A tragédia mediática

Nas últimas semanas, o espaço mediático tem sido dominado pela situação da Grécia, com uma brutal campanha em torno da chantagem que os governos e instituições europeias têm levado a cabo para que o povo grego se submeta, mais uma vez, a ataques profundos aos seus direitos, a que aceitem o empobrecimento, o desemprego e o retrocesso económico e social como inevitáveis. Tudo isto aconteceu num período em que a coligação que o PCP e o PEV partilham com tantos e tantos independentes apresentou os seus primeiros candidatos às eleições legislativas e realizou iniciativas públicas com a sua participação e intervenção.

Em grande parte destas iniciativas, a situação da Grécia esteve presente, particularmente na semana que antecedeu o referendo do último fim-de-semana. Nenhuma outra força política tinha, até então, divulgado os seus primeiros candidatos, muito menos feito iniciativas públicas com a sua presença e intervenção. Se alguém imagina que esta conjugação de factores permitiu que, desta vez, o silêncio discriminatório estivesse em pausa por uns dias, desengane-se.

Os jornais, com excepções cada vez mais pontuais, ignoraram o facto de a CDU apresentar publicamente os seus primeiros candidatos. Mesmo com declarações prestadas sobre o que se foi vivendo na Grécia, não foram poucos os casos em que as iniciativas foram ignoradas de todo. Podiam valer-nos as televisões que, deslocando meios técnicos e jornalistas aos locais, pudessem dar nota do apoio crescente à CDU e aos seus candidatos, até porque os outros, mesmo os que já têm candidatos anunciados, não se apresentam a prestar contas e a assumir o seu compromisso junto do povo. Não foi o caso.

Então, pelo menos que apresentem a posição do PCP sobre a chantagem que foi feita ao povo grego. Mas quando o fizeram não largaram mão do poder de discriminar, remetendo-a para noticiários com menos audiência – sejam os da hora de almoço, sejam os dos canais informativos. Mas não se limitaram a discriminar. Deturparam o que foi dito, nomeadamente quando transformaram a defesa de que cabe ao povo grego decidir sobre o seu destino num apoio à realização do referendo.

Estes episódios, inserindo-se na campanha global de silenciamento do PCP e da CDU, revelam as razões de quem a orquestra. No próprio dia do referendo na Grécia, mais de uma dezena de políticos e especialistas (todos eles tomando partido, ainda que alguns o escondam) povoaram os espaços de informação das três estações de televisão. Só não foram mais porque Ana Gomes foi saltando entre a RTP e a TVI. Tivemos a defesa das posições do Governo PSD/CDS, do PS em abundância, do BE e até do novíssimo Livre. Só o PCP, a única força que nunca aceitou o esmagamento do povo grego, como não aceita que se condene o nosso País ao declínio, foi excluído.

Porque eles sabem, e têm medo, que o nosso povo decida livre de chantagem e de medo. Porque se o fizer traduzirá no voto a vontade de mudança, votando na CDU.

 



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