Extrema-direita sai derrotada na Áustria

Ecologista ganha presidenciais

O can­di­dato in­de­pen­dente Ale­xander van der Bellen, eco­no­mista de 72 anos e an­tigo líder do par­tido «Os Verdes», ga­nhou a se­gunda volta das pre­si­den­ciais aus­tríacas, re­a­li­zada dia 22, frente ao re­pre­sen­tante da ex­trema-di­reita, Nor­bert Hofe.

Após um es­cru­tínio re­nhido, em que foi pre­ciso es­perar pela con­tagem dos votos por cor­res­pon­dência (cerca de 900 mil su­frá­gios) para se apurar o ven­cedor, Van der Bellen impôs-se ao seu ad­ver­sário por uma es­cassa margem de 31 mil votos (50,3%).

Por seu turno, Nor­bert Hofe, can­di­dato do FPO (Par­tido da Li­ber­dade da Áus­tria), re­co­lheu 2,2 mi­lhões de votos (49,7%), am­pli­ando sig­ni­fi­ca­ti­va­mente a vo­tação da pri­meira volta, em que foi o mais vo­tado com 35 por cento dos votos, contra os 21 por cento do can­di­dato verde.

Por trás destes re­sul­tados sur­pre­en­dentes está a der­ro­cada dos dois prin­ci­pais par­tidos aus­tríacos, o SPO e o OVP (so­ciais-de­mo­cratas e de­mo­cratas-cris­tãos, res­pec­ti­va­mente), cujos can­di­datos foram ar­re­dados na pri­meira volta, com 11 por cento dos votos cada.

A hu­mi­lhante der­rota pro­vocou, pouco de­pois, a de­missão de Werner Fay­mann do cargo de chan­celer e da li­de­rança do Par­tido So­cial-De­mo­crata da Áus­tria. O seu subs­ti­tuto, Ch­ris­tian Kern, terá sus­pi­rado de alívio com o revés da ex­trema-di­reita, mas não po­derá ig­norar que o FPO con­quistou pra­ti­ca­mente me­tade do elei­to­rado do país, num acto em que par­ti­ci­param 72,7 por cento dos ins­critos.

Após esta eleição, o quadro po­lí­tico que vi­gorou desde o fim da II Guerra, do­mi­nado pelos so­ciais-de­mo­cratas e de­mo­cratas-cris­tãos, di­fi­cil­mente vol­tará a ser o mesmo.

Já nas le­gis­la­tivas de 1999, a ex­trema-di­reita, então li­de­rada por Jorg Haider, foi a força mais vo­tada com 26,9 por cento, as­cen­dendo ao go­verno em co­li­gação com os con­ser­va­dores. Em 2002, porém, após di­vi­sões in­ternas que le­varam à queda do exe­cu­tivo, o FPO caiu para dez por cento dos votos.  

O seu res­sur­gi­mento está di­rec­ta­mente li­gado à crise dos re­fu­gi­ados e à ex­plo­ração alar­mista do afluxo de pe­didos de asilo (90 mil em 2015), que levou aliás o go­verno a fe­char as portas a novos re­fu­gi­ados.

O mo­mento de­ci­sivo está en­tre­tanto adiado para as pró­ximas le­gis­la­tivas, que estão pre­vistas para 2018, a menos que até lá se des­faça a grande co­li­gação entre so­ciais-de­mo­cratas e con­ser­va­dores.




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