Acordo de paz entre FARC-EP e governo

Armas calam-se na Colômbia

As Forças Ar­madas Re­vo­lu­ci­o­ná­rias da Colômbia – Exér­cito do Povo (FARC-EP) e o go­verno co­lom­biano as­si­naram o acordo de paz que visa pôr fim a 52 anos de con­fronto ar­mado. O acordo será ple­bis­ci­tado a 2 de Ou­tubro, em re­fe­rendo po­pular.

 

Acordo de paz é re­fe­ren­dado no do­mingo, 2 de Ou­tubro

O líder das FARC-EP, Ro­drigo Lon­doño Eche­verri («Ti­mo­chenko»), e o pre­si­dente da Colômbia, Juan Ma­nuel Santos, as­si­naram no dia 26, em Car­ta­gena das Índias, o acordo de paz para acabar com um con­flito ar­mado de mais de meio sé­culo.

Tes­te­mu­nhando o apoio in­ter­na­ci­onal ao pro­cesso, as­sis­tiram à as­si­na­tura do Acordo Final para o Termo do Con­flito e a Cons­trução de uma Paz Es­tável, além de di­ri­gentes das FARC-EP e go­ver­nantes de Bo­gotá, chefes de Es­tado la­tino-ame­ri­canos, di­plo­matas, ou­tros dig­ni­tá­rios es­tran­geiros e res­pon­sá­veis de or­ga­ni­za­ções in­ter­na­ci­o­nais, como o se­cre­tário-geral das Na­ções Unidas, Ban Ki-moon. Entre os 14 chefes de Es­tado pre­sentes, des­taque para Raúl Castro, de Cuba, Ni­colás Ma­duro, da Ve­ne­zuela, Evo Mo­rales, da Bo­lívia, e Ra­fael Correa, do Equador.

A ce­ri­mónia, na his­tó­rica ci­dade co­lom­biana, com 2500 con­vi­dados, co­meçou com um mi­nuto de si­lêncio pelas ví­timas do con­flito – 260 mil mortos, 50 mil de­sa­pa­re­cidos e sete mi­lhões de des­lo­cados.

As duas partes anun­ci­aram a 24 de Agosto a con­clusão das ne­go­ci­a­ções de mais de quatro anos, em Ha­vana. No dia se­guinte, o texto do acordo, com 297 pá­ginas, foi en­tregue ao Con­gresso da Colômbia, para que os par­la­men­tares o co­nhe­cessem e o di­vul­gassem.

Caso o acordo seja re­fe­ren­dado pelos co­lom­bi­anos, no ple­bis­cito do pró­ximo do­mingo, 2, está pre­visto um pro­grama ca­len­da­ri­zado, de 180 dias, para en­trega das armas da guer­rilha às Na­ções Unidas, que acom­pa­nhará o cessar-fogo bi­la­teral.

Todos pela paz

No acto de as­si­na­tura da paz, em Car­ta­gena das Índias, o líder das FARC-EP, co­nhe­cido entre os guer­ri­lheiros por «Ti­mo­chenko», re­alçou a co­ragem po­lí­tica do pre­si­dente Juan Ma­nuel Santos ao longo do pro­cesso de paz e a in­fluência do fa­le­cido pre­si­dente ve­ne­zu­e­lano Hugo Chávez no co­meço do diá­logo. E elo­giou o papel e a im­por­tância de Cuba, Ve­ne­zuela, Chile e No­ruega nas ne­go­ci­a­ções.

«As mi­nhas pri­meiras pa­la­vras após a as­si­na­tura deste acordo são di­ri­gidas ao povo da Colômbia que nunca perdeu a es­pe­rança de cons­truir a pá­tria do fu­turo, onde as novas ge­ra­ções possam viver em paz, de­mo­cracia, dig­ni­dade, por sé­culos e sé­culos», afirmou. Ga­rantiu que as FARC-EP vão cum­prir o acor­dado, ma­ni­fes­tando a es­pe­rança de que o go­verno co­lom­biano também cumpra o es­ta­be­le­cido no do­cu­mento as­si­nado. E ter­minou pe­dindo perdão, em nome das FARC-EP, a todas as ví­timas do con­flito.

O pre­si­dente Juan Ma­nuel Santos con­si­derou a as­si­na­tura do acordo um novo ho­ri­zonte que ne­ces­sita do apoio de todos os ci­da­dãos para con­quistar a paz es­tável e du­ra­doura que o país me­rece. «Não mais guerra, não mais guerra que nos deixou cen­tenas de mi­lhares de mortos, fe­ridos e des­lo­cados, que nos deixou fe­ridas que temos de co­meçar a sarar (…) Não mais vi­o­lência que se­meou atraso, po­breza e de­si­gual­dade no campo e nas ci­dades (…) Este é o clamor da Colômbia e esta é a de­cisão da Colômbia», disse. E apelou ao apoio dos co­lom­bi­anos à paz, no ple­bis­cito do pró­ximo do­mingo: «Com o seu voto, cada co­lom­biano terá um poder imenso, o poder de salvar vidas».

Se a paz ficar de­fi­ni­ti­va­mente es­ta­be­le­cida na Colômbia, as FARC-EP, que reu­niram há dias uma con­fe­rência em que as bases guer­ri­lheiras apro­varam o acordo, de­verão trans­formar-se num mo­vi­mento po­lí­tico, pros­se­guindo por ou­tros meios a sua longa luta pela re­con­ci­li­ação na­ci­onal, jus­tiça so­cial e de­mo­cracia avan­çada.

 



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