Encontro Nacional do PCP define intervenção para as eleições autárquicas
AUTÁRQUICAS A Aula Magna da Universidade de Lisboa encheu-se, sábado, 8, para o Encontro Nacional do PCP sobre as Eleições para as Autarquias Locais. Vindos de todo o País, 1700 militantes comunistas debateram questões tão variadas e fundamentais como os objectivos políticos e eleitorais, a conjuntura em que as eleições terão lugar, a intervenção em maioria e em minoria, a acção das autarquias geridas pela CDU e o carácter amplamente unitário da coligação.
A CDU é mais do que a soma aritmética do PCP e do PEV
«Trabalho, honestidade, competência» lia-se em grandes letras na tela que se erguia sobre a tribuna do encontro, onde se encontravam, entre outros, os membros dos organismos executivos do Comité Central do PCP. Logo em baixo deste, que mais do que um lema representa uma forma de estar na política, estavam os símbolos dos partidos que compõem a CDU: o Partido Comunista Português e o Partido Ecologista «Os Verdes».
Mas a sigla PCP-PEV, sendo a que constará nos boletins de voto no próximo dia 1 de Outubro, não abarca toda a amplitude da coligação, sobretudo numas eleições autárquicas: para além da Associação Intervenção Democrática, parceira firme e constante de comunistas e ecologistas, serão muitos milhares os independentes que uma vez mais darão corpo às listas e à campanha da CDU.
Muito embora o encontro da Aula Magna tenha sido do PCP, em várias intervenções – e desde logo a de Jorge Cordeiro, do Secretariado e da Comissão Política, a abrir, e a de Jerónimo de Sousa, no encerramento – fez-se a defesa e afirmação do carácter amplo e unitário da coligação. O mesmo fizeram João Vicente, da ID, e Manuela Cunha, do PEV, nas saudações que da tribuna do encontro transmitiram aos comunistas (ver excertos nas seguintes páginas).
É com toda esta abrangência unitária que a CDU se propõe a concorrer a todos os órgãos municipais e ao maior número possível de freguesias. Esta última questão é importantíssima, pois como se referiu no encontro, muito embora em 2013 a coligação PCP-PEV não tenha conseguido apresentar listas a todas as freguesias, ela alcançou mais 40 mil votos do que para as câmaras municipais. Ou seja, quanto mais listas da CDU houver às freguesias maior o número de pessoas com a possibilidade de votar no seu projecto e nos seus candidatos.
Projecto ímpar
Ao longo de um intenso dia de debate os participantes no Encontro Nacional do PCP abordaram as diversas questões relacionadas com as eleições autárquicas e a campanha eleitoral; com o poder local democrático, suas potencialidades e bloqueios; com a actual situação do País e o que nela pode influir o resultado das eleições; com os vectores essenciais do projecto e da acção dos comunistas e dos seus aliados nas autarquias.
O mote foi dado logo na primeira intervenção do dia por Jorge Cordeiro, que anunciou os objectivos do encontro: «Ao longo deste dia por aqui passarão os elementos de intervenção política que necessária e indispensavelmente contribuirão para confirmar a CDU como a grande força de esquerda no poder local», ao mesmo tempo que ali estariam presentes «o valor e importância do poder local democrático enquanto conquista de Abril» e a contribuição decisiva do PCP na afirmação e construção da sua dimensão democrática, participada, representativa e colegial e na defesa da sua autonomia.
Razão tinha também o dirigente comunista quando previu o que o encontro não seria: um «exercício proclamatório», um «inventário contabilístico de resultados antecipados» ou um «desfilar de candidatos mais ou menos mediáticos». De facto, pela tribuna passaram dirigentes nacionais, regionais e locais do Partido, eleitos nos mais variados órgãos do poder local e com diversas responsabilidades, trabalhadores de municípios e juntas de freguesia, dirigentes sindicais e especialistas em várias áreas; todos deram o seu contributo para que o encontro fosse um momento alto do debate e da reflexão do colectivo partidário comunista sobre as eleições do próximo dia 1 de Outubro, o poder local democrático e a situação política, económica e social do País.
Construir a alternativa
Sendo eleições para definir a composição de câmaras e assembleias municipais e juntas de freguesia, com especificidades próprias e dinâmicas locais, as autárquicas de 1 de Outubro não deixarão de ter implicações nacionais – nas possibilidades que abrem ao reforço do Partido e da sua implantação local; na mobilização das populações para a luta pelos seus direitos; na afirmação de um projecto político sem paralelo, de progresso e emancipação.
Esta vertente não passou à margem do encontro, não só nas intervenções de abertura e encerramento e na Resolução aprovada (ver páginas 16 e 17), como em muitas outras contribuições, partilhadas pelos vários participantes. Muitos foram os testemunhos relativos ao papel decisivo das autarquias geridas pela CDU, ou o dos seus eleitos em minoria, em dar voz às populações, promover a sua unidade e organização e apoiar a sua luta reivindicativa. Também pelo papel destacado que reconhece, na definição e concretização do seu projecto autárquico, aos trabalhadores das autarquias e às suas organizações representativas, a CDU diferencia-se de todas as outras forças políticas no plano nacional.
Do encontro sobressaiu ainda a certeza de que quaisquer que sejam os resultados alcançados no dia 1 de Outubro, no dia seguinte os comunistas, os ecologistas e os democratas sem partido que compõem a CDU estarão, como sempre estiveram, na linha da frente da luta pela defesa, reposição e conquista de direitos. E mais fortes estarão quanto melhores forem os resultados.