CGTP-IN mantém preocupação face a dados do INE

Emprego escasso e mau

A CGTP-IN contesta a euforia do Governo com as recentes estatísticas do emprego referentes a 2014, e mantém a preocupação face ao desemprego, à insuficiente criação de emprego e à sua crescente degradação.

«A euforia do Governo não se compagina com a realidade», diz a CGTP-IN

Reagindo às cifras oficiais divulgadas a semana passada pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), a Intersindical começa por manifestar apreensão pelo facto de, entre o 3.º e o quarto trimestres do ano passado, o emprego ter registado uma evolução negativa e a taxa de desemprego uma tendência de subida (mais 0,4 pontos percentuais), mostrando assim que a criação de postos de trabalho e a absorção dos trabalhadores desempregados não são sustentáveis.

De acordo com os números do INE, em 2014 o total de desempregados ascendeu a 726 mil, isto é mais 37,8 milhares do que em 2011, sendo a taxa de desemprego oficial de 13,9 por cento face a 12,7 por cento em 2011. Mas esta é apenas a ponta do icebergue, já que a estes há que juntar os 273,3 mil desencorajados, os 245,2 mil subempregados, os 27 mil inactivos, os 30,7 mil desempregados abrangidos por Contratos Emprego-Inserção e os 39,8 mil estagiários promovidos pelo IEFP que o INE conta como empregados, «mas que na realidade estão a ser usados pelo Governo e pelas empresas para impedir a criação de emprego estável e com salários dignos», nota a CGTP-IN.

Não há, pois, razão para euforias quando «o número real de desempregados e sub-ocupados no nosso País é de 1342,2 milhares, o que corresponde a uma taxa real de desemprego e sub-ocupação de 24,3 por cento, também mais elevada do que em 2011 (na ordem dos 20 por cento)». E «estes números só não são mais elevados devido ao aumento da emigração que atingiu mais de 400 mil trabalhadores entre 2011 e 2014», acrescenta a CGTP, antes de sublinhar que para além de serem a camada social que mais contribuiu para o contingente de trabalhadores forçados a abandonarem Portugal, os jovens contam-se entre os que mais peso têm no desemprego, tendo das taxas mais elevadas : 34,8 por cento até aos 25 anos e 19 por cento entre os 35 e os 34 anos, em termos oficiais.

Tudo somado, «os poucos empregos criados mais recentemente não são suficientes para esconder que o emprego caiu 240,6 milhares relativamente a 2011, quebra que atingiu quer a agricultura e pescas (menos 95 milhares), quer a indústria, construção e energia (menos 199,4 milhares) e afectou sobretudo os mais jovens (mais 213 mil empregos destruídos neste período entre os jovens dos 15 aos 34 anos)», salienta a Confederação sindical.

Política falhada

No comunicado difundido à comunicação social na sexta-feira, 6, a Inter realça também que os dados do INE confirmam um aumento do desemprego entre os trabalhadores com mais de 45 anos (mais 16 por cento face a 2011) e entre os profissionais menos qualificados, o que, conjugado com o facto de apenas cerca de um terço dos desempregados reais ter direito a subsídio, e de o valor das pensões, em termos reais, ter baixado de 499 euros em 2011 para 466 euros actualmente, avoluma os receios de um continuado aumento da pobreza e exclusão social em Portugal.

Preocupação agravada quando se observa a qualidade do emprego. Ou melhor, a sua contínua degradação, na medida em que a cifra oficial de vínculos não-permanentes (774,5 mil contratos, correspondendo a 21,4 por cento do total dos trabalhadores por conta de outrem, sobretudo jovens) está tão longe da realidade quanto o índice admitido para o desemprego.

«A CGTP-IN tem denunciado que a euforia do Governo não se compagina com a realidade económica e social existente, antes constitui um modo de fazer propaganda de uma política condenável e condenada ao fracasso, nas suas diferentes áreas, que faz da austeridade e do empobrecimento a sua linha de orientação e que, por isso, não consegue esconder os seus efeitos verdadeiramente criminosos», conclui.


 



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