Crise fez alastrar pobreza infantil nos países ricos

PO­BREZA A crise e as po­lí­ticas anti-so­ciais que se se­guiram pro­vo­caram um au­mento da po­breza in­fantil na Eu­ropa na ordem dos dois terços.

A re­dução dos apoios so­ciais às fa­mí­lias agravou a po­breza in­fantil

Se­gundo um re­la­tório da Unicef, di­vul­gado dia 13, o au­mento da po­breza in­fantil ao longo da úl­tima dé­cada foi su­pe­rior a 15 pontos per­cen­tuais no Chipre, na Is­lândia e na Grécia, si­tu­ando-se entre sete e nove pontos per­cen­tuais na Hun­gria, Itália e Es­panha.

O es­tudo «Cri­anças da aus­te­ri­dade: O im­pacto da Grande Re­cessão na po­breza in­fantil em países ricos», da res­pon­sa­bi­li­dade do Centro de In­ves­ti­gação – In­no­centi da UNICEF, em co­la­bo­ração com 16 ins­ti­tui­ções de in­ves­ti­gação in­ter­na­ci­o­nais, dá conta dos efeitos da crise e das res­pec­tivas res­postas po­lí­ticas dos go­vernos nas cri­anças em países de ren­di­mento ele­vado.

Com base num quadro com­pa­ra­tivo re­la­tivo aos 41 países da OCDE e da UE e uma aná­lise de­ta­lhada sobre 11 países, os au­tores con­cluem que «nos países ricos, muitas cri­anças foram gra­ve­mente afec­tadas pela crise eco­nó­mica global, tendo a po­breza in­fantil au­men­tado em muitos países, com­pa­ra­ti­va­mente aos ní­veis pré-crise».

Os gastos pú­blicos di­rec­ci­o­nados às fa­mí­lias e às cri­anças na Eu­ropa «bai­xaram quando eram mais ne­ces­sá­rios. Ne­nhum país eu­ropeu au­mentou os gastos em be­ne­fí­cios para as fa­mí­lias e dois terços re­du­ziram as des­pesas per ca­pita».

Na área da Saúde, as «ne­ces­si­dades não sa­tis­feitas» au­men­taram sig­ni­fi­ca­ti­va­mente nos agre­gados fa­mi­li­ares mais po­bres em todos os países da amostra, e em par­ti­cular, na Grécia e em Es­panha.

A crise e a aus­te­ri­dade acen­tu­aram, por outro lado, grandes dis­pa­ri­dades entre re­giões. «A po­breza in­fantil au­mentou 20 por cento no Norte de Itália e 50 por cento no Sul do país entre 2008 e 2014; no Reino Unido, a taxa de po­breza in­fantil na Ir­landa do Norte subiu de 23 para 27 por cento.

«Pro­teger o ren­di­mento fa­mi­liar em tempo de re­cessão é es­sen­cial para com­bater a po­breza in­fantil, mas por si só não chega. As cri­anças são também du­ra­mente afec­tadas quando há cortes nos gastos com es­colas e equi­pa­mentos de saúde, e quando os pais não con­se­guem aceder a ser­viços es­sen­ciais, como os cui­dados in­fantis», ob­servou em co­mu­ni­cado Ye­ka­te­rina Chzhen, co­e­di­tora da pu­bli­cação e au­tora prin­cipal do ca­pí­tulo com­pa­ra­tivo.

«A men­sagem desta pu­bli­cação é que, para pro­teger as cri­anças em tempos bons e em tempos maus, os go­vernos devem dar pri­o­ri­dade a uma con­ju­gação de apoios uni­ver­sais em termos de ren­di­mentos», pro­por­ci­o­nando acesso à saúde e edu­cação «aos que mais pre­cisam».

Este es­tudo sobre os efeitos da crise e as res­postas dos go­vernos é o pri­meiro re­a­li­zado a nível in­ter­na­ci­onal que co­loca o en­foque nas cri­anças nos países ricos.




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