Washington e Pyongyang exploraram possibilidade de diálogo

EUA e RPDC falharam paz

Ne­go­ci­a­ções ex­plo­ra­tó­rias sobre um tra­tado de paz para a pe­nín­sula co­reana terão ocor­rido se­cre­ta­mente, em­bora sem su­cesso, entre res­pon­sá­veis norte-ame­ri­canos e da Re­pú­blica Po­pular De­mo­crá­tica da Co­reia (RPDC).

Norte-ame­ri­canos e norte-co­re­anos afirmam-se pela des­nu­cle­a­ri­zação

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Os en­con­tros in­for­mais foram ale­ga­da­mente re­a­li­zados na sede das Na­ções Unidas, em Nova Iorque, antes do teste nu­clear norte-co­reano de 6 de Ja­neiro (o quarto desde 2006), con­de­nado una­ni­me­mente pelo Con­selho de Se­gu­rança da ONU.

Se­gundo o Wall Street Journal (WSJ), que cita fontes ofi­ciais sob re­serva de ano­ni­mato, a Casa Branca terá re­ce­bido a pro­posta de diá­logo de Pyongyang, tendo aceite que a in­ter­rupção do pro­grama nu­clear da RPDC fosse um dos temas abor­dados nas con­ver­sa­ções e não um pres­su­posto para o seu início. O go­verno pre­si­dido por Ba­rack Obama apressou-se a des­mentir estas in­for­ma­ções.

Em­bora tenha ad­mi­tido que par­tiram de Pyongyang os con­tactos pre­li­mi­nares com o ob­jec­tivo de dis­cutir o fim das hos­ti­li­dades que se mantêm desde 1953 (quando foi as­si­nado um ar­mis­tício de cessar-fogo na pe­nín­sula co­reana), Jonh Kirby, porta-voz do De­par­ta­mento de Es­tado, ga­rantiu que Washington não deixou de de­fender que a re­dução do ar­senal ató­mico da Co­reia do Norte é uma pré-con­dição para o ar­ranque de qual­quer ne­go­ci­ação.

John Kirby as­se­gurou que a RPDC re­jeitou avançar nesse fi­gu­rino e afirmou que os EUA se mantêm fa­vo­rá­veis à des­nu­cle­a­ri­zação do ter­ri­tório, po­sição que a Co­reia do Norte tem rei­te­rado vá­rias vezes também ser a sua.

Até ao fecho da nossa edição, Pyongyang ainda não tinha re­a­gido nem à versão do diário norte-ame­ri­cano, nem àquela vei­cu­lada pelo porta-voz do De­par­ta­mento de Es­tado. No en­tanto, numa no­tícia di­vul­gada a 15 de Fe­ve­reiro pela Agência Cen­tral de No­tí­cias Co­reana, o Mi­nis­tério da De­fesa norte-co­reano su­blinha que «per­ma­necem vá­lidas todas as pro­postas para a pre­ser­vação da paz e da es­ta­bi­li­dade na pe­nín­sula e na re­gião, in­cluindo aquelas res­pei­tantes à ces­sação dos testes nu­cle­ares e à con­clusão de um tra­tado de paz em troca do fim dos exer­cí­cios mi­li­tares con­juntos dos EUA e da Co­reia do Sul».

Na mesma nota in­for­ma­tiva, a Co­reia do Norte la­menta que os EUA «tragam as nu­vens ne­gras de uma guerra nu­clear» ao in­tro­du­zirem em ter­ri­tório sul-co­reano «meios es­tra­té­gicos para um ataque nu­clear».

Tensão cres­cente

En­tre­tanto, norte-ame­ri­canos e sul-co­re­anos con­ti­nuam as ma­no­bras mi­li­tares na pe­nín­sula com re­forço de meios. No si­mu­lacro em curso e na­quele pre­visto para o pró­ximo mês de Março, EUA e Co­reia do Sul testam a ope­ra­ci­o­na­li­dade da des­lo­cação de mais tropas norte-ame­ri­canas para o ter­ri­tório em caso de guerra.

Washington, que mantém na Co­reia do Sul cerca de 29 mil sol­dados, en­viou nos úl­timos dias para o país quatro caças fur­tivos (os quais fi­caram alo­jados a apenas 70 qui­ló­me­tros da fron­teira com a Co­reia do Norte) e um sub­ma­rino nu­clear. Um bom­bar­deiro B52, capaz de trans­portar ogivas ató­micas, es­ta­ci­o­nada na base mi­litar de Oki­nawa, no Japão, tem so­bre­voado o es­paço aéreo sul-co­reano.

Pa­ra­le­la­mente, pros­se­guem as di­li­gên­cias para a ins­ta­lação na Co­reia do Sul de um sis­tema an­ti­míssil do Pen­tá­gono. Para além da RPDC, a China e a Rússia con­testam a ini­ci­a­tiva su­pos­ta­mente de­fen­siva, re­al­çando que aquele terá um al­cance muito maior do que o da pe­nín­sula co­reana, cons­ti­tuindo, desse modo, uma ameaça à se­gu­rança de Pe­quim e de Mos­covo e um es­tí­mulo acres­cido à cor­rida aos ar­ma­mentos.

 



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