Eslovacos penalizam sociais-democratas

Fico perde maioria

O pri­meiro-mi­nistro es­lo­vaco, Ro­bert Fico, so­freu uma pe­sada der­rota nas elei­ções le­gis­la­tivas de dia 5, com­pro­me­tendo a con­ti­nui­dade do seu go­verno.

So­ciais-de­mo­cratas adoptam dis­curso anti-imi­grantes

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As son­da­gens apon­tavam-no como ven­cedor in­con­tes­tável, dando como certa a sua re­con­dução, pela ter­ceira vez, no cargo de pri­meiro-mi­nistro.

Du­rante a cam­panha Ro­bert Fico apostou num dis­curso po­pu­lista de re­corte xe­nó­fobo, ba­seado na re­cusa em aco­lher mi­grantes no país.

O so­cial-de­mo­crata afinou pelo di­a­pasão dos seus ho­mó­logos na Po­lónia e Hun­gria, Ja­roslaw Kaczynski e Viktor Orban, res­pec­ti­va­mente, ou do pre­si­dente da Re­pú­blica Checa, Milos Zeman. Todos re­cusam o sis­tema de quotas de mi­grantes, apro­vado pela União Eu­ro­peia.

A fobia contra os imi­grantes chegou ao ponto de o Smer-SD, o par­tido de Fico, ter adop­tado como slogan a frase «Pro­te­jamos a Es­lo­vá­quia». De quem? Dos imi­grantes, como ex­pli­ci­taram com toda a cla­reza os so­ciais-de­mo­cratas es­lo­vacos.

A poucos dias do es­cru­tínio o pró­prio Fico de­clarou num co­mício em Bra­tis­lava: «Ja­mais dei­xa­remos en­trar um mu­çul­mano na Es­lo­vá­quia, nem cri­a­remos qual­quer co­mu­ni­dade mu­çul­mana, porque eles [os mu­çul­manos] re­pre­sentam um sério risco para a se­gu­rança».

Para al­guns ob­ser­va­dores a fi­xação de Ro­bert Fico no tema dos imi­grantes visou des­viar as aten­ções dos con­flitos so­ciais que aba­laram o seu man­dato, re­sul­tantes em par­ti­cular das ca­rên­cias exis­tentes nas áreas da edu­cação ou dos ser­viços de saúde.

Ao mesmo tempo, Fico pre­parou o ter­reno para a ne­ces­si­dade de uma even­tual co­li­gação com o Par­tido Na­ci­onal Es­lo­vaco (SNS), como já acon­te­cera entre 2006 e 2010, ou de pro­curar ou­tros ali­ados à di­reita.

Par­la­mento frag­men­tado

Os re­sul­tados das elei­ções, porém, re­ve­laram-se ines­pe­rados. Com apenas 28,3 por cento dos votos e 49 de­pu­tados, o par­tido de Fico perdeu a mai­oria ab­so­luta de que dis­punha no an­te­rior par­la­mento, com 83 de­pu­tados num total de 150.

Os li­be­rais do SaS (Li­ber­dade e So­li­da­ri­e­dade) são a se­gunda força com 21 de­pu­tados (12,1%), se­guidos dos con­ser­va­dores do OLANO-NOVA (Gente Comum e in­de­pen­dentes), com 19 lu­gares (11%).

Por seu turno, os na­ci­o­na­listas do SNS, pos­sí­veis ali­ados de Fico, re­gressam ao par­la­mento com 15 de­pu­tados (8,6%), pra­ti­ca­mente em­pa­tados com outro par­tido de ex­trema-di­reita, o LS-Nase Slo­vensko (Par­tido Po­pular «Nossa Es­lo­vá­quia»), de Ma­rian Ko­tleba, con­si­de­rado ne­o­nazi, que entra pela pri­meira vez no he­mi­ciclo com 14 de­pu­tados (8,6%).

Os res­tantes três par­tidos com re­pre­sen­tação par­la­mentar são o Most-Hid (pró-mi­noria hún­gara) com 11 de­pu­tados (6,5%), e o SME Ro­dina e o Siet (ambos con­ser­va­dores), res­pec­ti­va­mente, com 11 de­pu­tados (6,6%) e dez de­pu­tados (5,6%).

Fico já re­co­nheceu que «formar go­verno vai de­morar mais do que é normal».




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