Greves no Metro, Carris e STCP

Impedir o assalto

A de­cisão po­lí­tica do Go­verno de en­tregar ao ca­pital pri­vado a ex­plo­ração das em­presas pú­blicas de trans­porte ur­bano de pas­sa­geiros em Lisboa e no Porto con­fronta-se com a firme opo­sição dos tra­ba­lha­dores.

A pri­va­ti­zação lesa o Es­tado, os utentes e os tra­ba­lha­dores

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Para os pró­ximos dias, estão con­vo­cadas greves na STCP, na Carris e no Me­tro­po­li­tano de Lisboa. A luta dos tra­ba­lha­dores ganha mais força com os ar­gu­mentos que as suas or­ga­ni­za­ções re­pre­sen­ta­tivas têm apre­sen­tado, par­ti­cu­lar­mente face aos ca­dernos de en­cargos dos con­cursos pú­blicos de sub­con­cessão, à me­dida que estes vão sendo co­nhe­cidos.

No Porto, a trans­por­ta­dora ro­do­viária tem pa­ra­li­sação mar­cada para dia 11, se­gunda-feira, pela de­fesa do ca­rácter pú­blico da STCP e pela re­po­sição do nú­mero de tra­ba­lha­dores ne­ces­sá­rios para ga­rantir a oferta pro­gra­mada e acabar de vez com a sis­te­má­tica su­pressão diária de de­zenas de car­reiras, como re­feriu a Fe­de­ração dos Sin­di­catos de Trans­portes e Co­mu­ni­ca­ções. A Fec­trans/​CGTP-IN, ao anun­ciar a luta, sa­li­entou que ela é tra­vada «em de­fesa da com­po­nente so­cial desta em­presa, ao ser­viço da re­gião e dos utentes», «as­sente num co­lec­tivo de tra­ba­lha­dores mo­ti­vados através do cum­pri­mento do Acordo de Em­presa e da me­lhoria das con­di­ções de vida e tra­balho».

«Faz lem­brar o di­tado “quando a es­mola é grande, o pobre des­confia”», co­mentou no dia 24 de Abril, um membro da Co­missão de Tra­ba­lha­dores da Metro do Porto, a pro­pó­sito dos mi­lhões de euros que o se­cre­tário de Es­tado dos Trans­portes disse que seria pou­pados com a con­cessão ao con­sórcio es­pa­nhol da TMB/​Mo­ventis. A CT, como ex­plicou Nuno Or­tigão à agência Lusa, des­co­nhece to­tal­mente o con­teúdo deste con­trato e re­ceia que a ex­pansão da rede tenha fi­cado hi­po­te­cada por dez anos.

Na Carris, Car­risBus e Car­risTur, a Fec­trans re­a­firmou an­te­ontem o apelo à cons­trução de uma grande greve no dia 14, quinta-feira, unindo todos os tra­ba­lha­dores «na de­fesa de uma só Carris pú­blica». Num co­mu­ni­cado aos tra­ba­lha­dores, a fe­de­ração va­lo­rizou a par­ti­ci­pação na marcha de 22 de Abril, que trouxe para a rua a forte uni­dade ve­ri­fi­cada na greve de dia 10, data em que num ple­nário, em Santo Amaro, foi apro­vada uma des­lo­cação à As­sem­bleia da Re­pú­blica. Sem re­jeitar ou­tras ini­ci­a­tivas, como um de­bate sobre o ca­derno de en­cargos da con­cessão, a Fec­trans de­fendeu que este é com­pa­tível com o cum­pri­mento da de­cisão do ple­nário e as­si­nalou a ne­ces­si­dade de dar con­ti­nui­dade à luta, após o dia 14.

A fe­de­ração en­viou a todas as or­ga­ni­za­ções de tra­ba­lha­dores uma pro­posta para que, além das ac­ções em cada em­presa, se pre­pare desde já «um mo­mento de uni­dade e luta de todas as em­presas de trans­portes su­jeitas a pro­cessos de pri­va­ti­zação». No sítio da Fec­trans foi di­vul­gado um es­tudo sobre o ca­derno de en­cargos que o Go­verno pre­parou para a Carris.

De­pois da greve par­cial de 28 de Abril, os tra­ba­lha­dores do Me­tro­po­li­tano de Lisboa voltam a pa­ra­lisar a 19 de Maio. A CT do Metro também já di­vulgou um de­ta­lhado es­tudo sobre o ca­derno de en­cargos da sub­con­cessão.

 



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