Húngaros contestam autoritarismo de Orban

Protesto no ensino

Mi­lhares de hún­garos ma­ni­fes­taram-se, dia 13, em Bu­da­peste contra a re­forma do en­sino pú­blico, num dos mai­ores pro­testos contra o go­verno de di­reita de Viktor Orban.

Pro­fes­sores e alunos exigem es­cola de­mo­crá­tica

A ma­ni­fes­tação, or­ga­ni­zada por as­so­ci­a­ções de es­tu­dantes e pais e sin­di­catos de pro­fes­sores, juntou entre dez mil e 20 mil pes­soas, se­gundo as di­fe­rentes es­ti­ma­tivas di­vul­gadas pelas agên­cias no­ti­ci­osas.

Na manhã de sá­bado, sob in­tensa chuva, o mar de gente de­sem­bocou frente ao par­la­mento en­chendo a praça e ruas ad­ja­centes.

O mo­tivo do pro­testo, o maior desde a ten­ta­tiva do go­verno de taxar o uso da In­ternet, em 2014, foi o ex­cesso de cen­tra­li­zação e o ca­rácter au­to­ri­tário das re­formas no en­sino.

Frente ao par­la­mento, os ma­ni­fes­tantes gri­taram pa­la­vras de ordem como «Li­ber­dade no país! Li­ber­dade no En­sino!» e «Orban vai-te em­bora».

Mais do que rei­vin­dicar au­mentos sa­la­riais e ou­tros be­ne­fí­cios, o sector da Edu­cação le­vantou-se contra o rumo au­to­ri­tário das re­formas ini­ci­adas em 2010, quando o par­tido de Orban re­gressou ao poder.

As me­didas co­lo­caram as es­colas sob con­trolo di­recto do or­ga­nismo es­tatal KLIK, que in­tro­duziu novas dis­ci­plinas, cen­tra­lizou a venda de ma­te­rial de en­sino e impôs uma pe­sada carga ho­rária aos alunos.

Os pro­fes­sores hún­garos con­tes­taram as mu­danças, de­nun­ci­ando a au­sência de cri­té­rios ci­en­tí­ficos e pe­da­gó­gicos.

Em No­vembro do ano pas­sado, de­sen­ca­de­aram um mo­vi­mento alar­gado de pro­testo com a di­vul­gação de um ma­ni­festo, onde se lia que «todo o sis­tema de en­sino está em pe­rigo, tudo se trans­formou no caos».

O do­cu­mento já foi subs­crito por mais de 30 mil pro­fes­sores e en­car­re­gados de edu­cação de 700 es­colas.

A par da cres­cente cen­tra­li­zação, pro­fes­sores e alunos de­nun­ciam o sub­fi­nan­ci­a­mento do sis­tema pú­blico, que pro­voca ca­rên­cias a todos os ní­veis, a co­meçar pela falta de giz, e su­jeita o pes­soal do­cente a cargas ho­rá­rias ex­ces­sivas.

Apesar da sua di­mensão e ve­e­mência, o go­verno tentou des­va­lo­rizar o mo­vi­mento, afir­mando que já está em curso um pro­cesso de diá­logo entre as partes.

Si­na­li­zando a im­pos­si­bi­li­dade desse diá­logo, os ma­ni­fes­tantes cum­priram si­lêncio quase ab­so­luto du­rante cinco mi­nutos. O mo­vi­mento de pro­testo pro­mete con­ti­nuar.




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