A guerra e a paz são expressão da luta de classes

Vozes ao alto pela paz contra o imperialismo

VITÓRIA A sessão «Pela Paz, Ami­zade e Co­o­pe­ração entre os Povos», re­a­li­zada an­te­ontem à noite no Seixal, evi­den­ciou um dos ob­jec­tivos cen­trais da luta dos co­mu­nistas – a luta pela paz, contra o im­pe­ri­a­lismo –, hoje mais ac­tual e ur­gente do que nunca.

O PCP es­co­lheu o dia 9 de Maio, no qual se as­si­nala a vi­tória sobre o nazi-fas­cismo, para, no âm­bito das co­me­mo­ra­ções do cen­te­nário da Re­vo­lução de Ou­tubro, abordar as ques­tões da luta pela paz e dos prin­cí­pios da so­be­rania e igual­dade que, se­gundo os co­mu­nistas, devem reger as re­la­ções entre es­tados. Estas foram, a par da so­li­da­ri­e­dade à luta e re­sis­tência dos povos ao im­pe­ri­a­lismo, as di­men­sões va­lo­ri­zadas na ini­ci­a­tiva, na qual par­ti­ci­param cen­tenas de pes­soas, vindas dos vá­rios con­ce­lhos da Margem Sul do Tejo, e não só, que en­cheram por com­pleto o au­di­tório do Fórum Mu­ni­cipal do Seixal.

Para os co­mu­nistas, a paz, tal como a guerra, está es­trei­ta­mente li­gada à luta de classes. Esta ideia, re­cor­dada no filme com que se ini­ciou a sessão, re­metia para a con­vicção de que a paz se con­quista e se de­fende, ca­bendo aos tra­ba­lha­dores e aos povos, com a sua uni­dade, de­ter­mi­nação e luta, fazê-lo. Os co­mu­nistas, hoje como ao longo do sé­culo XX, têm pe­rante si a de­ci­siva ta­refa de es­ti­mular, or­ga­nizar, alargar e dar sen­tido a esta luta.

Se o ca­pi­ta­lismo, na sua fase im­pe­ri­a­lista, é o ge­rador das guerras que afligem a hu­ma­ni­dade, é o so­ci­a­lismo que «abre a pers­pec­tiva de um mundo de paz, ami­zade e co­o­pe­ração entre os povos», afirmou-se igual­mente no filme trans­mi­tido an­te­ontem à noite. Daí Lé­nine ter dito, o que foi igual­mente re­cor­dado, que a Re­vo­lução So­ci­a­lista de Ou­tubro de 1917 cons­ti­tuía a «pri­meira vi­tória da luta para su­primir as guerras»: os prin­cí­pios da sua po­lí­tica ex­terna, apli­cados desde o pri­meiro dia de poder so­vié­tico e muitos dos quais con­sa­grados no di­reito in­ter­na­ci­onal nas­cido após a vi­tória sobre o nazi-fas­cismo, aí estão a de­monstrá-lo.

Pa­la­vras re­sis­tentes

O Coro Lopes-Graça da Aca­demia dos Ama­dores de Mú­sica, que subiu em se­guida ao palco, in­ter­pretou oito temas, uma canção po­pular e sete He­róicas – estas úl­timas es­critas por al­guns dos mais con­sa­grados po­etas por­tu­gueses e com­postas por Fer­nando Lopes-Graça em me­ados do sé­culo pas­sado. Mas as suas pa­la­vras e me­lo­dias, bem como a com­ba­ti­vi­dade e sen­si­bi­li­dade que delas emanam, são já in­tem­po­rais, co­lo­cando as Can­ções He­róicas, jus­ta­mente, na ga­leria das grandes can­tigas de com­bate pelas mais justas e em­pol­gantes causas da Hu­ma­ni­dade: a paz, a li­ber­dade, o pro­gresso, a jus­tiça so­cial, a cul­tura. Estas causas, como um dia afirmou Álvaro Cu­nhal, são também in­ven­cí­veis.

Tal como na dura luta contra o fas­cismo, a que Lopes-Graça e o seu coro tanto deram, também hoje, nas ba­ta­lhas em que se forja o fu­turo, é ne­ces­sária a de­ter­mi­nação ex­pressa no poema «Com­bate», da au­toria de Jo­a­quim Na­mo­rado: «Guerras per­didas e ga­nhas/ Mar­caram o nosso corpo/ Mas nunca em nós foi ven­cida/ Esta cer­teza sa­bida/ De saber aonde vamos.» Sempre com as «vozes ao alto» e «unidos como os dedos da mão», como José Gomes Fer­reira des­creveu na sua «Jor­nada».

Em se­guida, os can­tores Sa­muel e Ja­nita Sa­lomé, os pi­a­nistas Nuno Ta­vares e Fi­lipe Ra­poso, a ac­triz Luísa Or­ti­goso e o es­critor Do­mingos Lobo deram voz, através da mú­sica e da po­esia, às as­pi­ra­ções mais pro­fundas dos tra­ba­lha­dores e dos povos do mundo e às lutas que travam pela sua efec­ti­vação e de­fesa: a so­li­da­ri­e­dade aos povos que se batem pela sua eman­ci­pação e so­be­rania, a exi­gência de dis­so­lução da NATO e do fim das armas nu­cle­ares, a luta contra a guerra foram des­ta­cadas em po­emas e can­ções como «Rosa de Hi­ro­xima», «Me­nina dos Olhos Tristes», «Lá­grima de Preta», «Utopia», «Pe­queña Se­re­nata Diurna» ou «Pra não Dizer que não Falei de Flores», esta úl­tima de Ge­raldo Vandré, que im­pele à acção e à luta: «Vem, vamos em­bora, que es­perar não é saber/ Quem sabe faz a hora, não es­pera acon­tecer.»

Luta e re­sis­tência

E foi pre­ci­sa­mente pe­rante uma sala re­pleta de muitos da­queles que «fazem a hora», na luta de todos os dias, que Je­ró­nimo de Sousa re­a­firmou o com­pro­misso dos co­mu­nistas por­tu­gueses com o re­forço da luta pela paz e o pro­gresso so­cial. Na sua in­ter­venção, que trans­cre­vemos na ín­tegra nas pá­ginas se­guintes, o Se­cre­tário-geral do Par­tido abordou os pe­rigos co­lo­cados pela ac­tual si­tu­ação in­ter­na­ci­onal, re­al­çando que «é pos­sível re­sistir, conter e mesmo impor re­cuos aos in­tentos de do­mínio do im­pe­ri­a­lismo».

A In­ter­na­ci­onal, can­tada em unís­sono por todos os pre­sentes, foi uma bela e emo­tiva de­mons­tração de que o co­lec­tivo par­ti­dário co­mu­nista está unido e em­pe­nhado em con­tri­buir de­ci­si­va­mente para a causa da paz e da li­ber­dade dos povos.




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