Pessoal da hotelaria e comércio interpela clientes

Alta também para os salários

Na ho­te­laria e na grande dis­tri­buição co­mer­cial, os bons re­sul­tados das em­presas têm de re­flectir-se no au­mento dos sa­lá­rios, re­clamam os sin­di­catos da CGTP-IN, que estão a ori­entar a in­for­mação também para os cli­entes.

Os lu­cros são ga­ran­tidos com o au­mento da ex­plo­ração dos tra­ba­lha­dores

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O Sin­di­cato da Ho­te­laria, Res­tau­ração e Si­mi­lares do Centro anun­ciou na se­mana pas­sada que vai re­a­lizar em Agosto ac­ções de es­cla­re­ci­mento, junto a ho­téis, res­tau­rantes, bares e pas­te­la­rias, que tri­plicam o nú­mero de em­pre­gados nesta época. Estão con­vo­cadas reu­niões dis­tri­tais de di­ri­gentes e de­le­gados sin­di­cais em Coimbra (dia 29) e Fá­tima (dis­trito de Leiria, dia 24), du­rante as ma­nhãs, com ac­ções junto de es­ta­be­le­ci­mentos do sector no pe­ríodo da tarde. Bre­ve­mente serão anun­ci­adas as datas de ini­ci­a­tivas se­me­lhantes nos dis­tritos de Aveiro, Viseu, Guarda e Cas­telo Branco. Além disso, vão re­a­lizar-se «ac­ções es­pe­cí­ficas» em Es­pinho e Santa Maria da Feira, na Fi­gueira da Foz e na zona da Na­zaré, São Mar­tinho e Al­co­baça.
Das ra­zões que o sin­di­cato da Fe­saht/​CGTP-IN aponta para o de­sen­vol­vi­mento da luta e do es­cla­re­ci­mento, des­taca-se o facto de que o sector «cresce su­ces­si­va­mente desde 2013», «vive uma si­tu­ação ex­ce­lente, com o au­mento enorme de hós­pedes e dor­midas» e o cres­ci­mento dos pro­veitos, a par da su­bida dos preços. No en­tanto, «os sa­lá­rios são muito baixos» e «não são ac­tu­a­li­zados desde 2011», ex­cepto em al­guns ho­téis e res­tau­rantes onde se fez sentir «a pressão sin­dical e dos tra­ba­lha­dores».
Com a des­cida do IVA, de 23 para 13 por cento, «os preços não re­du­ziram, pelo con­trário con­ti­nuam a subir», afir­mando o sin­di­cato que «há es­pe­cu­lação nos preços do alo­ja­mento e res­tau­ração», en­quanto «o pouco em­prego que está a ser criado é pre­cário». A re­dução do IVA não me­lhora se­quer «a pre­ca­ri­e­dade e a forte ex­plo­ração do tra­balho», man­tendo uma si­tu­ação que o sin­di­cato des­creve com jor­nadas de tra­balho de 10 e 12 horas, sem pa­ga­mento do tra­balho su­ple­mentar; tra­balho não de­cla­rado e vi­o­lação dos di­reitos, sem o de­vido com­bate das au­to­ri­dades fis­ca­li­za­doras.
Num co­mu­ni­cado que o sin­di­cato editou para dis­tri­buir aos tra­ba­lha­dores, des­creve-se o con­texto la­boral, des­ta­cando os ní­veis muito altos de tra­balho pre­cário, dei­xando «in­di­ca­ções para que nos ajudes a com­bater com efi­cácia a tua pró­pria pre­ca­ri­e­dade».

An­te­ontem, dia 2, o Sin­di­cato da Ho­te­laria, Res­tau­ração e Si­mi­lares do Norte re­velou que numa se­mana foram re­co­lhidas cerca de 600 as­si­na­turas para o abaixo-as­si­nado que em Se­tembro vai en­tregar à as­so­ci­ação pa­tronal Aphort, rei­vin­di­cando au­mentos sa­la­riais. O ba­lanço foi apre­sen­tado aos jor­na­listas du­rante uma con­cen­tração junto ao Porto Pa­lácio, hotel de cinco es­trelas da Sonae Tu­rismo. «É a se­gunda se­mana con­se­cu­tiva que fa­zemos estas ac­ções de luta, todos os dias o sin­di­cato vai para as portas das em­presas, dos ho­téis, dos res­tau­rantes, dos cafés, e a adesão dos cli­entes ao abaixo-as­si­nado por me­lhores sa­lá­rios tem sido grande», disse um di­ri­gente do sin­di­cato à agência Lusa. Fran­cisco Fi­guei­redo adi­antou que a luta iria pros­se­guir, na quarta-feira, no hotel Bessa, e hoje e amanhã, em Viana do Cas­telo e Braga», porque «é ina­cei­tável que os ho­téis te­nham preços equi­pa­rados às prin­ci­pais ci­dades eu­ro­peias, con­ti­nu­ando a pra­ticar sa­lá­rios muito baixos».
Desde 26 de Julho, o sin­di­cato já pro­moveu ini­ci­a­tivas pú­blicas junto de ho­téis do Grupo Fénix e de es­ta­be­le­ci­mentos de res­tau­ração na Praça da Li­ber­dade, frente ao hotel Tryp e na Rua Sam­paio Bruno (cafés Em­bai­xador e Ma­du­reiras, entre ou­tros), na Praça da Ba­talha e na Praça da Ri­beira, e frente ao Grande Hotel e ao Hotel Nave.

