Tragédia no Mediterrâneo
Mais de 2900 pessoas perderam a vida ou desapareceram no Mediterrâneo desde o início do ano, quando tentavam alcançar o continente europeu.
Vítimas aumentaram com fecho da rota dos Balcãs
O assustador balanço foi apresentado na semana passada pela Organização Internacional para as Migrações (OIM), que divulgou números relativos ao período entre 1 de Janeiro e 17 de Julho.
Até aquela data, pelo menos 240 884 migrantes e refugiados desembarcaram em solo europeu, sobretudo em Itália e Grécia, um aumento de quase 20 mil chegadas em comparação com igual período de 2015.
Nos primeiros seis meses e meio do ano, a crise dos refugiados saldou-se pela morte ou desaparecimento de 2954 pessoas, ou seja, quase mais um terço de vítimas em relação ao período homólogo (1906), quando o fluxo migratório atingiu níveis inéditos desde a Segunda Guerra Mundial.
Citando fontes oficiais gregas, a OIM refere ainda que a guarda costeira helénica foi obrigada a realizar, só em Junho, 50 operações de busca e salvamento. Dez presumidos traficantes foram detidos e 16 embarcações apreendidas.
Desde o início do ano, as autoridades gregas detiveram 132 alegados traficantes e participaram em quase mil operações de resgate.
Em conferência de imprensa realizada dia 22, Joel Millman, porta-voz da OIM, revelou que desde finais de Março se registou «uma média de 20 mortes por dia» nas tentativas de atravessar o Mediterrâneo.
Millman recordou que este é o terceiro ano consecutivo em que o número de vítimas mortais é superior a três mil, sublinhando que nunca antes este limite foi atingido tão cedo.
«Estamos a apenas 800 do número total de vítimas alcançado durante todo o ano passado», afirmou Millman alertando que até ao final do ano poderão morrer mais de quatro mil pessoas.
Quase 90 por cento dessas mortes ocorreram no Mediterrâneo Central, entre a Líbia e a Itália, sendo as vítimas praticamente todas provenientes de países da África Subsaariana.
A organização com sede em Genebra, na Suíça, já havia alertado no início do mês que, ao contrário do que se afirmou, o encerramento da rota dos Balcãs e o desumano acordo entre a União Europeia e a Turquia não fizeram diminuir o fluxo migratório em direcção à Europa.
Segundo o director da OIM, William Swing, as pessoas estão desesperadas por alcançar um lugar seguro, e simplesmente procuram outras rotas. E para além da Síria ou do Afeganistão, o êxodo também é provocado pelos conflitos em países como o Iémen, Iraque ou Sudão do Sul.
O Mar Mediterrâneo é para muitos a única alternativa que resta, apesar dos riscos acrescidos da travessia.