UE e Governo atacam Estaleiros de Viana do Castelo

Ingerência e capitulação

O PCP re­pudia a po­sição da Co­missão Eu­ro­peia (CE) de in­timar os Es­ta­leiros Na­vais de Viana do Cas­telo a de­vol­verem os in­ves­ti­mentos pú­blicos de que be­ne­fi­ci­aram entre 2006 e 2011, por ela con­si­de­rados «ile­gais».

A UE re­velou-se uma vez mais como ins­tru­mento dos mo­no­pó­lios

LUSA

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Numa nota emi­tida, no dia 7, pelo Ga­bi­nete de Im­prensa, o Par­tido co­meça por cri­ticar a «ina­cei­tável in­ge­rência da União Eu­ro­peia na so­be­rania do Es­tado por­tu­guês e no seu ina­li­e­nável di­reito de de­cidir sobre a de­fesa, va­lo­ri­zação e de­sen­vol­vi­mento dos seus sec­tores e em­presas es­tra­té­gicas». Para o PCP, esta de­cisão evi­dencia não apenas o papel da União Eu­ro­peia como «es­tru­tura ao ser­viço dos mo­no­pó­lios» mas a «de­li­be­rada in­ter­venção das ins­ti­tui­ções eu­ro­peias no pro­cesso de des­man­te­la­mento do apa­relho pro­du­tivo de países como Por­tugal».

Alvo da crí­tica do Par­tido é também o Go­verno, que pela voz do mi­nistro Aguiar-Branco «não só não ques­ti­onou esta ina­cei­tável po­sição da Co­missão Eu­ro­peia, como é seu di­reito e dever, como ainda pro­curou jus­ti­ficar, com esta de­cisão, o cri­mi­noso pro­cesso de li­qui­dação dos Es­ta­leiros e da sua en­trega aos grupos Mar­tinfer e Na­valria». Trata-se, para o PCP, de «mais uma de­mons­tração de com­pleta sub­missão do Go­verno pe­rante a União Eu­ro­peia, de ab­di­cação da de­fesa dos in­te­resses na­ci­o­nais e de ab­so­luto des­prezo pelo apa­relho pro­du­tivo na­ci­onal e o sector da cons­trução naval».

O PCP acres­centa ainda que, e ao con­trário do que o Go­verno e a UE afirmam, o apoio do Es­tado a em­presas pú­blicas es­tra­té­gicas não só não cons­titui qual­quer ile­ga­li­dade como a obri­gação do Go­verno era mesmo a «ma­nu­tenção desta em­presa e o seu de­sen­vol­vi­mento no âm­bito do sector em­pre­sa­rial do Es­tado». Em todo este pro­cesso fica ainda clara a po­lí­tica de dois pesos e duas me­didas pros­se­guida pela CE e pelo Go­verno: «má­xima res­trição e ten­ta­tiva de im­pe­di­mento nos apoios dados a em­presas pú­blicas, par­ti­cu­lar­mente dos países mais fra­gi­li­zados da UE; mi­lhares de mi­lhões de euros para as grandes mul­ti­na­ci­o­nais por via dos or­ça­mentos dos es­tados-mem­bros com vo­lu­mosos be­ne­fí­cios fis­cais, dos fundos co­mu­ni­tá­rios e de ou­tros re­cursos pú­blicos.»

Ao ser­viço do País

Face à exi­gência for­mu­lada pela Co­missão Eu­ro­peia, o PCP re­clama do Go­verno uma «ati­tude de firme e enér­gica con­tes­tação a esta anun­ciada de­cisão», à se­me­lhança do que ou­tros es­tados-mem­bros, pe­rante si­tu­a­ções idên­ticas, fi­zeram no pas­sado. Assim, acres­centa o Par­tido, não é de ad­mitir qual­quer tipo de de­vo­lução dos va­lores en­tre­gues. Já a con­tes­tação à de­cisão da CE deve ser le­vada «até às úl­timas con­sequên­cias». Os de­pu­tados do PCP no Par­la­mento Eu­ropeu, aliás, di­ri­giram à Co­missão Eu­ro­peia um con­junto de ques­tões sobre este as­sunto.

Para o PCP, é fun­da­mental que o Es­tado por­tu­guês re­cu­pere o con­trolo pú­blico dos Es­ta­leiros de Viana do Cas­telo, co­lo­cando-os «ao ser­viço da eco­nomia na­ci­onal, cri­ando em­prego, pro­mo­vendo a cons­trução naval res­pon­dendo a ne­ces­si­dades do País e a en­co­mendas es­tran­geiras». Esta opção, res­salva, de­verá ser as­su­mida no quadro de uma gestão pú­blica que, «em vez de com­pro­me­tida com a pri­va­ti­zação da em­presa, como acon­teceu ao longo de anos, es­teja vin­cu­lada a um pro­jecto de mo­der­ni­zação e de fu­turo dos Es­ta­leiros».




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