Patrões da hotelaria reagem mal

No Porto, em Viana do Castelo e em Braga, as iniciativas públicas do Sindicato da Hotelaria do Norte, para denunciar a precariedade e os baixos salários, que não são aumentados há cinco anos, mereceu compreensão e apoio da generalidade das pessoas, mas os patrões de hotéis e restaurantes não gostaram de ter o protesto à porta dos estabelecimentos.
O sindicato da Fesaht/CGTP-IN referiu alguns episódios, no relato dos últimos três dias da semana passada.

Na quarta-feira, dia 3, «logo pouco depois de montarmos a tenda, pelas 8 horas, a direcção do Bessa Porto Hotel veio cá fora “pedir” para nos afastarmos da porta e não incomodar os clientes, mas não foi sem resposta». Na sua página na rede social Facebook, o sindicato reproduz o que os seus dirigentes retorquiram: «Os sindicalistas são profissionais de hotelaria, estão habituados a receber muito bem os clientes. Incomodados ficam os clientes, quando tomam conhecimento de que a empresa paga salários de miséria e não dá aumentos salariais há cinco anos. Sobre aumento dos salários e as condições de trabalho no hotel, o subdirector não quis conversa».

Os patrões dos restaurantes do cais de Gaia «ficaram muito incomodados com a nossa presença», de tarde, e «tentaram impedir a nossa actividade, recorrendo inclusive à força, e chamaram a administração do centro comercial e esta a PSP», que não compareceu, mas veio a Polícia Municipal, que «também tentou intimidar os sindicalistas», sem sucesso. Foi aqui que um cliente de um restaurante, de nacionalidade francesa, «assistiu à discussão com o patrão que nos quis expulsar» e, «depois de almoçar, veio à banca oferecer um donativo de 20 euros para subsidiar a luta, que nós recusámos gentilmente, mas assinou o abaixo-assinado, manifestando assim a sua solidariedade». O sindicato regista que «muitos outros clientes, de várias nacionalidades, também se dirigiram à banca para assinar».

Em Viana do Castelo, no dia 4, quinta-feira, a acção do sindicato, em pleno centro histórico (e adiada para a tarde, devido à chuva durante a manhã, como noticiou a Rádio Alto Minho) «foi muito bem recebida pelos clientes e demais população, que subscreveu o abaixo-assinado em força». Pelo contrário, «alguns patrões dos restaurantes, cafés e pastelarias reagiram muito mal à nossa presença». «Os patrões pagam salários baixos, obrigam os trabalhadores a fazerem 10 e 12 horas diárias e não pagam trabalho suplementar, negam carreiras, diuturnidades e outros direitos da contratação colectiva, mas ficam incomodados quando alguém lhes diz a verdade na cara», comentou o sindicato.

No dia 5, sexta-feira, também a população de Braga reagiu bem à banca sindical e «até a sócia n.º 1 do SC Braga fez questão de dar força à luta dos trabalhadores por melhores salários». Já «a directora do Hotel Mercure, que é também directora da associação patronal APHORT, não gostou nada da nossa presença e veio pedir que nos afastássemos da porta», mas «não lhe fizemos a vontade», tal como «a APHORT também não nos fez a vontade e negou aumentos salariais aos trabalhadores».

Note-se que, instado pela agência Lusa a comentar as críticas sindicais, o presidente da Turismo do Porto e Norte de Portugal reconheceu, no dia 2, que «precariedade e pouca formação podem ter impacte negativo na oferta da região».

 



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