dos incêndios
Realidade chamusca Governo
«Incapaz de reconhecer que falhou em toda a linha na política florestal e nas medidas de prevenção aos fogos florestais, o Governo procura apresentar como boa uma situação que a realidade desmente», acusa o PCP.
Desde 2005 ardeu um milhão de hectares, 300 mil no mandato deste Governo
LUSA
Para o Partido, «os números não deixam margem para dúvidas» e indicam que até 31 de Julho «tinham ardido cerca de 29 mil hectares» de floresta, um total só comparável com a situação verificada em 2005. A desmentir a propaganda que o executivo PSD/CDS procura fazer passar, está, também, a comparação das ocorrências, dos reacendimentos e da área ardida para o mesmo período de 2014 e 2015, com as primeiras a passaram de 4165 para mais de dez mil, os segundos de 189 para 616, e o somatório de território ardido de 7575 para 28 780 hectares, detalhou Francisco Pereira, do Comité Central do PCP.
Na conferência de imprensa realizada sexta-feira, 7, o dirigente comunista lamentou que na última década os incêndios florestais tenham provocado «forte devastação no mundo rural», calculando em «perto de um milhão de hectares a área ardida, dos quais cerca de 300 mil na vigência deste Governo».
Recriminável para o PCP é igualmente a entrega à Autoridade Nacional de Protecção Civil de parte considerável (80 milhões de euros) dos fundos do quadro comunitário Portugal 2020, restando para «associações de bombeiros e câmaras municipais, principais responsáveis pela protecção e socorro, escassos 30 milhões de euros».
Uma verba muito abaixo das necessidades, notou Francisco Pereira, que lembrando o exíguo valor pago aos bombeiros destacados para o fogo e as carências de meios de combate à disposição das corporações, bem como o investimento insuficiente em tecnologia e segurança, resultante da desresponsabilização da Administração Central no apoio aos Corpos de Bombeiros –, saudou o «heróico esforço» levado a cabo no combate às chamas.
Não é uma fatalidade
Francisco Pereira insistiu na necessidade de promover, com urgência, «uma discussão aprofundada sobre os métodos, os meios e os recursos de combate a incêndios florestais para impedir que, todos os anos, se assista a uma verdadeira tragédia nacional.»
Não é de hoje, realçou por outro lado, que o PCP defende que a prevenção deve ter carácter prioritário. Em particular, continuou, incidindo sobre o Reordenamento Florestal em todas as suas dimensões, ou seja: «clarificar quem fiscaliza, quem notifica e quem faz cumprir a legislação», e apostar na diminuição dos riscos através do «ordenamento e tratamento da floresta, da limpeza e abertura de caminhos rurais e aceiros, da [aposta e apoio à] agricultura e a pastorícia, do povoamento do interior».
A prevalência da prevenção é, aliás, apontada como solução por um cada vez maior número de técnicos e associações, recordou o membro do CC que, lembrando a audição sobre a matéria realizada pelo Partido no âmbito da recolha de contributos para o seu Programa Eleitoral, sublinhou ter-se constatado que «em vez de uma floresta estruturada numa lógica de sustentabilidade de médio e longo prazo e vinculada aos interesses do povo e do País, temos um quadro onde a única área que cresce é a plantação de eucalipto, a qual supera já as áreas de pinheiro e sobreiro».