Alfredo Dinis e Ferreira Soares

Mártires da luta antifascista

O PCP as­si­nalou re­cen­te­mente os ani­ver­sá­rios dos as­sas­si­natos de dois des­ta­cados mi­li­tantes co­mu­nistas, Al­fredo Dinis e Fer­reira So­ares, pelas forças re­pres­sivas do fas­cismo.

Estes as­sas­si­natos tes­te­mu­nham a na­tu­reza do fas­cismo

A Co­missão Con­ce­lhia de Loures do Par­tido lem­brou, no dia 4, os 70 anos do as­sas­si­nato do co­mu­nista Al­fredo Dinis (Alex) às mãos de uma bri­gada da PIDE che­fiada por José Gon­çalves. O co­mu­nista de apenas 28 anos, membro do Co­mité Cen­tral do PCP, foi morto a tiro à traição na es­trada de Bu­celas, por onde se­guia para um en­contro clan­des­tino. Após ter sido der­ru­bado da bi­ci­cleta por um agente que se en­con­trava es­con­dido atrás de uma car­rinha pa­rada à beira da es­trada, Alex foi ime­di­a­ta­mente cer­cado pelos es­birros da PIDE e atin­gido a tiro. Uma vez dentro da car­rinha, foi no­va­mente al­ve­jado, desta vez na ca­beça.

A evo­cação re­a­lizou-se na lo­ca­li­dade da Bem­posta, onde se deu o crime, en­vol­vendo mi­li­tantes do Par­tido, eleitos lo­cais e di­ri­gentes de co­lec­ti­vi­dades. Perto de uma cen­tena de pes­soas des­fi­laram ao longo de 1500 me­tros, até ao me­mo­rial que as­si­nala o local onde Al­fredo Dinis tombou, em­pu­nhando 70 ban­deiras do Par­tido, uma por cada ano pas­sado sobre tão he­di­ondo as­sas­si­nato. Apre­sen­tada por An­tónio Ma­nuel Car­valho, da Co­missão de Fre­guesia de Bu­celas do PCP, a ini­ci­a­tiva contou com as in­ter­ven­ções de Pedro Guer­reiro, do Se­cre­ta­riado do Co­mité Cen­tral, e Paulo Pi­teira, vice-pre­si­dente da Câ­mara Mu­ni­cipal de Loures.

Al­fredo Dinis, ope­rário ma­ta­lú­rigo, ini­ciou a sua ac­ti­vi­dade po­lí­tica ainda muito jovem, na Fe­de­ração das Ju­ven­tudes Co­mu­nistas e no So­corro Ver­melho In­ter­na­ci­onal. Como membro do PCP, foi res­pon­sável por im­por­tantes or­ga­ni­za­ções na re­gião de Lisboa, Ri­ba­tejo, Margem Sul e Li­toral Alen­te­jano. Preso em 1938, teve um com­por­ta­mento digno pe­rante os es­birros. Foi um dos prin­ci­pais or­ga­ni­za­dores das grandes greves de Julho-Agosto de 1943 e per­tenceu ao co­mité de greve nas jor­nadas de 8 e 9 de Maio de 1944.

 Médico e co­mu­nista

 No dia se­guinte, re­a­lizou-se em No­gueira da Re­ge­doura, em Santa Maria da Feira, a ha­bi­tual ho­me­nagem a Fer­reira So­ares, mé­dico co­mu­nista as­sas­si­nado pela PVDE (an­te­ces­sora da PIDE) em 1942, com uma ra­jada de me­tra­lha­dora. A ini­ci­a­tiva, or­ga­ni­zada pelas co­mis­sões con­ce­lhias de Santa Maria da Feira e de Es­pinho do PCP, contou com a pre­sença de de­zenas de pes­soas, entre mi­li­tantes e sim­pa­ti­zantes do Par­tido e fa­mi­li­ares do ho­me­na­geado.

Fi­lipe Mo­reira, in­ter­vindo em nome das duas co­mis­sões con­ce­lhias, enal­teceu a de­di­cação ao povo da­quele que ficou co­nhe­cido por «mé­dico dos po­bres», cuja re­sis­tência ao fas­cismo está per­so­ni­fi­cada na ja­po­neira imor­ta­li­zada em po­emas que cresce junto à campa do mi­li­tante co­mu­nista.

Já o membro do Co­mité Cen­tral do PCP Jo­a­quim Al­meida des­tacou al­gumas fa­cetas da vida de Fer­reira So­ares, re­fe­rindo par­ti­cu­lar­mente o seu exemplo na «luta por me­lhores con­di­ções de vida e de tra­balho dos tra­ba­lha­dores e do povo», que mantém plena ac­tu­a­li­dade. O di­ri­gente do Par­tido re­alçou ainda a ne­ces­si­dade de con­cre­tizar uma po­lí­tica «capaz de re­cu­perar para o País o que é do País, que de­volva aos tra­ba­lha­dores e ao povo os seus di­reitos».

Da parte da fa­mília, in­ter­veio o filho de Fer­reira So­ares, Jorge, que su­bli­nhou a ne­ces­si­dade de os mais jo­vens pre­ser­varem a me­mória his­tó­rica do fas­cismo e da re­sis­tência e pros­se­guirem a luta em prol dos tra­ba­lha­dores e do povo. E as­se­gurou que, ao con­trário do que al­guns fazem crer, o seu pai foi as­sas­si­nado pelo fas­cismo por ser mi­li­tante co­mu­nista, e que o era de livre von­tade.

A ho­me­nagem ter­minou no ce­mi­tério local com a de­po­sição de um ramo de cravos ver­me­lhos junto à campa de Fer­reira So­ares. 




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