Perto de 70 militantes e amigos do Partido da Organização Regional de Viseu realizaram uma visita ao Forte de Peniche, promovida pela Comissão Interconcelhia de Nelas/Carregal do Sal. A acompanhar a comitiva esteve o antigo preso político e militante comunista Adelino Pereira.

Partindo do seu conhecimento directo das instalações e das duras condições a que os presos políticos (sobretudo os membros do PCP) estiveram sujeitos naquele cárcere da ditadura fascista, o resistente comentou, em cada espaço, aspectos relacionados com a repressão e tentativas de humilhar e quebrar a determinação dos presos, em paralelo com exemplos concretos da luta organizada dentro da prisão, que fortalecia a vontade colectiva de resistência. Para os comunistas, estar preso não significava abandonar a luta.

Adelino Pereira referiu-se ainda às diversas formas que os presos encontravam para iludir a apertada vigilância dos carcereiros e passar informação entre celas, salas e blocos ou para o exterior. As mortalhas de cigarro ou os toques codificados em paredes eram alguns dos métodos utilizados. As gramáticas e manuais de matemática que entravam na prisão dissimuladas de revistas triviais, com os quais alguns presos ensinavam outros, ou o aproveitamento das visitas familiares para enviar e receber notícias conspirativas foram outras das histórias contadas pelo antigo preso político, que cativaram os visitantes.

Adelino Pereira falou ainda das celas insalubres, dos espaços de recreio exíguos, do famigerado «segredo» e do super vigiado «palratório» e ainda da «omnipresença repressiva dos guardas». Mas, realçou, nada conseguiu aplacar a imensa humanidade dos presos, patente nos coloridos postais por estes enviados às suas crianças, alguns dos quais foram mostrados pelo guia da visita.