«Histórico» apagamento

Os últimos dias têm sido pródigos em acontecimentos aos quais tem sido colado o rótulo de históricos pela máquina mediática, havendo já quem se questione sobre esta utilização liberal do adjectivo. Um desses momentos foi a aprovação do Orçamento do Estado, com muitas cabeças baralhadas com uma «geometria variável» na votação na especialidade (editorial do Público de dia 17) ou a chamar a atenção que «o Orçamento ameaça, as pessoas assustam-se» (editorial do Diário de Notícias de dia 19). O desconforto parece evidente.

O Público esteve particularmente activo na frente de batalha ideológica que pretendeu passar uma esponja sobre tudo o que de bom para a vida dos portugueses foi aprovado. No editorial de dia 15 sublinhava o «Cinismo e tacticismo da discussão do OE» sobre a votação das chamadas «ajudas à Grécia e à Turquia», acusando o PCP e o Bloco de «resolverem levantar obstáculos». Não é crível que no Público ninguém se lembre que o PCP, ao contrário de outros, sempre votou contra estas «ajudas» que o povo grego tem vindo a pagar com os seus rendimentos e direitos.

Notável foi também o apagamento que muitos conseguiram fazer da intervenção do PCP e das propostas de alteração que apresentou na discussão na especialidade. O Jornal de Notícias de dia 16 trazia uma peça com o título «Metade das propostas da esquerda aprovada», e para clarificar este título ambíguo a opção foi por uma fotografia de dirigentes do BE ao lado de uma lista de alterações – muitas propostas pelo PCP. Por seu lado, o Diário de Notícias de dia 15 gastava mais linhas para a aprovação da promessa eleitoral do PAN de redução do IVA dos copos menstruais – que desde 2011 já eram taxados a seis por cento – do que para a gratuitidade dos manuais escolares e o congelamento das propinas máxima e mínima, mais uma vez propostas apresentadas pelo PCP.

Nem os canais de televisão escaparam a esta campanha mediática de desvalorização, e mesmo apagamento, do contributo do PCP para esta nova fase da vida política nacional. Se no 8 de Março a TVI se esqueceu de que o PCP tem uma longa história de luta pela igualdade e convidou três mulheres do mesmo partido, com o caricato de as pôr frente a frente em horário nobre, a RTP no seu Telejornal apresentou as propostas de alteração aprovadas, com as alterações à tarifa social de energia e a gratuitidade dos manuais escolares à cabeça. Mas se no primeiro caso foi dito que a proposta era do BE, na segunda foi omitida a paternidade. E assim se escondem os contributos do PCP, quando os de outros são promovidos.

A fase de discussão do Orçamento do Estado passou, mas o desconforto com o papel incontornável do PCP na vida política nacional não dá mostras de amenizar. Como bem conhecemos, nestes momentos surgem, como surgirão mais, mais provocações, seja a propósito do que se passa no País e no mundo, seja pelo ressuscitar de velhas histórias cozinhadas por serviços secretos estrangeiros. Os avanços conseguidos são importantes ainda que limitados. Resta aos comunistas, como afirmado na votação do OE, manter «os olhos postos no futuro, nas muitas batalhas que temos para travar e nos problemas que há para resolver».




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