Por trás dos sor­risos

Frente à en­trada prin­cipal do Corte In­glés, em Lisboa, es­ti­veram este sá­bado, dia 30, di­ri­gentes e ac­ti­vistas do Sin­di­cato do Co­mércio, Es­cri­tó­rios e Ser­viços (CESP/​CGTP-IN), a es­cla­recer os cli­entes sobre as con­di­ções de tra­balho na­quele centro co­mer­cial. «Muitos dos tra­ba­lha­dores que, di­a­ri­a­mente, dão sor­risos e vos prestam ser­viço são pres­si­o­nados, dis­cri­mi­nados e tra­ba­lham num am­bi­ente de terror psi­co­ló­gico», afirma-se no fo­lheto que ali foi dis­tri­buído. O sin­di­cato re­fere «pro­cessos dis­ci­pli­nares abu­sivos», abusos na or­ga­ni­zação do ho­rário de tra­balho e não pa­ga­mento do tra­balho que todos os dias é feito de­pois da hora de saída, au­mento sa­la­rial «in­su­fi­ci­ente e só para al­guns», o sub­sídio de re­feição em valor inal­te­rado desde a aber­tura da loja, há 15 anos.
Em reu­niões com a em­presa, o CESP tem pro­cu­rado me­lhorar as con­di­ções de la­bo­ração, mas «du­rante estas reu­niões cada vez mais se nota o des­res­peito de El Corte In­glés pela vida dos seus tra­ba­lha­dores». O grupo es­pa­nhol «tem du­pli­cado os lu­cros» de mi­lhões de euros em Por­tugal.
Estes pro­blemas são também re­fe­ridos num co­mu­ni­cado aos tra­ba­lha­dores, sobre a úl­tima reu­nião de ne­go­ci­ação do ca­derno rei­vin­di­ca­tivo. «O mo­mento não pode ser de re­sig­nação» e «os tra­ba­lha­dores têm de se unir e lutar por aquilo que é justo»: «um me­lhor sa­lário, me­lhores con­di­ções de tra­balho».
O CESP tinha, re­cen­te­mente, exi­gido o cum­pri­mento dos di­reitos e a va­lo­ri­zação sa­la­rial dos tra­ba­lha­dores que tra­ba­lham no El Corte In­glés, com con­tratos tem­po­rá­rios, através da Fle­xi­plan (Grupo Eulen). Des­tacou o sin­di­cato, na «folha in­for­ma­tiva» que editou para o pes­soal desta pres­ta­dora de ser­viços, al­guns re­sul­tados al­can­çados após ter sus­ci­tado a in­ter­venção da Au­to­ri­dade para as Con­di­ções do Tra­balho, de­sig­na­da­mente um acrés­cimo re­mu­ne­ra­tório de 16 por cento, pela la­bo­ração ao do­mingo, e con­si­derar o in­ter­valo de meia hora para re­feição como parte do ho­rário de tra­balho.

In­só­litos do LIDL

An­te­ontem, o CESP acusou a ca­deia alemã LIDL de manter «prá­ticas abu­sivas de gestão dos re­cursos hu­manos».
«Os tra­ba­lha­dores são pres­si­o­nados para re­duzir as suas cargas ho­rá­rias se­ma­nais e, por con­se­guinte, o sa­lário», só que «de­pois são obri­gados a tra­ba­lhar as mesmas ou mais horas, mas desta vez sem qual­quer re­mu­ne­ração». Su­cede até que «um tra­ba­lhador, con­tra­tado ini­ci­al­mente para fazer 40 horas se­ma­nais, foi pres­si­o­nado para re­duzir para 30 ou 28 horas se­ma­nais, de­pois é obri­gado a per­ma­necer ao ser­viço para além do seu ho­rário de tra­balho, sem re­ceber, e no fim ainda fica a dever horas ao pa­trão», pro­testa o sin­di­cato, numa nota que en­viou à co­mu­ni­cação so­cial.
O CESP re­velou ainda outro in­só­lito pro­ce­di­mento do LIDL em Por­tugal: con­voca chefes de loja para um «exame», pro­me­tendo um carro de ser­viço se pas­sarem, mas o mais fre­quente é serem re­pro­vados, cha­mados ao di­rector de zona e con­fron­tarem-se com a es­colha entre a de­missão ou a re­dução de ca­te­goria e sa­lário. Isto su­cede em «dis­tritos in­teiros», com «todas as che­fias de loja» e «nin­guém sabe porquê», afirma o sin­di­cato.

 



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