Preocupação e protesto após reunião com patrão

Triumph passa responsabilidade

Com a «do­ação» da fá­brica de Sa­cavém, a mul­ti­na­ci­onal Triumph visa ali­viar as suas res­pon­sa­bi­li­dades para com os tra­ba­lha­dores, acusou o Sin­di­cato dos Têx­teis do Sul, após uma reu­nião com o pa­trão da mul­ti­na­ci­onal.

A com­pra­dora as­su­miria as con­sequên­cias da saída da Triumph de Por­tugal

Reu­nidos em ple­nário, no dia 15, sexta-feira, os tra­ba­lha­dores ana­li­saram o que foi dito, numa reu­nião com o sin­di­cato da Fe­sete/​CGTP-IN, as or­ga­ni­za­ções re­pre­sen­ta­tivas dos tra­ba­lha­dores e a ad­mi­nis­tração da fi­lial por­tu­guesa (Triunfo In­ter­na­ci­onal), no dia 12, por Markus Spi­es­shofer, que in­tegra o trio fa­mi­liar que ocupa o topo da Triumph In­ter­na­ti­onal Spi­es­shofer & Braun KG, com sede na Suíça e ori­gens na Ale­manha.
Após esse ple­nário, o sin­di­cato deu a co­nhecer, numa nota de im­prensa, que os tra­ba­lha­dores «fi­caram muito apre­en­sivos quanto ao fu­turo da em­presa e às ga­ran­tias dadas» pela ad­mi­nis­tração, num co­mu­ni­cado de im­prensa que di­vulgou dia 12, sobre a ali­e­nação da fá­brica por­tu­guesa a uma em­presa suíça não iden­ti­fi­cada, e a pre­o­cu­pação au­mentou com as ex­pli­ca­ções dadas na reu­nião pelo pa­trão.
Por esse mo­tivo, os tra­ba­lha­dores de­ci­diram pedir ao mi­nistro da Eco­nomia uma reu­nião, com ur­gência, e, em data a anun­ciar, re­a­li­zarão uma con­cen­tração junto ao edi­fício onde está ins­ta­lado o Mi­nis­tério.

Custo zero

No do­cu­mento saído do ple­nário co­meça-se por res­salvar que «não se trata de uma venda, trata-se de uma “do­ação”», uma vez que, con­forme a in­for­mação dada aos tra­ba­lha­dores, a com­pra­dora suíça fi­cará com a Triunfo In­ter­na­ci­onal a custo zero e o con­sórcio vai in­vestir na em­presa e as­se­gurar-lhe en­co­mendas por al­guns meses.
Na reu­nião de dia 12, Markus Spi­es­shofer disse, se­gundo o re­lato trans­mi­tido pelo sin­di­cato, que «face à ac­tual si­tu­ação e à re­es­tru­tu­ração da em­presa, não pre­cisam de tanta pro­dução», que «a Triumph ao nível global está a perder di­nheiro» e que «no mer­cado por­tu­guês a pro­dução é duas vezes mais cara do que na Ásia».
Os re­pre­sen­tantes dos tra­ba­lha­dores ou­viram ainda o pa­trão dizer que, «quando co­me­çaram esta re­es­tru­tu­ração, pro­cu­ravam uma em­presa que as­su­misse a uni­dade pro­du­tiva com­pleta e ti­nham a cons­ci­ência de que nin­guém iria pagar-lhes para ficar com ela».
Spi­es­shofer ex­plicou que «pro­cu­raram uma em­presa com um plano para dar con­ti­nui­dade à uni­dade de Sa­cavém» e «a em­presa suíça que vai ad­quirir a Triunfo In­ter­na­ci­onal tem um plano, um mo­delo de ne­gócio, produz para vá­rias marcas, novos cli­entes e vá­rios países», «vai manter a pro­dução, as vendas e de­sen­vol­vi­mento do pro­duto e [os donos] estão dis­postos a in­vestir». Con­firmou que «a Triumph In­ter­na­ti­onal vai deixar di­nheiro na em­presa e man­terá al­gumas en­co­mendas du­rante al­guns meses» e adi­antou que «a “com­pra­dora” nunca tra­ba­lhou em Por­tugal, nem no sector têxtil, mas já ad­quiriu ou­tras em­presas».
«Este tipo de ne­gócio visa apenas a des­res­pon­sa­bi­li­zação da Triumph In­ter­na­ti­onal para com os di­reitos ad­qui­ridos dos tra­ba­lha­dores, ainda que o con­sórcio alemão diga o in­verso», afirma-se nas con­clu­sões do ple­nário.
Para os tra­ba­lha­dores e o sin­di­cato, se a mul­ti­na­ci­onal es­ti­vesse in­te­res­sada com a ga­rantia dos postos de tra­balho, a venda da fi­lial «con­tem­plaria o pa­ga­mento das suas res­pon­sa­bi­li­dades, e não a pas­sagem dos tra­ba­lha­dores e desse ónus para a em­presa suíça». Com os con­tornos ac­tuais do ne­gócio, con­clui-se que «a Triumph In­ter­na­ti­onal pre­tende que seja a em­presa ad­qui­rente a as­sumir todas as con­sequên­cias da sua saída de Por­tugal».

 



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