Partidos contra privatização devem cumprir

Luta defende TAP pública

Os tra­ba­lha­dores da TAP e as suas or­ga­ni­za­ções re­pre­sen­ta­tivas con­de­naram a ile­gí­tima con­cre­ti­zação da venda e afir­maram a de­ter­mi­nação de con­ti­nuar a luta pela de­fesa da em­presa pú­blica.

É im­pe­rioso es­cla­recer onde acaba a gestão rui­nosa e co­meça a sa­bo­tagem

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A po­sição foi re­a­fir­mada no dia 18, quarta-feira, num ple­nário no Ae­ro­porto de Lisboa, con­vo­cado pela Co­missão de Tra­ba­lha­dores. Foi apro­vada por larga mai­oria uma moção a re­clamar a re­versão do ne­gócio que o Go­verno PSD/​CDS quis dar por en­cer­rado na noite de dia 12. No do­cu­mento, como re­feriu à agência Lusa o co­or­de­nador da CT, são apon­tadas «al­gumas ir­re­gu­la­ri­dades» no pro­cesso de pri­va­ti­zação de 61 por cento do ca­pital da trans­por­ta­dora aérea na­ci­onal. De­fende-se, no­me­a­da­mente, que o con­sórcio Ga­teway (que tem como rostos Hum­berto Pe­drosa, do Grupo Bar­ra­queiro, e David Ne­e­leman, da com­pa­nhia low-cost Azul) «não cumpre os re­qui­sitos da le­gis­lação eu­ro­peia», disse José Au­gusto, no final do ple­nário. Este durou cerca de duas horas e meia e contou com a pre­sença do Se­cre­tário-geral da CGTP-IN, de de­pu­tados do PCP (Bruno Dias), do PEV e do BE, e de An­tónio Pedro Vas­con­celos, da as­so­ci­ação «Peço a Pa­lavra».
Ar­ménio Carlos as­si­nalou que houve no ple­nário um con­senso ge­ne­ra­li­zado contra a pri­va­ti­zação e in­sistiu que, para a CGTP-IN, este não é um pro­cesso en­cer­rado, es­pe­rando agora que os par­tidos po­lí­ticos que formam mai­oria na As­sem­bleia da Re­pú­blica e que to­maram po­sição con­trária à pri­va­ti­zação con­cre­tizem o com­pro­misso de re­verter a ali­e­nação.
A Fe­de­ração dos Sin­di­catos de Trans­portes e Co­mu­ni­ca­ções, logo que foi di­vul­gado o acordo de con­clusão da venda iria ser as­si­nado dentro de poucas horas, veio de­clarar que «o anúncio apres­sado do Go­verno de­mi­tido, para con­cluir o ne­gócio cri­mi­noso da venda da TAP, em nada al­tera a dis­po­sição e von­tade de lutar pela de­fesa desta em­presa es­tra­té­gica, como em­presa pú­blica ao ser­viço do País e dos por­tu­gueses, com uma gestão que se iden­ti­fique com a sua função es­tra­té­gica».
A es­tru­tura sec­to­rial da In­ter­sin­dical, numa nota pu­bli­cada ao final da tarde, re­alçou que «nada está ter­mi­nado» e «é pre­ciso travar este pro­cesso, que tem sido muito pouco trans­pa­rente e que apenas serve para be­ne­fi­ciar in­te­resses pri­vados, que nada têm a ver com os in­te­resses de Por­tugal». A Fec­trans/​CGTP-IN en­tende que «há con­di­ções e a força ne­ces­sária para de­fender os in­te­resses do País, dos por­tu­gueses e dos tra­ba­lha­dores», «se a mai­oria par­la­mentar na As­sem­bleia da Re­pú­blica con­ti­nuar a iden­ti­ficar-se com as po­si­ções an­te­ri­or­mente as­su­midas» e con­tando «com a mo­bi­li­zação dos tra­ba­lha­dores e da so­ci­e­dade».

Em­buste

No dia se­guinte a «mais uma mons­truosa e ile­gí­tima de­cisão deste Go­verno», o Sin­di­cato dos Tra­ba­lha­dores da Avi­ação e Ae­ro­portos con­si­derou que «a de­cisão de con­cluir o pro­cesso de pri­va­ti­zação da TAP, nestas con­di­ções, en­cerra em si pró­pria um co­lossal em­buste». O Si­tava, da Fec­trans/​CGTP-IN, aponta dois mo­tivos para esta afir­mação: trata-se de «um Go­verno de­mi­tido e em gestão cor­rente, por isso sem le­gi­ti­mi­dade para tomar de­ci­sões desta im­por­tância»; e «vi­o­lenta-nos com uma gi­gan­tesca e ig­nóbil bar­reira de ter­ro­rismo verbal» para ocultar «a ver­da­deira razão para toda esta sanha contra a TAP», que para o sin­di­cato é «o seu enorme pre­con­ceito ide­o­ló­gico e a opção pelo li­be­ra­lismo eco­nó­mico».
Das «ca­lú­nias e fal­si­dades» de que este pro­cesso de pri­va­ti­zação está re­cheado, o Si­tava des­tacou o «exemplo gri­tante» das «graves di­fi­cul­dades de te­sou­raria» da com­pa­nhia aérea, «postas a cir­cular» no dia 12. «São afir­ma­ções cho­cantes e ca­lu­ni­osas, que se des­tinam apenas a que­brar a re­sis­tência dos tra­ba­lha­dores» e, a serem le­vadas a sério, «ra­pi­da­mente se con­cluiria que al­guém teria an­dado a des­viar pa­tri­mónio da em­presa».
Uma vez que a TAP «con­tinua a vender bi­lhetes, a voar, a trans­portar pas­sa­geiros e a pro­duzir re­ceitas», ha­veria que ex­plicar «para onde estão então estas a ser ca­na­li­zadas».
«A serem ver­da­deiras as afir­ma­ções de que a TAP está sem di­nheiro até para o com­bus­tível, é im­pe­rioso que os tra­ba­lha­dores saibam onde acaba a gestão rui­nosa e co­meça a sa­bo­tagem», exige o Si­tava.

 



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