Actualização dos salários e respeito pelos direitos

Luta na OGMA com apoio na rua

Na marcha de dia 13, quarta-feira, pelas ruas de Alverca, os trabalhadores da OGMA receberam caloroso apoio da população à sua luta por melhores salários e por emprego com direitos.

A OGMA é a maior empresa do concelho de Vila Franca de Xira

Para o Sindicato dos Trabalhadores Civis das Forças Armadas, Estabelecimentos Fabris e Empresas de Defesa (Steffas/CGTP-IN), o balanço desta jornada é «extremamente positivo» e insere-se numa «luta em crescendo» na quase centenária empresa da indústria aeronáutica, fundada em 1918 e cujo capital social é detido, desde 2005, pela brasileira Embraer, com 65 por cento, restando 35 por cento na posse do Estado português.
Numa nota enviada à nossa redacção, o sindicato refere que, logo no final da marcha, foi admitido realizar novas acções a breve prazo, se a administração não demonstrar vontade de negociar as reivindicações dos trabalhadores, destacando o aumento dos salários. Apesar dos resultados financeiros positivos, confirmados nas contas de 2015 com um lucro de 11,6 milhões de euros, a administração recusa há quatro anos actualizar as tabelas salariais, mantendo as remunerações-base em valores baixos, ao mesmo tempo que exige cada vez maiores sacrifícios ao seu pessoal.
O Steffas e os trabalhadores contestam o ataque aos direitos e a «repressão constante» que se vive na empresa, classificando a situação como assédio. Reclamam contra a imposição do «banco» de horas, contra as alterações nos horários de trabalho e na marcação e gozo de férias, contra «perseguições, discriminações e despedimentos encapotados sob a forma de “rescisões amigáveis”».
Exigem também que continue a ser realizado trabalho para a Força Aérea Portuguesa e que seja recuperado o serviço perdido.
 

Mexe
com Alverca
 

Desde cerca das 13 horas, centenas de trabalhadores reuniram-se frente ao portão principal da OGMA, onde gritaram palavras de ordem. O ruído foi elevado com estridentes apitos. Foram distribuídos cartazes sobre os motivos do protesto e bandeiras do sindicato. Na frente perfilaram-se alguns manifestantes, com uma faixa «OGMA em luta! Actualização salarial, trabalho com direitos». Além de dirigentes e delegados sindicais, aqui interveio Libério Domingues, da Comissão Executiva da CGTP-IN e coordenador da União dos Sindicatos de Lisboa, que saudou e encorajou a luta dos trabalhadores.
A marcha arrancou pouco depois das 14 horas, contando já com pessoas que, não sendo trabalhadores da OGMA, corresponderam ao apelo e decidiram mostrar a sua solidariedade. Ao atravessar a estação ferroviária de Alverca (contígua às instalações industriais da OGMA), a ruidosa manifestação foi efusivamente saudada por passageiros, ferroviários e trabalhadores das lojas que ali funcionam.
A saudação e o carinho da população fez-se sentir na Avenida Infante D. Pedro, na Rua Catarina Eufémia e na Avenida Capitão Meleças, comprovando que «o que mexe com a OGMA, mexe com Alverca», conforme dirigentes do Steffas foram salientando, em várias intervenções durante o percurso, até ao Largo do Mercado (antigo), onde mais populares aguardavam a chegada da marcha.
No mini-comício que aqui teve lugar, usou da palavra Nuno Libório, vereador da Câmara Municipal de Vila Franca de Xira. Em nome dos eleitos nas listas da CDU para os órgãos autárquicos do concelho e das freguesias de Alverca e Sobralinho, sublinhou a coragem dos trabalhadores e a sua luta, suscitando muitos aplausos.
A encerrar este momento alto da manifestação, interveio Arménio Carlos, Secretário-geral da CGTP-IN.
A marcha prosseguiu na Estrada Nacional 10 e por mais algumas das ruas principais de Alverca, sempre com o mesmo ânimo e combatividade, e terminou pelas 16 horas, no local de partida. Aqui, além do alerta do sindicato quanto à necessidade de continuar a luta, um dirigente da Interjovem/CGTP-IN enalteceu a luta na OGMA. João Barreiros assinalou que, também aqui, os trabalhadores mais jovens são muitas vezes os primeiros a sofrer os ataques patronais.
O sucesso desta iniciativa começou a ser traçado com a sua aprovação, em moldes finais, nos plenários gerais de trabalhadores, dia 1 de Abril. Seguiu-se uma intensa campanha de divulgação e mobilização, entre os trabalhadores e junto da população, realçado a profunda ligação da OGMA com Alverca. A importância da empresa fica patente no facto de, com os seus 1600 trabalhadores, ser a maior empresa e a maior entidade empregadora do concelho.
Por objectivos semelhantes, tinha já ocorrido uma grande concentração junto ao portão da empresa, a 15 de Dezembro.

 



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