

Teve adesão elevada a greve de 24 horas nos hotéis Fénix, do Grupo Expotel, no Porto, a 31 de Dezembro, por aumentos salariais e pela negociação de um acordo de empresa. O Sindicato da Hotelaria do Norte destacou o nível de participação no hotel Ipanema Park, a maior das cinco unidades do grupo, frente ao qual se realizou uma concentração de trabalhadores durante a greve. Só aqui, revelou o sindicato da Fesaht/CGTP-IN, que organizou piquetes em todos os hotéis, foram contratadas 12 pessoas para substituir grevistas no bar, no restaurante e na lavandaria.
Sem salários aumentados nos últimos anos e perante a falta de cumprimento do compromisso da associação patronal Aphort, que declarou querer retomar as negociações do contrato colectivo do sector em Setembro, o sindicato e os trabalhadores decidiram avançar para reivindicações em cada empresa.

No dia 29, igualmente com elevada adesão, estiveram em greve os trabalhadores do Hospital da Arrábida, em Vila Nova de Gaia, que estão organizados no Sindicato da Hotelaria (cujo âmbito engloba a hospitalização privada).
A luta foi motivada também por aumentos salariais mas, sobretudo, contra constantes violações do contrato colectivo de trabalho. A administração da unidade hospitalar do BES Saúde altera sistematicamente os horários de trabalho, recusa dois dias de descanso semanal consecutivos, não paga trabalho suplementar, impõe intensos ritmos de trabalho, nega a progressão na carreira profissional – acusou o sindicato.
Durante a greve, os trabalhadores concentraram-se no exterior, à entrada do hospital, e deslocaram-se até ao acesso principal do vizinho centro comercial Arrábida Shopping.
A prestar solidariedade aos trabalhadores, esteve no local uma delegação do PCP, com Diana Ferreira, deputada, e Ana Valente, do Comité Central e da direcção regional do Partido.




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