Imposições ao povo grego

Arrogância sem limites

Je­ró­nimo de Sousa acusou o Go­verno de «fazer coro com aqueles que ao povo grego nada têm a dizer se não "obe­deçam"», en­ten­dendo que os de­sen­vol­vi­mentos mais re­centes evi­den­ciam que a «chan­tagem, a pressão e a ar­ro­gância ul­tra­pas­saram todos os li­mites».

O que está em causa no caso grego, se­gundo o líder co­mu­nista, «não são di­fe­renças de visão para re­solver um pro­blema eco­nó­mico, não são os dois mil mi­lhões de euros» que se­param o Eu­ro­grupo da pro­posta grega, mas sim «im­po­si­ções po­lí­ticas e ide­o­ló­gicas e uma de­ter­mi­nação em fazer ajo­e­lhar e hu­mi­lhar um povo».

O Se­cre­tário-geral do PCP fa­lava dia 19, na AR, no de­bate pre­pa­ra­tório do Con­selho Eu­ropeu (que veio a re­a­lizar-se esta se­gunda-feira) onde o pri­meiro-mi­nistro as­se­verou que a «Grécia não con­se­guirá pros­se­guir o seu ca­minho sem um ter­ceiro pro­grama de ajuda ex­terna», rei­te­rando si­mul­ta­ne­a­mente que as «so­lu­ções» têm de ser en­con­tradas dentro dos qua­dros ins­ti­tu­ci­o­nais e que as «re­gras eu­ro­peias» são para cum­prir.

Do que se trata é de impor a «cha­mada "va­cina" grega», con­si­derou Je­ró­nimo de Sousa, para quem esta é uma ten­ta­tiva clara de «de­mons­trar pela força que não há ou­tros ca­mi­nhos que não o dos cortes nos sa­lá­rios e pen­sões, o do au­mento de im­postos no tra­balho e nos bens de pri­meira ne­ces­si­dade, o da pri­va­ti­zação da Se­gu­rança So­cial, o do es­bulho da ri­queza na­ci­onal de um país por via dos ins­tru­mentos da dí­vida e das pri­va­ti­za­ções».

O di­ri­gente co­mu­nista re­fe­ren­ciou al­gumas das me­didas apre­sen­tadas pelo go­verno grego, após inú­meras con­ces­sões – uma con­tri­buição ex­tra­or­di­nária de 12 por cento para as em­presas com lu­cros acima de um mi­lhão de euros com vista a per­mitir manter o poder de compra dos sa­lá­rios e pen­sões ou o au­mento da taxa sobre os lu­cros das em­presas de 26 por cento para 29 por cento para com­par­ti­cipar me­di­ca­mentos, por exemplo –, su­bli­nhando que todas as pro­postas têm vindo a ser re­cu­sadas porque o ob­jec­tivo é, afinal, o de «fazer san­grar ainda mais o povo grego, doa a quem doer, custe a quem custar», que o mesmo é dizer aos tra­ba­lha­dores e ao povo.

Fa­zendo notar que o ca­minho que se pre­tende impor à Grécia «é o mesmo que im­pu­seram e querem con­ti­nuar a impor ao povo por­tu­guês» – o ca­minho do pacto de agressão se­lado por PS, PSD e CDS-PP –, o di­ri­gente do PCP citou um es­tudo ofi­cial sobre a dí­vida grega onde se re­vela que esse ca­minho já de­mons­trou que o «pri­meiro acordo de em­prés­timo em 2010 teve como prin­cipal ob­jec­tivo salvar os bancos pri­vados gregos e eu­ro­peus», que «a mai­oria dos fundos em­pres­tados foram di­rec­ta­mente trans­fe­ridos para as ins­ti­tui­ções fi­nan­ceiras», e que «os ajus­ta­mentos drás­ticos im­postos à eco­nomia grega e à so­ci­e­dade no seu todo acar­re­taram uma rá­pida de­te­ri­o­ração das con­di­ções de vida, e per­ma­necem in­com­pa­tí­veis com a jus­tiça so­cial, co­esão so­cial, de­mo­cracia e di­reitos hu­manos».




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