Comissões de protecção de menores

É inadiável suprir carências

O PCP re­quereu, dia 22, a pre­sença do mi­nistro da So­li­da­ri­e­dade, Em­prego e Se­gu­rança So­cial, Pedro Mota So­ares, na Co­missão de Se­gu­rança So­cial e Tra­balho, para prestar es­cla­re­ci­mentos sobre as con­di­ções de fun­ci­o­na­mento das Co­mis­sões de Pro­tecção das Cri­anças e Jo­vens (CPCJ) e do Centro Na­ci­onal de Pen­sões.

Este pe­dido foi for­ma­li­zado com re­curso à fi­gura de agen­da­mento po­tes­ta­tivo (que obriga à re­a­li­zação da au­dição) e surgiu de­pois de o PSD e CDS terem chum­bado an­te­rior re­que­ri­mento do PCP para que o mi­nistro fosse ou­vido na re­fe­rida co­missão par­la­mentar sobre aquelas ma­té­rias.

In­vi­a­bi­li­zação para a qual não foi dada qual­quer ex­pli­cação por parte do CDS-PP, que se li­mitou a votar contra, en­quanto PSD se ficou pelo ar­gu­mento de que estas ma­té­rias já foram dis­cu­tidas e po­de­riam vir a sê-lo de novo a 13 de Maio, data em que Mota So­ares irá à AR no âm­bito de uma au­dição re­gi­mental.

A de­pu­tada co­mu­nista Rita Rato jus­ti­fica a ur­gência em ouvir o mi­nistro com o agravar da si­tu­ação a cada dia que passa, as­si­na­lando que há factos novos como o de proibir a par­ti­ci­pação dos re­pre­sen­tantes da Se­gu­rança So­cial nas CPCJ numa reu­nião ha­vida, bem como um e-mail a con­di­ci­onar a não subs­crição de um ma­ni­festo que foi lan­çado por al­gumas co­mis­sões.

«O mi­nistro tem que ex­plicar estes con­di­ci­o­na­mentos que co­locam em causa a au­to­nomia e o fun­ci­o­na­mento normal das co­mis­sões, para além da falta de meios», su­bli­nhou em de­cla­ra­ções ao Avante! a de­pu­tada co­mu­nista, para quem é igual­mente ina­cei­tável que a so­lução apre­sen­tada pelo Go­verno vá no sen­tido de «res­pon­sa­bi­lizar as ins­ti­tui­ções par­ti­cu­lares de so­li­da­ri­e­dade so­cial (IPSS) por ma­té­rias que são da res­pon­sa­bi­li­dade do Es­tado». É o que o Go­verno faz quando propõe que nas CPCJ haja em per­ma­nência um ele­mento das IPSS.

Daí a exi­gência do PCP, rei­te­rada por Rita Rato, de que sejam con­tra­tados todos os téc­nicos em falta, sem os quais não é pos­sível su­perar as graves di­fi­cul­dades das co­mis­sões, com 69 mil pro­cessos em mãos, «sem con­di­ções mí­nimas de fun­ci­o­na­mento» e a vi­verem uma «si­tu­ação dra­má­tica».

Caso con­trário, se não for ga­ran­tido no curto prazo a con­tra­tação dos meios ne­ces­sá­rios, ad­vertiu, o «Go­verno é res­pon­sável pelo des­res­peito e pela vi­o­lação dos di­reitos fun­da­men­tais destas cri­anças e jo­vens».

Vi­olar di­reitos

O in­su­fi­ci­ente nú­mero de téc­nicos não é de resto uma questão nova e ainda no pas­sado dia 16, em de­bate par­la­mentar em ple­nário, Rita Rato voltou a con­denar a re­cusa de Mota So­ares em re­co­nhecer a gra­vi­dade da si­tu­ação, con­si­de­rando-a re­ve­la­dora do pro­fundo des­res­peito do mi­nistro pelo tra­balho de todos os téc­nicos das CPCJ.

«Isso não é de quem quer re­solver o pro­blema, é de quem quer des­res­pon­sa­bi­lizar-se por ga­rantir aquela que é uma obri­gação do Es­tado – um sis­tema pú­blico de pro­tecção da cri­ança», su­bli­nhou, lem­brando ao mi­nistro que não faz favor ne­nhum às CPCJ em lhes ga­rantir con­di­ções de fun­ci­o­na­mento.

Na oca­sião, re­pu­diou ainda que o res­pon­sável da tu­tela faça chan­tagem di­zendo que as «CPCJ ou deixam de fun­ci­onar ou passam a IPSS» e con­si­derou também que não é séria a afir­mação do mi­nistro de que os re­cursos estão a ser alo­cados de acordo com os cri­té­rios exis­tentes.

«Os cri­té­rios são de 2000, quando era ainda re­du­zido o nú­mero de CPCJ, estão pro­fun­da­mente de­sac­tu­a­li­zados (como re­co­nheceu na AR o pre­si­dente da Co­missão Na­ci­onal), re­feriu Rita Rato, antes de acusar Mota So­ares de uti­li­zação ar­di­losa destes cri­té­rios para im­pedir a co­lo­cação de téc­nicos.

O envio de cen­tenas de tra­ba­lha­dores para a re­qua­li­fi­cação, e que por essa razão não pu­deram ser subs­ti­tuídos, levou também a que haja CPCJ que não dis­põem de um único téc­nico a tempo in­teiro, re­cordou a par­la­mentar co­mu­nista, con­victa de que «isto é de quem con­vive bem com a vi­o­lação de di­reitos fun­da­men­tais».

«Só um sis­tema pú­blico, com os téc­nicos ade­quados da Se­gu­rança So­cial, com equipas mul­ti­dis­ci­pli­nares pode as­se­gurar a pro­tecção cabal dos di­reitos da cri­ança», rei­terou por fim a de­pu­tada do PCP».




Mais artigos de: Assembleia da República

Problema é sistémico e não casual

O PCP propôs quase uma cen­tena de pro­postas de al­te­ração às con­clu­sões do re­la­tório da co­missão de inqué­rito ao BES/​GES, cujos tra­ba­lhos estão na recta final.

Abril é futuro

«O 25 de Abril foi a resposta que os militares do Movimento das Forças Armadas, o povo, os democratas e os antifascistas deram às inevitabilidades daquele tempo. Também hoje é necessário e é possível romper com as inevitabilidades que nos...

Perpetuar a política de exploração

O Pro­grama de Es­ta­bi­li­dade (desta vez sem cres­ci­mento) e o Pro­grama Na­ci­onal de Re­formas es­ti­veram em de­bate na AR, dia 22, com a mai­oria PSD/​CDS-PP a aprovar o seu pro­jecto de re­so­lução sobre o tema e a chumbar as ini­ci­a­tivas das opo­si­ções.

Não ignorar as causas

Os deputados cumpriram faz hoje oito dias um minuto de silêncio pelas vítimas dos naufrágios no Mediterrâneo, com todos os grupos parlamentares a expressarem pesar e a exigirem da Europa medidas concretas e imediatas para o problema. A presidente da Assembleia da República,...